Bيblia - Antigo Testamento
 
34-   Daniel
Bيblia
Antigo Testamento
 
Capيtulo
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Capيtulo 1

1. No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judل, Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio sitiar Jerusalém.
2. O Senhor entregou-lhe Joaquim, rei de Judل, bem como parte dos objetos do templo, que Nabucodonosor transportou para a terra de Senaar, para o templo de seu deus: foi na sala do tesouro do templo de seu deus que ele os colocou.
3. O rei deu ordem ao chefe de seus eunucos, Asfenez, para trazer-lhe jovens israelitas, oriundos de raça real ou de famيlia nobre,
4. isentos de qualquer tara corporal, bem proporcionados, dotados de toda espécie de boas qualidades, instruيdos, inteligentes, aptos a ingressarem (nos serviços do) palلcio real; ser-lhes-ia ensinado a escrever e a falar a lيngua dos caldeus.
5. O rei destinou-lhes uma provisمo cotidiana, retirada das iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia. A formaçمo deles devia durar três anos, apَs o que entrariam a serviço do rei.
6. Entre eles encontravam-se alguns judeus: Daniel, Ananias, Misael e Azarias.
7. O chefe dos eunucos deu-lhes outros nomes: a Daniel, o de Baltasar; a Ananias, o de Sidrac; a Misael, o de Misac; e a Azarias, o de Abdênago.
8. Daniel tomou a resoluçمo de nمo se contaminar com os alimentos do rei e com seu vinho. Pediu ao chefe dos eunucos para deles se abster.
9. Este, graças a Deus, tomado de benevolência para com Daniel, atendeu-o de boa vontade,
10. mas disse-lhe: Temo que o rei, meu senhor, que estabeleceu vossa alimentaçمo e vossa bebida, venha a notar vossas fisionomias mais abatidas do que as dos outros jovens de vossa idade, e que por vossa causa eu me exponha a uma repreensمo da parte do rei.
11. Mas Daniel disse ao dispenseiro a quem o chefe dos eunucos havia confiado o cuidado de Daniel, Ananias, Misael e Azarias:
12. Rogo-te, faze uma experiência de dez dias com teus servos: que sَ nos sejam dados legumes a comer e لgua a beber.
13. Depois entمo compararلs nossos semblantes com os dos jovens que se alimentam com as iguarias da mesa real, e farلs com teus servos segundo o que terلs observado.
14. O dispenseiro concordou com essa proposta e os submeteu à prova durante dez dias.
15. No final deste prazo, averiguou-se que tinham melhor aparência e estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias da mesa real.
16. Em conseqüência disso o dispenseiro retirava os alimentos e o vinho que lhes eram destinados, e mandava servir-lhes legumes.
17. A esses quatro jovens, Deus concedeu talento e saber no domيnio das letras e das ciências. Daniel era particularmente entendido na interpretaçمo de visُes e sonhos.
18. Ao fim do prazo fixado pelo rei para a apresentaçمo, o chefe dos eunucos introduziu-os na presença de Nabucodonosor,
19. o qual palestrou com eles. Entre todos os jovens nenhum houve que se comparasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Por isso entraram eles a serviço do rei.
20. Em qualquer negَcio que necessitasse de sabedoria e sutileza, e que o rei os consultasse, este achava-os dez vezes superiores a todos os escribas e mلgicos do reino.
21. (Assim) viveu Daniel até o primeiro ano do reinado de Ciro.

