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Capيtulo 1
1. No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judل,
Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio sitiar Jerusalém.
2. O Senhor entregou-lhe Joaquim, rei de Judل, bem como parte dos
objetos do templo, que Nabucodonosor transportou para a terra de Senaar,
para o templo de seu deus: foi na sala do tesouro do templo de seu deus
que ele os colocou.
3. O rei deu ordem ao chefe de seus eunucos, Asfenez, para
trazer-lhe jovens israelitas, oriundos de raça real ou de famيlia nobre,
4. isentos de qualquer tara corporal, bem proporcionados, dotados
de toda espécie de boas qualidades, instruيdos, inteligentes, aptos a
ingressarem (nos serviços do) palلcio real; ser-lhes-ia ensinado a
escrever e a falar a lيngua dos caldeus.
5. O rei destinou-lhes uma provisمo cotidiana, retirada das
iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia. A formaçمo deles devia
durar três anos, apَs o que entrariam a serviço do rei.
6. Entre eles encontravam-se alguns judeus: Daniel, Ananias,
Misael e Azarias.
7. O chefe dos eunucos deu-lhes outros nomes: a Daniel, o de
Baltasar; a Ananias, o de Sidrac; a Misael, o de Misac; e a Azarias, o
de Abdênago.
8. Daniel tomou a resoluçمo de nمo se contaminar com os alimentos
do rei e com seu vinho. Pediu ao chefe dos eunucos para deles se abster.
9. Este, graças a Deus, tomado de benevolência para com Daniel,
atendeu-o de boa vontade,
10. mas disse-lhe: Temo que o rei, meu senhor, que estabeleceu
vossa alimentaçمo e vossa bebida, venha a notar vossas fisionomias mais
abatidas do que as dos outros jovens de vossa idade, e que por vossa
causa eu me exponha a uma repreensمo da parte do rei.
11. Mas Daniel disse ao dispenseiro a quem o chefe dos eunucos
havia confiado o cuidado de Daniel, Ananias, Misael e Azarias:
12. Rogo-te, faze uma experiência de dez dias com teus servos:
que sَ nos sejam dados legumes a comer e لgua a beber.
13. Depois entمo compararلs nossos semblantes com os dos jovens
que se alimentam com as iguarias da mesa real, e farلs com teus servos
segundo o que terلs observado.
14. O dispenseiro concordou com essa proposta e os submeteu à
prova durante dez dias.
15. No final deste prazo, averiguou-se que tinham melhor
aparência e estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das
iguarias da mesa real.
16. Em conseqüência disso o dispenseiro retirava os alimentos e o
vinho que lhes eram destinados, e mandava servir-lhes legumes.
17. A esses quatro jovens, Deus concedeu talento e saber no
domيnio das letras e das ciências. Daniel era particularmente entendido
na interpretaçمo de visُes e sonhos.
18. Ao fim do prazo fixado pelo rei para a apresentaçمo, o chefe
dos eunucos introduziu-os na presença de Nabucodonosor,
19. o qual palestrou com eles. Entre todos os jovens nenhum houve
que se comparasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Por isso entraram
eles a serviço do rei.
20. Em qualquer negَcio que necessitasse de sabedoria e sutileza,
e que o rei os consultasse, este achava-os dez vezes superiores a todos
os escribas e mلgicos do reino.
21. (Assim) viveu Daniel até o primeiro ano do reinado de Ciro.
Capيtulo 2
1. No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos que
lhe perturbaram a tal ponto o espيrito, que perdeu o sono.
2. Mandou chamar os escribas, os mلgicos, os feiticeiros e os
caldeus para lhe fazerem a interpretaçمo. Estes vieram apresentar-se
diante do rei.
3. Tive um sonho, disse-lhes, e meu espيrito se consome à procura
do significado.
4. Os caldeus responderam ao rei (em lيngua aramaica): Senhor,
longa vida ao rei! Narra teu sonho para que teus servos dêem a
interpretaçمo.
5. O rei disse aos caldeus: para mim é coisa decidida: se nمo me
explicardes o conteْdo do sonho bem como sua significaçمo, sereis
estraçalhados e vossas casas reduzidas a um montمo de imundيcies.
6. Mas se me revelardes tanto o conteْdo quanto a significaçمo do
sonho, recebereis de mim donativos, presentes e grandes testemunhos de
honra. Portanto, dizei-me meu sonho e o que ele significa.
7. De novo responderam: Que o rei narre o sonho a seus servos e
nَs faremos a interpretaçمo.
8. Sei agora perfeitamente, continou o rei, que procurais ganhar
tempo, porque sabeis que estou bem decidido
9. a aplicar-vos a dita sentença, se nمo me revelardes o conteْdo
de meu sonho. Estais combinados a mentir-me e a enganar-me, esperando
que as circunstâncias mudem. Vamos, dizei-me o que sonhei e eu saberei
se sois capazes de dar a interpretaçمo.
10. Os caldeus deram ao rei esta resposta: Nمo hل homem algum
sobre a terra que possa fazer o que exige o rei. E, de fato, jamais rei
algum, por maior e mais poderoso que tenha sido, pediu tamanha coisa a
um escriba, mلgico ou caldeu.
11. A questمo proposta pelo rei é difيcil e ninguém poderia dar a
soluçمo ao rei, a nمo ser os deuses que estمo excluيdos do trato com os
seres carnais.
12. Com isso, o rei encolerizou-se e, na sua fْria, deu ordem
para matarem todos os sلbios de Babilônia.
13. A sentença foi publicada e o massacre dos sلbios começou.
Procuravam Daniel e seus comapanheiros para matل-los,
14. quando este dirigiu a Arioc, chefe da guarda do rei, que
havia saيdo para executar todos os sلbios babilônios, palavras cheias de
prudência e sabedoria:
15. Por que, perguntou-lhe, uma sentença tمo severa da parte do
rei? Arioc expôs-lhe o assunto,
16. e logo Daniel decidiu-se ir ao rei, para pedir-lhe a
concessمo de uma prorrogaçمo: daria entمo ao rei a interpretaçمo (pedida).
17. Logo que voltou do rei, Daniel pôs a par do assunto seus
companheiros Ananias, Misael e Azarias.
18. Pediu-lhes para implorarem a misericَrdia do Deus dos céus a
respeito desse enigma, a fim de que nمo matassem Daniel e seus
companheiros com o resto de Babilônia.
19. O mistério foi entمo revelado a Daniel numa visمo noturna.
Pelo que, bendizendo o Deus dos céus,
20. Daniel expressou-se como segue: Bendito seja o nome de Deus
de eternidade em eternidade, porque a ele pertencem a sabedoria e o
poder!
21. ة ele quem faz mudar os tempos e as circunstâncias; é ele
quem depُe os reis e os enaltece; é ele quem dل sabedoria aos sلbios e
talento aos inteligentes.
22. ة ele quem revela os profundos e secretos mistérios, quem
conhece o que estل mergulhado nas trevas, junto ao qual habita a luz.
23. س Deus de meus pais, eu vos exalto e vos louvo, porque vَs me
destes a prudência e a força, e porque vَs nos manifestastes o que vos
pedimos, revelando-nos o sonho do rei.
24. Depois disso, Daniel foi procurar Arioc, a quem o rei tinha
incumbido do massacre dos sلbios de Babilônia. E falou-lhe assim: Nمo
mandes matar os sلbios de Babilônia. Introduze-me à presença do rei para
que eu lhe dê a explicaçمo.
25. Arioc apressou-se em conduzir Daniel junto ao rei,
dizendo-lhe: Achei, entre os deportados da Judéia, um homem que darل ao
rei a explicaçمo desejada.
26. O rei dirigiu a palavra a Daniel (que tinha o cognome de
Baltazar): ةs realmente capaz, disse-lhe, de desvendar-me o sonho que
tive e fornecer-me a interpretaçمo?
27. O mistério cuja revelaçمo o rei pede, respondeu Daniel ao rei,
nem os sلbios, nem os mلgicos, nem os feiticeiros, nem os astrَlogos sمo
capazes de revelar-lhos.
28. Mas no céu existe um Deus que desvenda os mistérios, o qual
quis revelar ao rei Nabucodonosor o que deve suceder no decorrer dos
tempos. Eis, portanto, teu sonho e as visُes que se apresentaram a teu
espيrito quando estavas em teu leito.
29. Senhor, os pensamentos que vieram ao teu espيrito, enquanto
estavas em teu leito, sمo previsُes do futuro: aquele que revela os
mistérios mostrou-te o futuro.
30. Quanto a mim, se esse mistério me foi desvendado, nمo é que
haja mais sabedoria em mim do que nos outros homens, mas para eu dar ao
rei a interpretaçمo, a fim de que se faça luz nos pensamentos do teu
coraçمo.
31. Senhor: contemplavas, e eis que uma grande, uma enorme
estلtua erguia-se diante de ti; era de um magnيfico esplendor, mas de
aspecto aterrador.
32. Sua cabeça era de fino ouro, seu peito e braços de prata, seu
ventre e quadris de bronze,
33. suas pernas de ferro, seus pés metade de ferro e metade de
barro.
34. Contemplavas (essa estلtua) quando uma pedra se descolou da
montanha, sem intervençمo de mمo alguma, veio bater nos pés, que eram de
ferro e barro, e os triturou.
35. Entمo o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram com
a mesma pancada reduzidos a migalhas, e, como a palha que voa da eira
durante o verمo, foram levados pelo vento sem deixar traço algum,
enquanto que a pedra que havia batido na estلtua tornou-se uma alta
montanha, ocupando toda a regiمo.
36. Eis o sonho. Agora vamos dar ao rei a interpretaçمo.
37. Senhor: tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu
realeza, poder, força e glَria;
38. a quem ele deu o domيnio, onde quer que habitem, sobre os
homens, os animais terrestres e os pلssaros do céu, tu és a cabeça de
ouro.
39. Depois de ti surgirل um outro reino menor que o teu, depois
um terceiro reino, o de bronze, que dominarل toda a terra.
40. Um quarto reino serل forte como o ferro: do mesmo modo que o
ferro esmaga e tritura tudo, da mesma maneira ele esmagarل e pulverizarل
todos os outros.
41. Os pés e os dedos, parte de terra argilosa de modelar, parte
de ferro, indicam que esse reino serل dividido: haverل nele algo da
solidez do ferro, jل que viste ferro misturado ao barro.
42. Mas os dedos, metade de ferro e metade de barro, mostram que
esse reino serل ao mesmo tempo sَlido e frلgil.