 
Capيtulo 2

1. No segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos que lhe perturbaram a tal ponto o espيrito, que perdeu o sono.
2. Mandou chamar os escribas, os mلgicos, os feiticeiros e os caldeus para lhe fazerem a interpretaçمo. Estes vieram apresentar-se diante do rei.
3. Tive um sonho, disse-lhes, e meu espيrito se consome à procura do significado.
4. Os caldeus responderam ao rei (em lيngua aramaica): Senhor, longa vida ao rei! Narra teu sonho para que teus servos dêem a interpretaçمo.
5. O rei disse aos caldeus: para mim é coisa decidida: se nمo me explicardes o conteْdo do sonho bem como sua significaçمo, sereis estraçalhados e vossas casas reduzidas a um montمo de imundيcies.
6. Mas se me revelardes tanto o conteْdo quanto a significaçمo do sonho, recebereis de mim donativos, presentes e grandes testemunhos de honra. Portanto, dizei-me meu sonho e o que ele significa.
7. De novo responderam: Que o rei narre o sonho a seus servos e nَs faremos a interpretaçمo.
8. Sei agora perfeitamente, continou o rei, que procurais ganhar tempo, porque sabeis que estou bem decidido
9. a aplicar-vos a dita sentença, se nمo me revelardes o conteْdo de meu sonho. Estais combinados a mentir-me e a enganar-me, esperando que as circunstâncias mudem. Vamos, dizei-me o que sonhei e eu saberei se sois capazes de dar a interpretaçمo.
10. Os caldeus deram ao rei esta resposta: Nمo hل homem algum sobre a terra que possa fazer o que exige o rei. E, de fato, jamais rei algum, por maior e mais poderoso que tenha sido, pediu tamanha coisa a um escriba, mلgico ou caldeu.
11. A questمo proposta pelo rei é difيcil e ninguém poderia dar a soluçمo ao rei, a nمo ser os deuses que estمo excluيdos do trato com os seres carnais.
12. Com isso, o rei encolerizou-se e, na sua fْria, deu ordem para matarem todos os sلbios de Babilônia.
13. A sentença foi publicada e o massacre dos sلbios começou. Procuravam Daniel e seus comapanheiros para matل-los,
14. quando este dirigiu a Arioc, chefe da guarda do rei, que havia saيdo para executar todos os sلbios babilônios, palavras cheias de prudência e sabedoria:
15. Por que, perguntou-lhe, uma sentença tمo severa da parte do rei? Arioc expôs-lhe o assunto,
16. e logo Daniel decidiu-se ir ao rei, para pedir-lhe a concessمo de uma prorrogaçمo: daria entمo ao rei a interpretaçمo (pedida).
17. Logo que voltou do rei, Daniel pôs a par do assunto seus companheiros Ananias, Misael e Azarias.
18. Pediu-lhes para implorarem a misericَrdia do Deus dos céus a respeito desse enigma, a fim de que nمo matassem Daniel e seus companheiros com o resto de Babilônia.
19. O mistério foi entمo revelado a Daniel numa visمo noturna. Pelo que, bendizendo o Deus dos céus,
20. Daniel expressou-se como segue: Bendito seja o nome de Deus de eternidade em eternidade, porque a ele pertencem a sabedoria e o poder!
21. ة ele quem faz mudar os tempos e as circunstâncias; é ele quem depُe os reis e os enaltece; é ele quem dل sabedoria aos sلbios e talento aos inteligentes.
22. ة ele quem revela os profundos e secretos mistérios, quem conhece o que estل mergulhado nas trevas, junto ao qual habita a luz.
23. س Deus de meus pais, eu vos exalto e vos louvo, porque vَs me destes a prudência e a força, e porque vَs nos manifestastes o que vos pedimos, revelando-nos o sonho do rei.
24. Depois disso, Daniel foi procurar Arioc, a quem o rei tinha incumbido do massacre dos sلbios de Babilônia. E falou-lhe assim: Nمo mandes matar os sلbios de Babilônia. Introduze-me à presença do rei para que eu lhe dê a explicaçمo.
25. Arioc apressou-se em conduzir Daniel junto ao rei, dizendo-lhe: Achei, entre os deportados da Judéia, um homem que darل ao rei a explicaçمo desejada.
26. O rei dirigiu a palavra a Daniel (que tinha o cognome de Baltazar): ةs realmente capaz, disse-lhe, de desvendar-me o sonho que tive e fornecer-me a interpretaçمo?