43. Se viste o ferro misturado ao barro, é que as duas partes se
aliarمo por casamentos, sem porém se fundirem inteiramente, tal como o
ferro que nمo se amalgama com o barro.
44. No tempo desses reis, o Deus dos céus suscitarل um reino que
jamais serل destruيdo e cuja soberania jamais passarل a outro povo:
destruirل e aniquilarل todos os outros, enquanto que ele subsistirل
eternamente.
45. Foi o que pudeste ver na pedra deslocando-se da montanha sem
a intervençمo de mمo alguma, e reduzindo a migalhas o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. Deus, que é grande, dل a conhecer ao rei a
sucessمo dos acontecimentos. O sonho é bem exato, e sua interpretaçمo é
digna de fé.
46. Nesse instante, o rei Nabucodonosor atirou-se de rosto em
terra, prostrado diante de Daniel; depois ordenou que lhe fossem
oferecidos oblaçُes e perfumes.
47. Dirigindo-se a Daniel, disse o rei: Vosso Deus é
verdadeiramente o Deus dos deuses, o Senhor dos reis; é também o
revelador dos mistérios, jل que pudeste revelar este.
48. O rei elevou Daniel em dignidade, deu-lhe numerosos e ricos
presentes; constituiu-o governador de toda a provيncia de Babilônia e o
tornou chefe supremo de todos os sلbios de Babilônia.
49. Daniel pediu ao rei e confiou a Sidrac, Misac e Abdênago a
administraçمo da provيncia de Babilônia. E Daniel permaneceu na corte
real.
Capيtulo 3
1. O rei Nabucodonosor fez uma estلtua de ouro, de sessenta
côvados de altura e seis de largura, e erigiu-a na planيcie de Dura, na
provيncia de Babilônia.
2. Depois convidou os sلtrapas, os prefeitos, os governadores, os
conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juيzes e todas as
autoridades das provيncias, a comparecerem à inauguraçمo da estلtua
ereta pelo rei Nabucodonosor.
3. Assim sendo, reuniram-se os sلtrapas, os prefeitos, os
governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juيzes e
todas as autoridades das provيncias para a inauguraçمo da estلtua ereta
pelo rei, diante da qual todos permaneceram de pé.
4. Entمo foi feita por um arauto a seguinte proclamaçمo: Povos,
naçُes, (gentes de todas) as lيnguas, eis o que se traz a vosso
conhecimento:
5. no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da
cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de
instrumentos de mْsica, vَs vos prostrareis em adoraçمo diante da
estلtua de ouro ereta pelo rei Nabucodonosor.
6. Quem nمo se prostrar para adorل-la serل precipitado sem demora
na fornalha ardente!
7. Assim, logo que as pessoas ouviram o som da trombeta, da
flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de
instrumentos de mْsica, prosternaram-se todos, povos, naçُes e gentes de
todas as lيnguas, em adoraçمo diante da estلtua de ouro ereta pelo rei
Nabucodonosor.
8. Nesse mesmo momento, alguns caldeus aproximaram-se para
caluniar os judeus.
9. Dirigiram-se ao rei Nabucodonosor: Senhor, disseram, longa
vida ao rei!
10. Tu mesmo, َ rei, proclamaste por edital, que qualquer homem
que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa,
da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de mْsica teria de
prostrar-se em adoraçمo diante da estلtua de ouro,
11. e quem se recusasse seria precipitado na fornalha ardente.
12. Pois bem, hل aي alguns judeus, a quem confiaste a
administraçمo da provيncia de Babilônia, Sidrac, Misac e Abdênago, os
quais nمo tomaram conhecimento do teu edito, َ rei: nمo rendem culto
algum a teus deuses e nمo adoram a estلtua que erigiste.
13. Nabucodonosor, dominado por uma cَlera violenta, ordenou o
comparecimento de Sidrac, Misac e Abdênago, os quais foram imediatamente
trazidos à presença do rei.
14. Nabucodonosor disse-lhes: ة verdade, Sidrac, Misac e Abdênago,
que recusais o culto a meus deuses e a adoraçمo à estلtua de ouro que
erigi?
15. Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da
trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de
toda espécie de instrumentos de mْsica, a vos prostrardes em adoraçمo
diante da estلtua que eu fiz?... Se nمo o fizerdes, sereis precipitados
de relance na fornalha ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos
de minha mمo?
16. Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: De
nada vale responder-te a esse respeito.
17. Se assim deve ser, o Deus a quem nَs servimos pode nos livrar
da fornalha ardente e mesmo, َ rei, de tua mمo.
18. E mesmo que nمo o fizesse, saibas, َ rei, que nَs nمo
renderemos culto algum a teus deuses e que nَs nمo adoraremos a estلtua
de ouro que erigiste.
19. Entمo a fْria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac,
Misac e Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz
para ordenar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.
20. Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas
para amarrar Sidrac, Misac e Abdênago, e jogل-los na fornalha ardente.
21. Esses homens foram entمo imediatamente amarrados com suas
tْnicas, vestes, mantos e suas outras roupas, e jogados na fornalha
ardente.
22. Mas os homens que, por ordem urgente do rei, tinham
superaquecido a fornalha e lل jogado Sidrac, Misac e Abdênago, foram
mortos pelas chamas,
23. no momento em que eram precipitados na fornalha os três
jovens amarrados.
24. Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e
bendizendo o Senhor.
25. Azarias, em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oraçمo:
26. Sede bendito e louvado, Senhor, Deus de nossos pais! Que
vosso nome seja glorioso pelos séculos!
27. Vَs vois justo em todo o vosso proceder; vossas obras sمo
justas, vossos caminhos sمo retos, vossos julgamentos sمo eqüitativos.
28. Exercestes um julgamento eqüitativo em tudo aquilo que nos
infligistes e em tudo aquilo que infligistes à cidade santa de nossos
pais, Jerusalém; foi em conseqüência de um julgamento eqüitativo que vَs
nos infligistes tudo isso por causa de nossos pecados.
29. Pecamos, erramos afastando-nos de vَs; em tudo agimos mal.
30. Nمo obedecemos a vossos preceitos, nمo os pusemos em prلtica,
nمo observamos as leis que nos destes para nossa felicidade.
31. Em todos os males que enviastes sobre nَs, em tudo que nos
infligistes, foi um justo julgamento que exercestes,
32. (mesmo) entregando-nos nas mمos de inimigos injustos, de
يmpios enfurecidos, às mمos de um rei, o mais inيquo e o mais perverso
de toda a terra.
33. Agora nمo ousamos nem mesmo abrir a boca: vergonha e
ignomيnia para vossos servos e a nَs que vos adoramos.
34. Pelo amor de vosso nome, nمo nos abandoneis para sempre; nمo
destruais de modo algum vossa aliança.
35. Nمo nos retireis vossa misericَrdia em consideraçمo a Abraمo,
vosso amigo, Isaac, vosso servo, Israel, vosso santo,
36. aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as
estrelas do céu e a areia que se encontra à beira do mar.
37. Senhor, fomos reduzidos a nada diante das naçُes, fomos
humilhados diante de toda a terra: tudo, devido a nossos pecados!
38. Hoje, jل nمo hل prيncipe, nem profeta, nem chefe, nem
holocausto, nem sacrifيcio, nem oblaçمo, nem incenso, nem mesmo um lugar
para vos oferecer nossas primيcias e encontrar misericَrdia.
39. Entretanto, que a contriçمo de nosso coraçمo e a humilhaçمo
de nosso espيrito nos permita achar bom acolhimento junto a vَs, Senhor,
40. como (se nَs nos apresentلssemos) com um holocausto de
carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser
hoje o nosso sacrifيcio em vossa presença! Que possa (reconciliar-nos)
convosco, porque nenhuma confusمo existe para aqueles que pُem em vَs
sua confiança.
41. ة de todo nosso coraçمo que nَs vos seguimos agora, que nَs
vos reverenciamos, que buscamos vossa face.
42. Nمo nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e
com todas as riquezas de vossa misericَrdia.
43. Ponde em execuçمo vossos prodيgios para nos salvar, Senhor, e
cobri vosso nome de glَria.
44. Que sejam entمo confundidos aqueles que maltratam vossos
servos, que eles sofram a vergonha de ver a ruيna de seu poderio e o
aniquilamento de sua força.
45. Assim saberمo que sois o Senhor, o Deus ْnico e glorioso
sobre toda a superfيcie da terra.
46. Enquanto isso, os homens do rei, que os haviam lل jogado, nمo
cessavam de alimentar a fornalha com nafta, estopa, resina e lenha seca.
47. Entمo, as chamas, subindo a quarenta e nove côvados acima da
fornalha,
48. ultrapassaram a grade e queimaram os caldeus que se achavam
perto.
49. Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus
companheiros à fornalha e afastava o fogo.
50. Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma
brisa matinal: o fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem
lhes causava a menor dor.
51. Entمo os três jovens elevaram suas vozes em unيssono para
louvar, glorificar e bendizer a Deus dentro da fornalha, neste cântico:
52. Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais, digno de louvor e
de eterna glَria! Que seja bendito o vosso santo nome glorioso, digno do
mais alto louvor e de eterna exaltaçمo!
53. Sede bendito no templo de vossa glَria santa, digno do mais
alto louvor e de eterna glَria!
54. Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, e por
estardes sentado sobre os querubins, digno do mais alto louvor e de
eterna exaltaçمo!
55. Sede bendito sobre vosso régio trono, digno do mais alto
louvor e de eterna exaltaçمo!
56. Sede bendito no firmamento dos céus, digno do mais alto
louvor e de eterna glَria!
57. Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
58. Céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
59. Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
60. ءguas e tudo o que estل sobre os céus, bendizei o Senhor,
louvai-o e exaltai-o eternamente!
61. Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e
exaltai-o eternamente!
62. Sol e lua, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
63. Estrelas dos céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
64. Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
65. س vَs, todos os ventos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
66. Fogo e calor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
67. Frio e geada, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
68. Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
69. Frios e aragens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
70. Gelos e neves, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
71. Noites e dias, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
72. Luz e trevas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
73. Raios e nuvens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
74. Que a terra bendiga o Senhor, e o louve e o exalte
eternamente!
75. Montes e colinas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
76. Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor, louvai-o e
exaltai-o eternamente!
77. Mares e rios, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
78. Fontes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
79. Monstros e animais que vivem nas لguas, bendizei o Senhor,
louvai-o e exaltai-o eternamente!
80. Pلssaros todos do céu, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
81. Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
82. E vَs, homens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
83. Que Israel bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
84. Sacerdotes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o
eternamente!
85. Vَs que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor, louvai-o
e exaltai-o eternamente!
86. Espيritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, louvai-o e
exaltai-o eternamente!
87. Santos e humildes de coraçمo, bendizei o Senhor, louvai-o e
exaltai-o eternamente!
88. Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor, louvai-o e
exaltai-o eternamente, porque ele nos livrou da permanência nas trevas,
salvou-nos da mمo da morte; tirou-nos da fornalha ardente, e
arrancou-nos do meio das chamas.
89. Glorificai o Senhor porque ele é bom, porque eterna é a sua
misericَrdia.
90. Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses, louvai-o,
glorificai-o, porque é eterna a sua misericَrdia!
91. Entمo Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente,
dizendo a seus conselheiros: Nمo foram três homens amarrados que jogamos
no fogo? Certamente, majestade, responderam. _
92. Pois bem, replicou o rei, eu vejo quatro homens soltos, que
passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um
filho dos deuses.
93. Dito isto, Nabucodonosor, aproximando-se da porta da fornalha,
exclamou: Sidrac, Misac, Abdênago, servos do Deus Altيssimo, saي, vinde!
Entمo Sidrac, Misac e Abdênago saيram do meio do fogo.
94. Os sلtrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros
do rei, em grupos à volta, verificaram que o fogo nمo tinha tocado nos
corpos desses homens, que nenhum cabelo de suas cabeças tinha sido
queimado, que suas vestes nمo tinham sido estragadas e que eles nمo
traziam nem indيcio do odor de fogo!
95. Nabucodonosor tomou a palavra: Bendito seja, disse, o Deus de
Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus
servos, os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo
as ordens do rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em
adoraçمo diante de um deus que nمo era o seu.
96. (Em conseqüência) dou ordem, que todo homem, pertencente a
qualquer povo, naçمo ou lيngua, que ousar falar mal, seja o que for,
contra o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, seja despedaçado e sua casa
reduzida a um montمo de imundيcies; porque nمo hل outro deus capaz de
realizar uma libertaçمo assim!
97. Depois o rei ainda melhorou a situaçمo de Sidrac, Misac e
Abdênago na provيncia de Babilônia.
98. Do rei Nabucodonosor a todos os povos, naçُes e pessoas de
todas as lيnguas que habitam a terra, felicidade e prosperidade!
99. Pareceu-me bom fazer-vos conhecer os milagres e prodيgios que
o Deus Altيssimo operou em mim.
100. Oh! como sمo grandes seus milagres e como sمo poderosos seus
prodيgios! Seu reinado é um reinado eterno, e sua dominaçمo perdura de
geraçمo em geraçمo.
Capيtulo 4
1. Eu, Nabucodonosor, vivia tranqüilo em minha casa e prَspero em
meu palلcio.
2. Tive um sonho que me assustou; os pensamentos que perpassavam
pelo meu espيrito quando no meu leito, bem como minhas visُes,
perturbaram-me.
3. Dei ordem para que fizessem vir à minha presença todos os
sلbios de Babilônia, a fim de que me dessem a interpretaçمo de meu sonho.
4. Entمo acudiram os magos, os mلgicos, os caldeus e os
astrَlogos, aos quais contei esse sonho, sem que eles todavia pudessem
indicar-me o sentido.
5. Finalmente apresentou-se diante de mim Daniel, cognominado
Baltazar, segundo o nome de meu deus, e em quem reside o espيrito dos
deuses santos. Narrei-lhe o sonho:
6. Baltazar, disse-lhe, chefe dos magos, sei que reside em ti o
espيrito dos deuses santos e que nenhum mistério te confunde. Dize-me
entمo as visُes que tive em sonho; dل-me a explicaçمo.
7. Tais eram as visُes do meu espيrito, quando no meu leito: eu
via, no meio da regiمo, uma لrvore de alto porte.
8. Esta لrvore cresceu, era vigorosa. O cimo tocava o céu, era
avistada até nos confins da terra.
9. Sua folhagem era bela, e seus abundantes frutos forneciam a
todos o que comer. ہ sua sombra abrigavam-se os animais terrestres, nos
seus ramos permaneciam os pلssaros do céu e toda criatura tirava dela
seu sustento!
10. Nas visُes de meu espيrito, quando no meu leito, vi (também)
um santo vigilante que descia do céu,
11. e começou a gritar com voz possante; derrubai a لrvore,
desgalhai-a; fazei cair as folhas e dispersai seus frutos. Que os
animais fujam de debaixo dela, que os pلssaros abandonem seus ramos.
12. Entretanto, deixai permanecer na terra o tronco e as raيzes,
mas atados por correntes de ferro e de bronze. Que seja molhado pelo
orvalho do céu e tenha seu quinhمo de erva com os animais terrestres.
13. Que se mude seu espيrito; que em lugar de um espيrito humano
lhe seja dado um espيrito animal e sete tempos passem sobre ele!
14. Esta sentença é um decreto dos vigilantes, esta resoluçمo é
uma ordem dos santos, a fim de que os vivos saibam que o Altيssimo
domina sobre a realeza humana, e a confere a quem lhe apraz e pode a ela
elevar o mais abjeto dos mortais.
15. Eis o sonho que tive, eu, o rei Nabucodonosor. Portanto tu,
Baltazar, dل-me a interpretaçمo dele, porque nenhum dos sلbios de meu
reino foi capaz de fazê-lo. Tu o podes, porque em ti habita o espيrito
dos deuses santos.
16. Entمo Daniel (cognominado Baltazar) permaneceu alguns
instantes perdido no tumulto de seus pensamentos, e o rei prosseguiu:
Baltazar, este sonho e sua significaçمo nمo devem perturbar-te! Meu
senhor, replicou Daniel, possa o sonho ser para teus inimigos, e sua
significaçمo para teus adversلrios!
17. A لrvore que viste crescer e tornar-se bela, cujo cimo tocava
o céu e era avistada dos confins da terra,
18. esta لrvore de bela folhagem, de frutos abundantes que a
todos dava o que comer, sob a qual viviam os animais terrestres, e em
cujos ramos abrigavam-se os pلssaros do céu,
19. esta لrvore, és tu senhor, que te tornaste grande e poderoso,
cuja altura crescente atingiu os astros, cuja dominaçمo estende-se até
os confins da terra.
20. Por outro lado, o rei viu um santo vigilante descer do céu e
exclamar: derrubai a لrvore, desgalhai-a; mas deixai na terra o tronco e
as raيzes, se bem que atadas por correntes de ferro e de bronze no meio
da erva do campo. Que seja molhado pelo orvalho do céu e viva com os
animais terrestres até que sete tempos hajam passado sobre ele. Eis o
que isto significa:
21. trata-se aي, َ rei, de um decreto do Altيssimo concernente ao
rei, meu senhor:
22. Expulsar-te-مo de entre os homens para te fazer habitar com
os animais do campo; pastarلs ervas como os bois e serلs molhado pelo
orvalho do céu. Sete tempos passarمo sobre ti, até que reconheças o
domيnio do Altيssimo sobre a realeza humana o qual a confere a quem lhe
apraz.
23. Se foi ordenado deixar intatos o tronco da لrvore e suas
raيzes, é que tua realeza te serل restituيda logo que reconheças a
soberania do céu.
24. Queiras entمo, َ rei, aceitar meu conselho: resgata teu
pecado pela justiça, e tuas iniqüidades pela piedade para com os
infelizes; talvez com isso haja um prolongamento de tua prosperidade.
25. Tudo isso aconteceu ao rei Nabucodonosor.
26. Doze meses mais tarde, o rei, passeando (nos terraços) do
palلcio real,
27. fazia esta reflexمo: eis aي verdadeiramente a grande
Babilônia, que construي para fazer dela uma mansمo real por meu poder
soberano, e para servir à glَria de minha majestade!
28. Falava ainda, quando uma voz baixou do céu: anunciam a ti,
rei Nabucodonosor, que teu reino te foi arrebatado.
29. Vمo expulsar-te dentre os homens para te fazer viver entre os
animais dos campos; pastarلs ervas como os bois. Sete tempos passarمo
sobre ti, até que reconheças que o Altيssimo domina sobre a realeza
humana e que a confere a quem lhe apraz.
30. No mesmo momento, o orلculo pronunciado sobre Nabucodonosor
cumpriu-se; ele foi expulso dentre os homens e pastou ervas como os
bois; seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu. Seu pêlo cresceu como
penas de لguia e suas unhas, como unhas de pلssaro.
31. Ao terminar os dias marcados, eu, Nabucodonosor, levantei os
olhos para o céu. A razمo voltou-me e eu bendisse o Altيssimo; louvei e
glorifiquei aquele que vive eternamente, cuja dominaçمo é perpétua, cujo
reino subsiste de idade em idade.
32. Diante dele nenhum habitante da terra tem importância; age
como quer tanto em se tratando do exército celestial quanto em relaçمo
aos habitantes terrenos. Ninguém pode bater-lhe na mمo e perguntar-lhe:
Que fazeis aي?
33. Nesse mesmo instante a razمo me foi restituيda, com o brilho
de minha realeza, minha majestade e meu esplendor. Meus conselheiros e
meus nobres vieram procurar-me; fui reintegrado à frente do meu reino e
meu poder achou-se aumentado.
34. Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico o rei do
céu, cujas obras sمo todas justas e cujos caminhos sمo retos, e que tem
o poder de humilhar aqueles que procedem com orgulho.
Capيtulo 5
1. O rei Baltazar deu uma festa para seus mil nobres, em presença
dos quais pôs-se a beber vinho.
2. Excitado pela bebida, mandou trazer os vasos de ouro e de
prata que seu pai Nabucodonosor tinha arrebatado ao templo de Jerusalém,
a fim de que o rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas deles
se servissem para beber.
3. Trouxeram entمo os vasos de ouro que tinham sido arrebatados
ao templo de Deus em Jerusalém. O rei, seus nobres, suas mulheres e suas
concubinas beberam neles
4. e, depois de terem bebido vinho, entoaram o louvor aos deuses
de ouro e prata, bronze, ferro, madeira e pedra.
5. Ora, nesse momento, eis que surgiram dedos de mمo humana a
escrever, defronte do candelabro, no revestimento da parede do palلcio
real. O rei, à vista dessa mمo que escrevia,
6. mudou de cor; pensamentos tétricos assaltaram-no; os mْsculos
de seus rins relaxaram-se e seus joelhos entrechocaram-se.
7. Gritou violentamente que mandassem vir os magos, os caldeus e
os astrَlogos. Mandou-lhes dizer: Aquele que decifrar essa inscriçمo e
me der o sentido dela serل revestido de pْrpura, usarل ao pescoço um
colar de ouro e tomarل o terceiro lugar no governo do reino.
8. Todos os sلbios do rei entraram na sala, mas foram incapazes
de ler a inscriçمo e dar seu significado ao rei.
9. Baltazar ficou muito assustado, seu rosto mudou de cor; seus
nobres sentiam-se constrangidos.
10. Mas a rainha, (atraيda pelo) barulho das palavras do rei e
dos nobres, entrou na sala do festim: س rei, disse, vive para sempre!
Nمo te deixes atemorizar pelas tuas idéias; nمo mudes assim de cor.
11. Hل no teu reino um homem no qual habita o espيrito dos deuses
santos. Quando teu pai era vivo, encontrava-se nele uma luz, uma
inteligência e uma sabedoria comparلveis à sabedoria dos deuses. Por
isso o rei Nabucodonosor, teu pai, tinha-o nomeado chefe dos escribas,
dos magos, dos caldeus e dos astrَlogos;
12. havia-se descoberto nesse Daniel (cognominado Baltazar pelo
rei) um espيrito superior, uma ciência e uma penetraçمo (particular)
para interpretar os sonhos, explicar os enigmas e resolver as
dificuldades. Que se chame logo Daniel, e ele darل o significado da
inscriçمo.
13. Daniel foi entمo introduzido diante do rei, o qual lhe disse:
és realmente Daniel, o deportado de Judل, que meu pai trouxe aqui da
Judéia?
14. Ouvi dizer a teu respeito que o espيrito dos deuses habita em
ti e que se encontram em ti uma luz, uma inteligência e uma sabedoria
singulares.
15. Acabam de introduzir diante de mim os sلbios e os magos para
ler esta inscriçمo e descobrir o seu significado. Nمo puderam dar-me a
significaçمo dessas palavras.
16. Ora, asseguraram-me que tu és mestre na arte das
interpretaçُes e das soluçُes de enigmas. Portanto, se puderes ler esse
texto e me dar o seu significado, serلs revestido de pْrpura, usarلs ao
pescoço um colar de ouro e ocuparلs o terceiro lugar no governo do reino.
17. Respondeu Daniel ao rei: Guarda teus presentes; concede-os a
outros! Lerei, todavia, este texto ao rei e dar-lhe-ei o significado.
18. س rei, o Deus Altيssimo havia outorgado a Nabucodonosor, teu
pai, realeza, grandeza, glَria e majestade.
19. Em razمo dessa grandeza que lhe era conferida, todos os povos,
todas as naçُes e pessoas de todas as lيnguas tremiam de medo diante
dele. Mandava matar quem queria; deixava viver quem desejava; elevava e
rebaixava quem lhe aprazia.
20. Mas, seu coraçمo, tendo-se engrandecido e seu espيrito, tendo-se
endurecido na presunçمo, foi deposto de seu trono e despojado de sua
glَria.
21. Foi expulso do meio dos homens e, tornando-se seu coraçمo,
semelhante ao dos animais, ficou em companhia dos animais selvagens,
pastando ervas como os bois; e seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu,
até que ele reconhecesse que o Deus Altيssimo domina sobre a realeza
humana, e aي eleva a quem bem lhe apraz.
22. Tu, Baltazar, seu filho, também sabias tudo isso e nمo
humilhaste teu coraçمo.
23. Tu te ergueste contra o Senhor do céu. Trouxeram-te os vasos
de seu templo, nos quais bebestes o vinho, tu, teus nobres, tuas
mulheres e tuas concubinas. Deste louvor aos deuses de prata e ouro,
bronze, ferro, madeira e pedra, cegos, surdos e impassيveis, em lugar de
dar glَria ao Deus de quem depende o teu sopro (vital) e todo teu
destino.
24. Assim, por ordem sua, essa mمo foi enviada e essas palavras
foram traçadas.
25. O texto aqui escrito (se lê): MENت, TEQUEL e PERتS.
26. Eis o significado dessas palavras: MENت - Deus contou (os
anos) de teu reinado e nele pُe um fim;
27. TEQUEL - foste pesado na balança e considerado leve demais;
28. PERتS - teu reino vai ser dividido e entregue aos medos e
persas.
29. Entمo, por ordem de Baltazar, Daniel foi revestido de pْrpura;
colocaram-lhe ao pescoço um colar de ouro e publicou-se que ele ocuparia
o terceiro lugar no governo do reino.
30. (Mas) nessa mesma noite, Baltazar, rei dos caldeus, foi morto.
Capيtulo 6
1. Dario, o medo, recebeu a realeza mais ou menos com a idade de
sessenta e dois anos.
2. Aprouve a Dario, o medo, constituir e espalhar por todo o seu
reino cento e vinte sلtrapas,
3. submetidos a três ministros um dos quais era Daniel), a quem
eles teriam de prestar contas, a fim de que os interesses do rei nunca
fossem lesados.
4. Ora, Daniel, devido à superioridade de seu espيrito, levava
vantagem sobre os ministros e sلtrapas e com isso o rei sonhava em pô-lo
à frente de todo o reino.
5. Por isso, ministros e sلtrapas procuravam um meio de acusar
Daniel em relaçمo à sua administraçمo. Mas nمo puderam descobrir
pretexto algum, nem falta, porque ele era يntegro e nada de faltoso e
repreensيvel se encontrava nele.
6. Esses homens disseram entمo: Nمo acharemos motivo algum de
acusaçمo contra esse Daniel, a nمo ser naquilo que diz respeito à lei de
seu Deus.
7. Entمo ministros e sلtrapas vieram tumultuosamente procurar o
rei e lhe disseram: Rei Dario, longa vida ao rei!
8. Os ministros do reino, os prefeitos, os sلtrapas, os
conselheiros e os governadores estمo todos de acordo em que seja
publicado um edito real com uma interdiçمo, estabelecendo que aquele que
nesses trinta dias dirigir preces a um deus ou homem qualquer que seja,
além de ti, َ rei, seja jogado na cova dos leُes.
9. Promulga pois, َ rei, esta interdiçمo, e manda fazer um
documento, a fim de que, conforme o estabelecido na lei definitiva dos
medos e dos persas, nمo possa ser revogada.
10. Em conseqüência, o rei Dario fez redigir o documento contendo
a referida interdiçمo.
11. Ouvindo essa notيcia, Daniel entrou em sua casa, a qual tinha
no quarto de cima janelas que davam para o lado de Jerusalém. Três vezes
ao dia, ajoelhado, como antes, continuou a orar e a louvar a Deus.
12. Entمo esses homens acorreram amotinados e encontraram Daniel
em oraçمo, invocando seu Deus.
13. Foram imediatamente ao palلcio do rei e disseram-lhe, a
respeito do edito real de interdiçمo: Nمo promulgaste, َ rei, uma
proibiçمo estabelecendo que quem nesses trinta dias invocasse algum deus
ou homem qualquer que fosse, à exceçمo tua, seria jogado na cova dos
leُes? Certamente, respondeu o rei, (assim foi feito) segundo a lei dos
medos e dos persas, que nمo pode ser modificada.
14. Pois bem, continuaram: Daniel, o deportado de Judل, nمo tem
consideraçمo nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia
ele faz sua oraçمo.
15. Ouvindo essas palavras, o rei, bastante contrariado, tomou
contudo a resoluçمo de salvar Daniel, e nisso esforçou-se até o pôr-do-sol.
16. Mas os mesmos homens novamente o vieram procurar em tumulto:
Saibas, َ rei, disseram-lhe, que a lei dos medos e dos persas nمo
permite derrogaçمo alguma a uma proibiçمo ou a uma medida publicada em
edito pelo rei.
17. Entمo o rei deu ordem para trazerem Daniel e o jogarem na
cova dos leُes. Que o Deus, que tu adoras com tanta fidelidade,
disse-lhe, queira ele mesmo salvar-te!
18. Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova;
o rei lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada
fosse modificado em relaçمo a Daniel.
19. De volta a seu palلcio, o rei passou a noite sem nada tomar,
e sem mandar vir concubina alguma para junto de si. Nمo conseguiu
adormecer.
20. Logo ao amanhecer levantou-se e dirigiu-se a toda pressa à
cova dos leُes.
21. Quando se aproximou, chamou Daniel com voz cheia de tristeza:
Daniel, disse-lhe, servo de Deus vivo, teu Deus que tu adoras com tanta
fidelidade terل podido salvar-te dos leُes?!
22. Daniel respondeu-lhe: Senhor, vida longa ao rei!
23. Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leُes; eles nمo
me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque
contra ti também, َ rei, nمo cometi falta alguma.
24. Entمo o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da
cova. Foi ele assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha
tido fé em seu Deus.
25. Por ordem do rei, mandaram vir entمo os acusadores de Daniel,
que foram jogados na cova dos leُes com suas mulheres e seus filhos. Nمo
haviam tocado o fundo da cova, e jل os leُes os agarraram e lhes
trituraram os ossos!
26. Entمo o rei Dario escreveu: A todos os povos, a todas as
naçُes e aos povos de todas as lيnguas que habitam sobre a terra,
felicidade e prosperidade!
27. Por mim é ordenado que em toda a extensمo de meu reino, se
mantenha perante o Deus de Daniel temor e tremor. ة o Deus vivo, que
subsiste eternamente; seu reino é indestrutيvel e seu domيnio é perpétuo.
28. Ele salva e livra, faz milagres e prodيgios no céu e sobre a
terra: foi ele quem livrou Daniel das garras dos leُes.
29. Foi assim que Daniel prosperou durante o reinado de Dario e
durante o de Ciro, o persa.
Capيtulo 7
1. No primeiro ano do reinado de Baltazar, rei de Babilônia,
Daniel, estando em seu leito, teve um sonho e visُes surgiram em seu
espيrito. Consignou por escrito esse sonho e a substância dos fatos.
2. Assim se manifestou: Via, no transcurso de minha visمo noturna,
os quatro ventos do céu precipitarem-se sobre o Grande Mar.
3. Surgiram das لguas quatro grandes animais, diferentes uns dos
outros.
4. O primeiro parecia-se com um leمo, mas tinha asas de لguia.
Enquanto o olhava, suas asas foram-lhe arrancadas, foi levantado da
terra e erguido sobre seus pés como um homem, e um coraçمo humano lhe
foi dado.
5. Apareceu em seguida outro animal semelhante a um urso; erguia-se
sobre um lado e tinha à boca, entre seus dentes, três costelas.
Diziam-lhe: Vamos! Devora bastante carne!