27. O mistério cuja revelaçمo o rei pede, respondeu Daniel ao rei, nem os sلbios, nem os mلgicos, nem os feiticeiros, nem os astrَlogos sمo capazes de revelar-lhos.
28. Mas no céu existe um Deus que desvenda os mistérios, o qual quis revelar ao rei Nabucodonosor o que deve suceder no decorrer dos tempos. Eis, portanto, teu sonho e as visُes que se apresentaram a teu espيrito quando estavas em teu leito.
29. Senhor, os pensamentos que vieram ao teu espيrito, enquanto estavas em teu leito, sمo previsُes do futuro: aquele que revela os mistérios mostrou-te o futuro.
30. Quanto a mim, se esse mistério me foi desvendado, nمo é que haja mais sabedoria em mim do que nos outros homens, mas para eu dar ao rei a interpretaçمo, a fim de que se faça luz nos pensamentos do teu coraçمo.
31. Senhor: contemplavas, e eis que uma grande, uma enorme estلtua erguia-se diante de ti; era de um magnيfico esplendor, mas de aspecto aterrador.
32. Sua cabeça era de fino ouro, seu peito e braços de prata, seu ventre e quadris de bronze,
33. suas pernas de ferro, seus pés metade de ferro e metade de barro.
34. Contemplavas (essa estلtua) quando uma pedra se descolou da montanha, sem intervençمo de mمo alguma, veio bater nos pés, que eram de ferro e barro, e os triturou.
35. Entمo o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram com a mesma pancada reduzidos a migalhas, e, como a palha que voa da eira durante o verمo, foram levados pelo vento sem deixar traço algum, enquanto que a pedra que havia batido na estلtua tornou-se uma alta montanha, ocupando toda a regiمo.
36. Eis o sonho. Agora vamos dar ao rei a interpretaçمo.
37. Senhor: tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu realeza, poder, força e glَria;
38. a quem ele deu o domيnio, onde quer que habitem, sobre os homens, os animais terrestres e os pلssaros do céu, tu és a cabeça de ouro.
39. Depois de ti surgirل um outro reino menor que o teu, depois um terceiro reino, o de bronze, que dominarل toda a terra.
40. Um quarto reino serل forte como o ferro: do mesmo modo que o ferro esmaga e tritura tudo, da mesma maneira ele esmagarل e pulverizarل todos os outros.
41. Os pés e os dedos, parte de terra argilosa de modelar, parte de ferro, indicam que esse reino serل dividido: haverل nele algo da solidez do ferro, jل que viste ferro misturado ao barro.
42. Mas os dedos, metade de ferro e metade de barro, mostram que esse reino serل ao mesmo tempo sَlido e frلgil.
43. Se viste o ferro misturado ao barro, é que as duas partes se aliarمo por casamentos, sem porém se fundirem inteiramente, tal como o ferro que nمo se amalgama com o barro.
44. No tempo desses reis, o Deus dos céus suscitarل um reino que jamais serل destruيdo e cuja soberania jamais passarل a outro povo: destruirل e aniquilarل todos os outros, enquanto que ele subsistirل eternamente.
45. Foi o que pudeste ver na pedra deslocando-se da montanha sem a intervençمo de mمo alguma, e reduzindo a migalhas o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. Deus, que é grande, dل a conhecer ao rei a sucessمo dos acontecimentos. O sonho é bem exato, e sua interpretaçمo é digna de fé.
46. Nesse instante, o rei Nabucodonosor atirou-se de rosto em terra, prostrado diante de Daniel; depois ordenou que lhe fossem oferecidos oblaçُes e perfumes.
47. Dirigindo-se a Daniel, disse o rei: Vosso Deus é verdadeiramente o Deus dos deuses, o Senhor dos reis; é também o revelador dos mistérios, jل que pudeste revelar este.
48. O rei elevou Daniel em dignidade, deu-lhe numerosos e ricos presentes; constituiu-o governador de toda a provيncia de Babilônia e o tornou chefe supremo de todos os sلbios de Babilônia.
49. Daniel pediu ao rei e confiou a Sidrac, Misac e Abdênago a administraçمo da provيncia de Babilônia. E Daniel permaneceu na corte real.