6. Depois disso, vi um terceiro animal, idêntico a uma pantera,
que tinha nas costas quatro asas de pلssaro; tinha ele também quatro
cabeças. O império lhe foi atribuيdo.
7. Finalmente, como eu contemplasse essas visُes noturnas, vi um
quarto animal, medonho, pavoroso e de uma força excepcional. Possuيa
enormes dentes de ferro; devorava, depois triturava e pisava aos pés o
que sobrava. Ao contrلrio dos animais precedentes, ostentava dez chifres.
8. Como estivesse ocupado em observar esses chifres, eis que
surgiu, entre eles outro chifre menor, e três dos primeiros foram
arrancados para dar-lhe lugar. Este chifre tinha olhos idênticos aos
olhos humanos e uma boca que proferia palavras arrogantes.
9. Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os
tronos e um anciمo chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas
vestes, e tal como a pura lم era sua cabeleira; seu trono era feito de
chamas, com rodas de fogo ardente.
10. Saيdo de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e
milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu
audiência e os livros foram abertos.
11. Olhei entمo, devido à balbْrdia causada pelos discursos
arrogantes do chifre, olhei até o momento em que o animal foi morto, seu
corpo subjugado e a fera jogada ao fogo.
12. Quanto aos outros animais, o domيnio lhes foi igualmente
retirado, mas a duraçمo de sua vida foi fixada até um tempo e uma data.
13. Olhando sempre a visمo noturna, vi um ser, semelhante ao
filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do
anciمo, diante de quem foi conduzido.
14. A ele foram dados império, glَria e realeza, e todos os povos,
todas as naçُes e os povos de todas as lيnguas serviram-no. Seu domيnio
serل eterno; nunca cessarل e o seu reino jamais serل destruيdo.
15. Quanto a mim, Daniel, senti minha alma desfalecer dentro de
mim, e fiquei perturbado por essas visُes de meu espيrito.
16. Aproximando-me de um dos assistentes, perguntei-lhe sobre a
realidade de tudo isso. Respondeu-me dando a explicaçمo seguinte:
17. esses grandes animais, (disse), em nْmero de quatro, sمo
quatro reis que se levantarمo da terra.
18. Mas os santos do Altيssimo receberمo a realeza e a
conservarمo por toda a eternidade.
19. Quis entمo saber exatamente o que representava o quarto
animal, diferente dos demais, pavoroso em extremo, cujos dentes eram de
ferro e as garras de bronze, que devorava, depois triturava e calcava
aos pés o que sobrava.
20. Quis ser informado sobre os dez chifres que tinha na cabeça,
bem como a respeito desse outro chifre que havia surgido e diante do
qual três chifres haviam caيdo, esse chifre que tinha olhos e uma boca
que proferia palavras arrogantes, e parecia maior do que os outros.
21. Tinha visto esse chifre fazer guerra aos santos e levar-lhes
vantagem, até o momento em que veio o anciمo,
22. quando foi feita justiça aos santos do Altيssimo e quando
lhes chegou a hora de obterem a realeza.
23. Ele me respondeu: o quarto animal é um quarto reino terrestre,
diferente de todos os demais, que devorarل, calcarل e aniquilarل o mundo.
24. Os dez chifres indicam dez reis levantando-se nesse reino.
Mas depois deles surgirل outro, diferente, que destronarل três.
25. Proferirل insultos contra o Altيssimo, e formarل o projeto de
mudar os tempos e a lei; e os santos serمo entregues ao seu poder
durante um tempo, tempos e metade de um tempo.
26. Mas realizar-se-ل o julgamento e lhe serل arrancado seu
domيnio, para destruي-lo e suprimi-lo definitivamente.
27. A realeza, o império e a suserania de todos os reinos
situados sob os céus serمo devolvidos ao povo dos santos do Altيssimo,
cujo reino é eterno e a quem todas as soberanias renderمo seu tributo de
obediência.
28. Aqui terminou o discurso (a mim dirigido). Quanto a mim,
Daniel, meus pensamentos transtornaram-me a ponto de me mudar de cor.
Mas conservei tudo isso em meu coraçمo.
Capيtulo 8
1. No terceiro ano do reinado de Baltazar, eu, Daniel, tive uma
visمo, continuaçمo daquela que eu tinha tido anteriormente.
2. Nessa visمo, eu me achava na fortaleza de Susa, na provيncia
de Elمo, e eu me vi, sempre em visمo, às margens do Ulai.
3. Erguendo os olhos, eis que vi um carneiro, o qual se achava em
frente ao rio. Tinha dois chifres, dois longos chifres, um dos quais era
mais alto do que o outro. Esse chifre mais alto apareceu por ْltimo.
4. Vi o carneiro dar chifradas em direçمo do oeste, do norte e do
sul. Nenhum animal resistia diante dele, e ninguém conseguia escapar de
seu poder. Fazia o que queria, e crescia.
5. Enquanto observava com atençمo, eis que um bode robusto veio
do ocidente e percorreu a terra inteira sem tocar o solo; tinha entre os
dois olhos um chifre muito saliente.
6. Foi até o carneiro de dois chifres, que eu tinha visto em
frente ao rio, e avançou contra ele num excesso de fْria.
7. Eu o vi aproximar-se do carneiro e atirando-se com fْria sobre
ele, espancل-lo e quebrar-lhe os dois chifres, sem que o carneiro
tivesse força para sustentar o assalto. O bode jogou por terra o
carneiro e o calcou aos pés, sem que alguém interviesse para subtraي-lo
ao ataque de seu adversلrio.
8. Entمo o bode tornou-se muito grande. Mas, assim que se tornou
poderoso, seu grande chifre quebrou-se e foi substituيdo por quatro
chifres que cresciam em direçمo dos quatro ventos do céu.
9. De um deles saiu um pequeno chifre que se desenvolveu
consideravelmente para o sul, para o oriente e para a jَia (dos paيses).
10. Cresceu até alcançar os astros do céu, do qual fez cair por
terra diversas estrelas e as calcou aos pés.
11. Cresceu até o chefe desse exército de astros, cujo (holocausto)
perpétuo aboliu e cujo santuلrio destruiu.
12. Por causa da infidelidade, além do holocausto perpétuo
foi-lhe entregue um exército! A verdade foi lançada à terra. O pequeno
chifre teve êxito na sua empreitada.
13. Ouvi um santo que falava, a quem outro santo respondeu:
quanto tempo durarل o anunciado pela visمo a respeito do holocausto
perpétuo, da infidelidade destruidora, e do abandono do santuلrio e do
exército calcado aos pés?
14. Respondeu: duas mil e trezentas noites e manhمs. Depois disso
o santuلrio serل restabelecido.
15. Ora, enquanto eu contemplava essa visمo e procurava o
significado, vi, de pé diante de mim, um ser em forma humana,
16. e ouvi uma voz humana vinda do meio do Ulai: Gabriel, gritava,
explica-lhe a visمo.
17. Dirigiu-se entمo em direçمo ao lugar onde eu me achava. ہ sua
aproximaçمo, fiquei apavorado e caي com a face contra a terra. Filho do
homem, disse-me ele, compreende bem que essa visمo simboliza o tempo
final.
18. Enquanto falava comigo, desmaiei, com o rosto em terra. Mas
ele tocou-me e me fez ficar de pé.
19. Eis, disse, vou revelar-te o que acontecerل nos ْltimos
tempos da cَlera, porque isso diz respeito ao tempo final.
20. O carneiro de dois chifres, que viste, simboliza os reis da
Média e da Pérsia.
21. O bode valente é o rei de Javم; o grande chifre que ele tem
entre os olhos é o primeiro rei.
22. Sua ruptura e o nascimento de quatro chifres em seu lugar
significam quatro reinos saindo dessa naçمo, mas sem terem o mesmo
poder.
23. No fim do reinado deles, quando estiver cheia a medida dos
infiéis, um rei surgirل, cheio de crueldade e fingimento.
24. Seu poder aumentarل, nunca porém por si mesmo. Farل
monstruosas devastaçُes, terل êxito nas suas empresas, exterminarل os
poderosos e o povo dos santos.
25. Graças à sua habilidade, farل triunfar sua perfيdia, seu
coraçمo inchar-se-ل de orgulho; mandarل matar muita gente que nمo espera
por isso, levantar-se-ل contra o prيncipe dos prيncipes, mas serل
aniquilado sem a intervençمo de mمo humana.
26. A visمo que te foi apresentada sobre as noites e as manhمs é
perfeitamente verيdica. Mas tu, guarda esta visمo em segredo, pois ela
se refere a dias longيnquos.
27. Entمo, eu, Daniel, desfaleci. Estive doente durante muitos
dias. Depois disso recomecei a trabalhar nos serviços do rei. Fiquei
atônito com a visمo que tive, completamente incompreensيvel para mim.
Capيtulo 9
1. No primeiro ano do reinado de Dario, filho de Assuero, da
estirpe dos medos, que havia sido elevado ao trono do império dos
caldeus,
2. no primeiro ano do reinado, (digo), eu, Daniel, lendo as
Escrituras, tive minha atençمo despertada para o fato de que o nْmero de
anos a passar-se, segundo a palavra do Senhor ao profeta Jeremias, sobre
a desolaçمo de Jerusalém, seria de setenta anos.
3. Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oraçمo de
sْplica, jejuando e me impondo o cilيcio e a cinza.
4. Supliquei ao Senhor, meu Deus, e fiz-lhe minha confissمo
nestes termos: Ah! Senhor, Deus grande e temيvel, que sois fiel à
aliança e que conservais vossa misericَrdia àqueles que vos amam e
guardam vossos mandamentos:
5. nَs pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos
recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis.
6. Nمo escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso
nome a nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o
povo da terra.
7. A vَs, Senhor, a justiça, e para nَs a vergonha, como hoje
acontece ao povo de Judل e de Jerusalém, a todo o Israel, àqueles que
estمo perto e àqueles que estمo longe, em todos os paيses aonde os
haveis dispersado por causa das iniqüidades que cometeram contra vَs.
8. Sim, Senhor, para nَs a vergonha, para nosso rei, nossos
chefes e nossos antepassados, porque pecamos contra vَs.
9. Ao Senhor, nosso Deus, as misericَrdias e o perdمo, porque nَs
nos rebelamos contra ele.
10. Recusamos ouvir a voz do Senhor, nosso Deus; nمo seguimos as
leis que ele nos oferecia pela boca de seus servos, os profetas.
11. Todo o Israel transgrediu vossa lei e se desviou, a fim de
nمo obedecer à vossa voz. Por isso a maldiçمo e a imprecaçمo que figuram
na lei de Moisés, o servo de Deus, caيram sobre nَs, porque pecamos
contra ele.
12. Pôs em execuçمo as ameaças proferidas contra nَs e contra
nossos governantes: descarregou sobre nَs tais calamidades, como jamais
sob o céu aconteceu, coisa semelhante àquela que fulminou Jerusalém.
13. Foi de acordo com a lei de Moisés que nos sucederam essas
desgraças. E nَs nunca procuramos abrandar o Senhor, nosso Deus,
renunciando às nossas iniqüidades e dando atençمo à vossa verdade.
14. O Senhor nمo se descuidou do castigo, e o descarregou sobre
nَs, porque o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz. Mas nَs nمo
escutamos a sua voz.
15. Mas agora, Senhor, nosso Deus, que tirastes vosso povo do
Egito por um desيgnio de vosso poder, e do qual vَs fizestes uma glَria
que perdura ainda hoje, nَs pecamos, nَs prevaricamos.
16. Senhor, dignai-vos, pela vossa misericَrdia, afastar de vossa
cidade santa, Jerusalém, vossa cَlera e vossa exasperaçمo, porque é
devido às nossas iniqüidades e aos pecados de nossos antepassados que
Jerusalém e vosso povo sمo alvo dos insultos de todos os nossos
vizinhos.
17. Ouvi, pois, Senhor, a prece suplicante de vosso servo. Por
amor a vَs mesmo, Senhor, fazei irradiar vossa face sobre vosso
santuلrio deserto.
18. س meu Deus, ficai atento para ouvir-nos; abri os olhos para
ver nossa ruيna e a cidade que ostenta um nome vindo de vَs. Nمo é em
nome dos nossos atos de justiça que depositamos a vossos pés nossas
sْplicas, mas em nome de vossa grande misericَrdia.
19. Senhor, escutai! Senhor, perdoai! Senhor, ficai atento! Agi!
Por vosso prَprio amor, َ meu Deus, nمo demoreis, pois vosso nome foi
dado à vossa cidade e a vosso povo!
20. Eu falava ainda, pedindo, confessando meu pecado e o de meu
povo de Israel, depositando aos pés do Senhor, meu Deus, minha sْplica
pelo seu monte santo;
21. nمo havia terminado essa prece, quando se aproximou de mim,
num relance (era a hora da oblaçمo da noite), Gabriel, o ser que eu
havia visto antes em visمo.
22. Deu-me, para meu conhecimento, as seguintes explicaçُes:
Daniel, vim aqui agora para te informar.
23. Apenas havias iniciado a tua oraçمo e uma palavra foi
pronunciada; eu venho desvendل-la a ti, porque és um homem de
predileçمo. Presta pois atençمo a este orلculo e compreende bem a sua
revelaçمo:
24. Setenta semanas foram fixadas a teu povo e à tua cidade santa
para dar fim à prevaricaçمo, selar os pecados e expiar a iniqüidade,
para instaurar uma justiça eterna, encerrar a visمo e a profecia e ungir
o Santo dos Santos.
25. Sabe, pois, e compreende isto: desde a declaraçمo do decreto
sobre a restauraçمo de Jerusalém até um chefe ungido, haverل sete
semanas; depois, durante sessenta e duas semanas, ressurgirل, serل
reconstruيda com praças e muralhas. Nos tempos de afliçمo,
26. depois dessas sessenta e duas semanas, um ungido serل
suprimido, e ninguém (serل) a favor dele. A cidade e o santuلrio serمo
destruيdos pelo povo de um chefe que virل. Seu fim (chegarل) com uma
invasمo, e até o fim haverل guerra e devastaçمo decretada.
27. Concluirل com muitos uma sَlida aliança por uma semana e no
meio da semana farل cessar o sacrifيcio e a oblaçمo; sobre a asa das
abominaçُes virل o devastador, até que a ruيna decretada caia sobre o
devastado.
Capيtulo 10
1. No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, um orلculo foi
revelado a Daniel (cognominado Baltazar). Esse orلculo era verيdico e
anunciava grandes lutas. Daniel compreendeu o orلculo e teve
conhecimento do sentido da visمo.
2. Naquele tempo, eu, Daniel, fiz penitência durante três
semanas.
3. Nمo provei alimento delicado algum: nمo passou em minha boca
nem carne nem vinho; nمo me ungi de َleo absolutamente durante o
transcurso dessas três semanas.
4. No vigésimo quarto dia do primeiro mês, encontrava-me à beira
do grande rio, o Tigre.
5. Levantando os olhos, vi um homem vestido de linho. Cingia-lhe
os rins um cinto de ouro de Ufaz.
6. Seu corpo era como o crisَlito; seu rosto brilhava como o
relâmpago, seus olhos, como tochas ardentes, seus braços e pés tinham o
aspecto do bronze polido e sua voz ressoava como o rumor de uma
multidمo.
7. Eu, Daniel, era o ْnico a ver essa apariçمo; meus companheiros
nمo a viram, mas se apoderou deles um tمo grande pavor que fugiram para
esconder-se.
8. Fiquei portanto sozinho a contemplar essa grandiosa apariçمo.
As forças me abandonaram: a tez do meu rosto tornou-se lيvida e eu
desfaleci.
9. Ouvi entمo esse homem falar, e, ao som de suas palavras, caي
desmaiado, com o rosto por terra.
10. Eis porém que uma mمo me tocou, e fez com que me erguesse
sobre os joelhos e as palmas das mمos.
11. Daniel, homem de predileçمo, disse-me ele, presta atençمo às
palavras que vou dirigir-te. Levanta-te, pois tenho uma mensagem a te
confiar. Como me falasse assim, levantei-me tremendo.
12. Nمo temas, Daniel, disse-me, porque desde o primeiro dia em
que aplicaste teu espيrito a compreender, e em que te humilhaste diante
de teu Deus, tua oraçمo foi ouvida, e é por isso que eu vim.
13. O chefe do reino persa resistiu-me durante vinte e um dias;
porém Miguel, um dos principais chefes, veio em meu socorro. Permaneci
assim ao lado dos reis da Pérsia.
14. Aqui estou para fazer-te compreender o que deve acontecer a
teu povo nos ْltimos dias; pois essa visمo diz respeito a tempos
longيnquos.
15. Enquanto assim me falava, eu mantinha meus olhos fixos no
chمo e permanecia mudo.
16. De repente, um ser de forma humana tocou-me nos lلbios. Abri
a boca e falei; disse ao personagem que estava perto de mim: Meu senhor,
essa visمo transtornou-me, e estou sem forças.
17. Como poderia o servo de meu senhor conversar com seu senhor,
quando estل sem forças e sem fôlego?
18. Entمo o ser em forma humana tocou-me novamente e me reanimou.
19. Nمo temas nada, homem de predileçمo! Que a paz esteja
contigo! Coragem, coragem! Enquanto ele me falava senti-me reanimado.
Fala, meu senhor, disse, pois tu me restituيste as minhas forças.
20. Sabes bem, prosseguiu ele, porque vim a ti? Vou voltar agora
para lutar contra o chefe da Pérsia, e no momento em que eu partir virل
o chefe de Javم.
21. Mas (antes), far-te-ei conhecer o que estل escrito no livro
da verdade.
22. Contra esses adversلrios nمo hل ninguém que me defenda a nمo
ser Miguel, vosso chefe.
Capيtulo 11
1. Assim como eu, (no primeiro ano do reinado de Dario, o medo,
mantive-me) junto a ele para auxiliل-lo e protegê-lo.
2. Agora vou manifestar-te a verdade. Haverل ainda três reis na
Pérsia. O quarto ultrapassarل todos os demais em riquezas. Quando suas
riquezas o tiverem tornado poderoso, movimentarل tudo contra o reino de
Javم.
3. Mas levantar-se-ل um rei forte que dominarل sobre um vasto
império e farل tudo quanto lhe aprouver.
4. Quando ficar poderoso, seu reino serل desmembrado e dividido
aos quatro ventos do céu. Nمo passarل à posteridade e nمo terل mais o
mesmo poder; seu reino serل desmembrado e entregue a estranhos e nمo a
seus descendentes.
5. O rei do sul tornar-se-ل poderoso, mas um dos chefes do seu
exército ficarل ainda mais forte e seu império serل grande.
6. Apَs alguns anos aliar-se-مo: a filha do rei do sul virل à
casa do rei do norte para fazer o acordo; mas ela nمo conservarل o apoio
de seu pai, cujo poder nمo se manterل, nem o do seu esposo. Ela serل
morta com aqueles que a tiverem trazido, aquele que a criou e aquele que
a tinha feito poderosa.
7. Um dos rebentos da mesma raiz levantar-se-ل em seu lugar; virل
em direçمo do exército, entrarل nas fortalezas do rei do norte,
atacل-lo-ل e sairل vencedor.
8. Levarل para o Egito até mesmo seus deuses cativos, assim como
seus يdolos e seus objetos preciosos de ouro e de prata. Depois, durante
alguns anos, abster-se-ل de atacar o rei do norte.
9. Este virل contra o rei do sul, mas voltarل para a sua terra.
10. Mas seus filhos prepararمo a guerra recrutando um exército
numeroso, o qual, precipitando-se como uma torrente, invadirل e levarل a
batalha até a sua fortaleza.
11. Irritado, o rei do sul sairل para atacar o rei do norte: como
porل em campo um numeroso exército, as tropas inimigas ser-lhe-مo
entregues.
12. Apَs o aniquilamento desse exército, encher-se-ل de orgulho.
Mandarل matar dezenas de milhares de homens, sem ficar mais forte por
isso.
13. O rei do norte organizarل novamente um exército mais numeroso
ainda que o primeiro, e alguns anos depois avançarل em meio a enormes
tropas e a um grandioso aparato.
14. Nesse momento, muitos se levantarمo contra o rei do sul;
homens violentos de teu povo revoltar-se-مo para cumprir a visمo, mas
fracassarمo.
15. O rei do norte virل entمo, destruirل trincheiras e tomarل
fortalezas. Os exércitos do rei do sul, mesmo as suas tropas de escol,
nمo se manterمo; nada poderل resistir.
16. O invasor agirل à sua vontade sem que ninguém possa
enfrentل-lo. Deter-se-ل no paيs que é a jَia da terra; e a destruiçمo
estarل em suas mمos.
17. Empreenderل a conquista do reino do sul; farل um pacto com
seu rei e dar-lhe-ل sua filha como mulher, a fim de amenizar a ruيna
dessa terra; mas isso nمo darل resultado, e esse reino nمo lhe
pertencerل.
18. Depois voltar-se-ل contra as ilhas e tomarل diversas. Porém
um chefe militar porل fim à sua soberba, e fل-lo-ل pagar sua injْria.
19. Entمo voltar-se-ل contra as fortalezas de sua terra, mas
tropeçarل, cairل e acabarل desaparecendo.
20. No lugar deste ْltimo serل colocado um prيncipe, que enviarل
um fiscal ao paيs que é a jَia da terra. Em poucos dias ele serل
aniquilado, e nمo serل nem por efeito de cَlera nem de batalha.
21. Em seu lugar, elevar-se-ل um homem vil, sem nenhuma dignidade
real, que surgirل repentinamente e apossar-se-ل da realeza pelas suas
intrigas.
22. As tropas de invasمo serمo postas em fuga diante dele e
aniquiladas, bem como o chefe da aliança.
23. A despeito do pacto firmado com ele, agirل com perfيdia:
atacarل e triunfarل com poucos homens.
24. Invadirل inesperadamente as regiُes mais férteis da terra;
farل o que nunca fizeram seus pais nem os antepassados deles:
distribuirل com os seus os saques, despojos, riquezas; combinarل
ofensivas contra as fortalezas, mas apenas por um tempo.
25. Darل novo impulso a suas forças e a seu valor, atacando o rei
do sul com um exército considerلvel. Por seu lado, o rei do sul entrarل
na luta com um exército importante e valoroso, mas nمo poderل resistir
devido às intrigas urdidas contra ele.
26. Seus comensais o aniquilarمo; seu exército se dispersarل e
muitos homens cairمo feridos mortalmente.
27. Com o coraçمo repleto de desejos malévolos, os dois reis
enganar-se-مo mutuamente à volta da mesma mesa. Mas seus projetos
fracassarمo, porque o fim sَ virل no tempo determinado.
28. Volverل à sua terra com grandes riquezas. Seu coraçمo
meditarل o mal contra a santa aliança; cometê-lo-ل, depois entrarل
novamente em sua terra.
29. No tempo previsto atacarل de novo o sul: mas esta expediçمo
nمo serل semelhante à precedente.
30. Navios de Cetim o atacarمo e ele desanimarل. Dirigirل
novamente sua fْria contra a santa aliança, tomarل medidas contra ela,
fazendo um pacto com aqueles que a abandonarem.
31. Tropas sob sua ordem virمo profanar o santuلrio, a fortaleza;
farمo cessar o holocausto perpétuo e instalarمo a abominaçمo do
devastador.
32. Submeterل, com suas lisonjas, os violadores da aliança, mas a
multidمo daqueles que conhecem seu Deus manter-se-ل firme e resistirل.
33. Os homens doutos desse povo instruirمo um grande nْmero; mas,
durante algum tempo, perecerمo pela espada, fogo, cativeiro e pilhagem.
34. Enquanto forem caindo dessa maneira, serمo um tanto
amparados; e um bom nْmero unir-se-ل hipocritamente a eles.
35. Muitos desses sلbios sucumbirمo, a fim de que sejam provados,
purificados e branqueados até o termo final; ora, esse final sَ chegarل
no tempo marcado.
36. O rei farل entمo tudo o que desejar. Ensoberbecer-se-ل,
elevar-se-ل no seu orgulho acima de qualquer divindade; proferirل até
coisas inauditas contra o Deus dos deuses; prosperarل até que a cَlera
divina tenha chegado ao seu termo, porque o que estل decretado deverل
ser executado.
37. Nمo respeitarل nem os deuses de seus antepassados, nem a
deusa querida das mulheres, nem divindade alguma; julgar-se-ل superior a
todos.
38. Mas venerarل o deus das fortalezas, no prَprio local, um deus
desconhecido de seus antepassados, com ouro, prata, pedras preciosas e
jَias.
39. Com o auxيlio de um deus estranho, atacarل as muralhas das
fortalezas; aos que o reconhecerem, multiplicarل as honras,
conferir-lhes-ل autoridade sobre numerosos vassalos e distribuir-lhes-ل
terras em recompensa.
40. No final, o rei do sul e ele entrarمo em luta. O rei do norte
cairل sobre ele, como um furacمo, com carros, cavaleiros e uma frota
considerلvel. Entrarل na terra como uma torrente que transborda.
41. Invadirل o paيs que é a jَia da terra, onde muitos homens
cairمo. Mas os edomitas, os moabitas, e a maioria dos amonitas
escapar-lhe-مo.
42. Apoderar-se-ل de diferentes paيses; o Egito nمo lhe escaparل.
43. Pilharل os tesouros de ouro e de prata bem como tudo o que
houver de precioso no Egito. Os lيbios e os etيopes juntar-se-مo a ele.
44. Mas, alarmado pelas notيcias vindas do oriente e do norte,
retirar-se-ل como uma fْria, para destruir e exterminar uma multidمo de
povos.
45. Erguerل os pavilhُes de seu palلcio entre o mar e a nobre
montanha do santuلrio. Entمo alcançarل o termo de sua vida e ninguém lhe
prestarل socorro.
Capيtulo 12
1. Naquele tempo, surgirل Miguel, o grande chefe, o protetor dos
filhos do seu povo. Serل uma época de tal desolaçمo, como jamais houve
igual desde que as naçُes existem até aquele momento. Entمo, entre os
filhos de teu povo, serمo salvos todos aqueles que se acharem inscritos
no livro.
2. Muitos daqueles que dormem no pَ da terra despertarمo, uns
para uma vida eterna, outros para a ignomيnia, a infâmia eterna.
3. Os que tiverem sido inteligentes fulgirمo como o brilho do
firmamento, e os que tiverem introduzido muitos (nos caminhos) da
justiça luzirمo como as estrelas, com um perpétuo resplendor.
4. Quanto a ti, Daniel, guarda isso secreto, e conserva este
livro lacrado até o tempo final. Muitos daqueles que a ele recorrerem
verمo aumentar seu conhecimento.
5. Continuei a olhar. Vi dois outros personagens mantendo-se cada
um sobre uma das margens do rio.
6. Um deles disse ao homem vestido de linho que estava em cima do
rio: Para quando o fim dessas coisas prodigiosas?
7. Entمo ouvi o homem vestido de linho, que estava em cima do
rio, jurar, levantando para o céu sua mمo esquerda bem como sua mمo
direita: pelo eterno vivo, serل num tempo, tempos e na metade de um
tempo, no momento em que a força do povo santo for inteiramente rompida,
que todas estas coisas se cumprirمo.
8. Ouvi essas palavras, mas sem entendê-las. Meu senhor,
perguntei, qual serل a conclusمo de tudo isso?
9. Vamos, Daniel, respondeu; esses orلculos devem ficar fechados
e lacrados até o tempo final.
10. Muitos serمo limpos, acrisolados e provados. Os يmpios agirمo
com perversidade, mas nenhum deles compreenderل, enquanto que os sلbios
compreenderمo.
11. Desde o tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo e
quando for estabelecida a abominaçمo do devastador, transcorrerمo mil
duzentos e noventa dias.
12. Feliz quem esperar e alcançar mil trezentos e trinta e cinco
dias!
13. Quanto a ti, vai até o fim. Tu repousarلs e te levantarلs
para (receber) tua parte de herança, no fim dos tempos.
Capيtulo 13
1. Havia um homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia.
2. Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias,
de grande beleza, e piedosa,
3. porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais
honestos.
4. Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar.
Os judeus reuniam-se freqüentemente em casa dele, porque gozava de uma
particular consideraçمo entre seus compatriotas.
5. Haviam sido nomeados juيzes, naquele ano, dois anciمos do
povo, aos quais se aplicava bem a palavra do Senhor: A iniqüidade
surgiu, em Babilônia, de anciمos juيzes que passavam por dirigentes do
povo.
6. Esses dois personagens freqüentavam a casa de Joaquim, aonde
vinham consultل-los todos aqueles que tinham litيgio.
7. Lل pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora,
Suzana vinha passear no jardim de seu marido.
8. Os dois anciمos viam-na portanto todos os dias durante seu
passeio, tanto que se apaixonaram por ela e,
9. perdendo a justa noçمo das coisas, desviaram os olhos para nمo
ver mais o céu e nمo ter mais presente no espيrito a verdadeira regra de
comportamento.
10. Ambos foram atingidos pelo amor a Suzana, mas sem se
confiarem mutuamente sua emoçمo.
11. Tinham vergonha de declarar um ao outro o desejo que sentiam
de possuي-la.
12. Todos os dias, inquietos, procuravam avistل-la.
13. Uma vez disseram um ao outro: Vamos para casa; estل na hora
do almoço. Saيram cada um para seu lado.
14. Mas, havendo ambos retrocedido, encontraram-se novamente no
mesmo lugar. Perguntando um ao outro qual o motivo de sua volta,
confessaram-se sua concupiscência. Combinaram entمo um encontro onde a
pudessem surpreender sozinha.
15. Enquanto calculavam qual seria o momento propيcio, eis que
Suzana chegou como de costume, com duas empregadas, e tomou a resoluçمo
de banhar-se, pois fazia calor.
16. Lل nمo havia ninguém, salvo os dois anciمos escondidos, que a
espreitavam.
17. Trazei-me, disse ela às duas empregadas, َleo e ungüentos, e
fechai as portas do jardim, para eu me banhar.
18. O que elas fizeram por sua ordem. As portas do jardim estando
fechadas, saيram pela porta do fundo para ir buscar os objetos pedidos,
ignorando que os anciمos lل se achavam escondidos.
19. Apenas saيram, os dois homens precipitaram-se em direçمo de
Suzana.
20. As portas do jardim estمo fechadas, disseram-lhe, ninguém nos
vê. Ardemos de amor por ti. Aceita, e entrega-te a nَs.
21. Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem
contigo, e que foi por isso que fizeste sair tuas servas.
22. Suzana exclamou tristemente: Que angْstias me envolvem por
todos os lados! Consentir? Eu seria condenada à morte! Recusar? Nem
assim eu escaparia de vossas mمos!
23. Nمo! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mمos, do que
pecar contra o Senhor.
24. Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciمos gritavam
também contra ela.
25. E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.
26. Com essa balbْrdia, os criados precipitaram-se pela porta do
fundo para ver o que havia acontecido.
27. Os anciمos se puseram a falar, e os criados enrubesceram,
pois jamais nada de semelhante fora dito de Suzana.
28. No dia seguinte, os dois anciمos, cheios de criminosas
intençُes contra a vida de Suzana, vieram à reuniمo que se realizava em
casa de Joaquim, marido dela.
29. Disseram, diante da assembléia: Mandem buscar Suzana, filha
de Helcias, a mulher de Joaquim! Foram-na buscar,
30. e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua
famيlia.
31. Era delicada e bela de rosto.
32. Aqueles homens perversos exigiam que ela retirasse seu véu -
pois estava velada -, a fim de poderem (pelo menos) fartar-se de sua
beleza.
33. Os seus choravam, assim como seus amigos.
34. Os dois anciمos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a
mمo sobre sua cabeça,
35. enquanto ela, debulhada em lلgrimas, mas com o coraçمo cheio
de confiança no Senhor, olhava para o céu.
36. Os anciمos disseram entمo: Quando passeلvamos pelo jardim,
ela entrou com duas servas; depois fechou a porta e mandou embora suas
acompanhantes.
37. Entمo, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e
pecou com ela.
38. Nَs nos encontrلvamos num recanto do jardim. Diante de tal
desvergonhamento, corremos para eles e os surpreendemos em flagrante
delito.
39. Nمo pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que
nَs, e fugiu pela porta aberta.
40. Ela, nَs a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber
quem era o jovem, recusou-se a responder. Somos testemunhas do fato.
41. Confiando nesses homens, que eram anciمos e juيzes do povo,
condenaram Suzana à morte.
42. Entمo ela exclamou bem alto: Deus eterno, vَs que penetrais
os segredos, que conheceis os acontecimentos antes que aconteçam,
43. sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra
mim. Vou morrer, sem nada ter feito do que maldosamente inventaram de
mim.
44. Deus ouviu sua oraçمo.
45. Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espيrito
يntegro de um adolescente chamado Daniel,
46. que proclamou com vigor: Sou inocente da morte dessa mulher!
47. Todo mundo virou-se para ele: O que significa isso?,
perguntaram-lhe.
48. Entمo, no meio de um cيrculo que se formava, disse:
Israelitas, estais loucos! Eis que condenais uma israelita sem
interrogatَrio, sem conhecer a verdade!
49. Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a
declaraçمo desses dois homens contra ela.
50. O povo apressou-se em voltar. Os anciمos disseram a Daniel:
Vem sentar conosco e esclarece-nos, pois Deus te deu o privilégio da
velhice!
51. Separai-os um do outro, exclamou Daniel, e eu os julgarei.
Foram separados.
52. Entمo Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: Velho perverso!
Eis que agora aparecem os pecados que cometeste outrora em julgamentos
injustos,
53. condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto,
é Deus quem diz: nمo farلs morrer o inocente e o يntegro.
54. Vamos! Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual لrvore
os viste juntos. -"Debaixo de um lentisco", respondeu.
55. "سtimo!, continuou Daniel, eis a mentira, que pagarلs com tua
cabeça. Eis aqui o anjo do Senhor que, segundo a sentença divina, vai
dividir teu corpo pelo meio".
56. Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe:
Filho de Canaم! Tu nمo és judeu: foi a beleza que te seduziu, e a
concupiscência que te perverteu.
57. Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as
quais, por medo, entravam em relaçمo convosco. Mas eis uma filha de Judل
que nمo consentiu no vosso crime.
58. Vamos, dize-me sob qual لrvore os surpreendeste em
intimidade. Sob um carvalho.
59. سtimo!, respondeu Daniel, tu também proferiste uma mentira
que vai te custar a vida. Eis aqui o anjo do Senhor, que empunha a
espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer.
60. Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a
Deus por salvar aqueles que nele pُem sua esperança.
61. Toda a multidمo revoltou-se entمo contra os dois anciمos os
quais, por suas prَprias declaraçُes, Daniel provou terem dado falso
testemunho.
62. De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que
tinham querido infligir ao seu prَximo: foram mortos. Assim, naquele
dia, foi poupada uma vida inocente.
63. Helcias e sua mulher louvaram a Deus por sua filha Suzana,
com Joaquim, seu marido, e todos os seus parentes, pois nada de
desonesto havia sido encontrado em seu proceder.
64. E Daniel gozou, desde entمo, de uma alta consideraçمo entre
seus concidadمos.
65. Tendo-se reunido o rei Astيages a seus antepassados, Ciro, o
persa, subiu ao trono.
Capيtulo 14
1. Daniel era conviva do rei e o mais honrado de todos os seus
يntimos.
2. Ora, os babilônios tinham um يdolo chamado Bel, cuja despesa
diلria era de doze artabes de farinha, quarenta carneiros e seis medidas
de vinho.
3. O rei prestava culto ao يdolo e diariamente ia adorل-lo.
Daniel, porém, adorava seu Deus. O rei disse-lhe (um dia): Por que nمo
adoras Bel?
4. Porque, respondeu Daniel, nمo venero يdolo feito pela mمo do
homem, mas sim o Deus vivo que criou o céu e a terra e que exerce seu
poder sobre todo homem.
5. Assim sendo, continou o rei, Bel nمo te parece ser um deus
vivo! Nمo vês o que ele come e o que ele bebe todos os dias?
6. Daniel pôs-se a rir: Desengana-te, َ rei, disse ele, este deus
é de barro por dentro e de bronze por fora, e ele nunca comeu coisa
alguma.
7. Irritado, o rei mandou vir seus sacerdotes e lhes disse: Se
nمo me disserdes quem come essas oferendas, morrereis.
8. Mas se me provardes que é Bel quem as absorve, serل Daniel
quem morrerل, pois terل blasfemado contra ele. Daniel respondeu ao rei:
Que se faça segundo tu o dizes!
9. Os sacerdotes de Bel eram setenta em nْmero, sem contar suas
mulheres e filhos. O rei foi com Daniel ao templo de Bel.
10. Os sacerdotes disseram: Nَs saيmos. Manda trazer, َ rei, os
alimentos e o vinho misturado; depois fecha a porta e lacra-a com teu
sinete.
11. Se amanhم cedo, quando vieres ao templo, verificares que tudo
nمo foi comido por Bel, nَs morreremos; do contrلrio serل Daniel quem
nos terل caluniado.
12. Tinham completa confiança, porque debaixo da mesa haviam
feito uma abertura secreta, pela qual penetravam habitualmente para
consumir as oferendas.
13. Mas, apَs a saيda deles, quando o rei acabava de depor as
oferendas diante de Bel, Daniel ordenou aos criados trazerem cinza, a
qual espalhou pelo templo todo na presença do rei. A seguir saيram,
fecharam a porta e, depois de tê-la lacrado com o sinete real,
retiraram-se.
14. Durante a noite, os sacerdotes introduziram-se como de
costume (no templo) com suas mulheres e filhos, comeram e beberam tudo.
15. Ao amanhecer, o rei veio com Daniel.
16. Os selos, disse, estمo intactos, Daniel Intactos, َ rei.
17. Logo que a porta foi aberta, o rei olhou para a mesa e
exclamou: Tu és grande, َ Bel! Tu nمo nos enganaste.
18. Mas Daniel pôs-se a rir e impediu o rei de entrar mais
adiante. Olha o chمo, disse-lhe. De quem sمo estes passos?
19. Vejo de fato, respondeu o rei, passos de homens, de mulheres
e de crianças. E uma cَlera violenta apoderou-se dele.
20. Entمo mandou prender os sacerdotes com suas mulheres e
filhos, os quais lhe mostraram as entradas secretas por onde se
introduziam para vir consumir o que havia na mesa.
21. O rei mandou matل-los e pôs Bel à disposiçمo de Daniel que o
destruiu, assim como seu templo.
22. Lل havia também um grande dragمo, que os babilônios
veneravam.
23. O rei disse a Daniel: Pretenderلs também dizer que aquele é
de bronze? Vive, come, bebe. Tu nمo podes negar que seja um deus vivo.
24. Adora-o entمo. Eu adoro, replicou Daniel, unicamente o Senhor
meu Deus, porque ele é um Deus vivo.
25. س rei, dل-me licença para fazê-lo, e, sem espada nem bastمo,
matarei o dragمo. Eu ta concedo, disse o rei.
26. Entمo Daniel tomou breu, gordura e pêlos, cozinhou tudo
junto, e com isso fez umas bolas e meteu-as na boca do dragمo, que
estourou e morreu. Daniel exclamou: Eis aي o que adorلveis!
27. Quando os babilônios souberam, ficaram sumamente indignados,
e amotinaram-se contra o rei aos gritos de O rei tornou-se judeu!
Destruiu Bel; e (agora) fez perecer o dragمo e matar os sacerdotes.
28. Vieram à presença do rei e disseram-lhe: Entrega-nos Daniel;
do contrلrio, nَs te mataremos, bem como toda a tua famيlia.
29. Diante da violência com que o ameaçavam, o rei viu-se forçado
a entregar-lhes Daniel,
30. que eles jogaram à cova dos leُes, onde permaneceu seis dias.
31. Na cova havia sete leُes, aos quais davam cotidianamente dois
corpos (humanos) e dois carneiros. Porém, daquela vez, nada lhes foi
distribuيdo, a fim de que devorassem Daniel.
32. Ora, o profeta Habacuc vivia naquele tempo na Judéia. Acabava
de cozinhar um caldo e picava pمo dentro dele numa panela, para levل-lo
aos ceifadores no campo.
33. Mas um anjo do Senhor disse-lhe: Leva esta refeiçمo à
Babilônia, a Daniel, que se encontra na cova dos leُes.
34. Senhor, disse Habacuc, nunca vi Babilônia, e nمo conheço essa
cova.
35. Entمo o anjo, segurando-o pelo alto da cabeça, transportou-o
pelos cabelos, num fôlego, até Babilônia, em cima da cova.
36. Daniel, Daniel (chamou), toma a refeiçمo que Deus te envia.
37. E Daniel respondeu: س Deus, vَs pensastes em mim! Vَs nمo
abandonastes os que vos amam!
38. Depois disso pôs-se a comer, enquanto o anjo do Senhor
transportava de volta Habacuc a seu domicيlio.
39. Ao sétimo dia veio o rei chorar Daniel. Ao acercar-se da
cova, porém, olhou para dentro e aي avistou Daniel sentado.
40. E bem alto exclamou: Vَs sois grande, Senhor, Deus de Daniel.
Nمo existe outro Deus além de vَs!
41. Mandou retirل-lo da cova dos leُes e lل jogou todos aqueles
que haviam tentado eliminل-lo, os quais foram imediatamente devorados,
sob seus olhos.
42. Entمo disse o rei: Que todos os habitantes da terra
reverenciem o Deus de Daniel, porque é um salvador que opera sinais e
prodيgios em toda a terra, e salvou Daniel da cova dos leُes. |
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