 
Capيtulo 3

1. O rei Nabucodonosor fez uma estلtua de ouro, de sessenta côvados de altura e seis de largura, e erigiu-a na planيcie de Dura, na provيncia de Babilônia.
2. Depois convidou os sلtrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juيzes e todas as autoridades das provيncias, a comparecerem à inauguraçمo da estلtua ereta pelo rei Nabucodonosor.
3. Assim sendo, reuniram-se os sلtrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juيzes e todas as autoridades das provيncias para a inauguraçمo da estلtua ereta pelo rei, diante da qual todos permaneceram de pé.
4. Entمo foi feita por um arauto a seguinte proclamaçمo: Povos, naçُes, (gentes de todas) as lيnguas, eis o que se traz a vosso conhecimento:
5. no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de mْsica, vَs vos prostrareis em adoraçمo diante da estلtua de ouro ereta pelo rei Nabucodonosor.
6. Quem nمo se prostrar para adorل-la serل precipitado sem demora na fornalha ardente!
7. Assim, logo que as pessoas ouviram o som da trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de mْsica, prosternaram-se todos, povos, naçُes e gentes de todas as lيnguas, em adoraçمo diante da estلtua de ouro ereta pelo rei Nabucodonosor.
8. Nesse mesmo momento, alguns caldeus aproximaram-se para caluniar os judeus.
9. Dirigiram-se ao rei Nabucodonosor: Senhor, disseram, longa vida ao rei!
10. Tu mesmo, َ rei, proclamaste por edital, que qualquer homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de mْsica teria de prostrar-se em adoraçمo diante da estلtua de ouro,
11. e quem se recusasse seria precipitado na fornalha ardente.
12. Pois bem, hل aي alguns judeus, a quem confiaste a administraçمo da provيncia de Babilônia, Sidrac, Misac e Abdênago, os quais nمo tomaram conhecimento do teu edito, َ rei: nمo rendem culto algum a teus deuses e nمo adoram a estلtua que erigiste.
13. Nabucodonosor, dominado por uma cَlera violenta, ordenou o comparecimento de Sidrac, Misac e Abdênago, os quais foram imediatamente trazidos à presença do rei.
14. Nabucodonosor disse-lhes: ة verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que recusais o culto a meus deuses e a adoraçمo à estلtua de ouro que erigi?
15. Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cيtara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de mْsica, a vos prostrardes em adoraçمo diante da estلtua que eu fiz?... Se nمo o fizerdes, sereis precipitados de relance na fornalha ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos de minha mمo?
16. Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: De nada vale responder-te a esse respeito.
17. Se assim deve ser, o Deus a quem nَs servimos pode nos livrar da fornalha ardente e mesmo, َ rei, de tua mمo.
18. E mesmo que nمo o fizesse, saibas, َ rei, que nَs nمo renderemos culto algum a teus deuses e que nَs nمo adoraremos a estلtua de ouro que erigiste.
19. Entمo a fْria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.
20. Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar Sidrac, Misac e Abdênago, e jogل-los na fornalha ardente.
21. Esses homens foram entمo imediatamente amarrados com suas tْnicas, vestes, mantos e suas outras roupas, e jogados na fornalha ardente.
22. Mas os homens que, por ordem urgente do rei, tinham superaquecido a fornalha e lل jogado Sidrac, Misac e Abdênago, foram mortos pelas chamas,
23. no momento em que eram precipitados na fornalha os três jovens amarrados.
24. Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o Senhor.
25. Azarias, em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oraçمo:
26. Sede bendito e louvado, Senhor, Deus de nossos pais! Que vosso nome seja glorioso pelos séculos!
27. Vَs vois justo em todo o vosso proceder; vossas obras sمo justas, vossos caminhos sمo retos, vossos julgamentos sمo eqüitativos.
28. Exercestes um julgamento eqüitativo em tudo aquilo que nos infligistes e em tudo aquilo que infligistes à cidade santa de nossos pais, Jerusalém; foi em conseqüência de um julgamento eqüitativo que vَs nos infligistes tudo isso por causa de nossos pecados.
29. Pecamos, erramos afastando-nos de vَs; em tudo agimos mal.
30. Nمo obedecemos a vossos preceitos, nمo os pusemos em prلtica, nمo observamos as leis que nos destes para nossa felicidade.
31. Em todos os males que enviastes sobre nَs, em tudo que nos infligistes, foi um justo julgamento que exercestes,
32. (mesmo) entregando-nos nas mمos de inimigos injustos, de يmpios enfurecidos, às mمos de um rei, o mais inيquo e o mais perverso de toda a terra.
33. Agora nمo ousamos nem mesmo abrir a boca: vergonha e ignomيnia para vossos servos e a nَs que vos adoramos.
34. Pelo amor de vosso nome, nمo nos abandoneis para sempre; nمo destruais de modo algum vossa aliança.
35. Nمo nos retireis vossa misericَrdia em consideraçمo a Abraمo, vosso amigo, Isaac, vosso servo, Israel, vosso santo,
36. aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e a areia que se encontra à beira do mar.
37. Senhor, fomos reduzidos a nada diante das naçُes, fomos humilhados diante de toda a terra: tudo, devido a nossos pecados!
38. Hoje, jل nمo hل prيncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifيcio, nem oblaçمo, nem incenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primيcias e encontrar misericَrdia.
39. Entretanto, que a contriçمo de nosso coraçمo e a humilhaçمo de nosso espيrito nos permita achar bom acolhimento junto a vَs, Senhor,
40. como (se nَs nos apresentلssemos) com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifيcio em vossa presença! Que possa (reconciliar-nos) convosco, porque nenhuma confusمo existe para aqueles que pُem em vَs sua confiança.
41. ة de todo nosso coraçمo que nَs vos seguimos agora, que nَs vos reverenciamos, que buscamos vossa face.
42. Nمo nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa misericَrdia.
43. Ponde em execuçمo vossos prodيgios para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glَria.
44. Que sejam entمo confundidos aqueles que maltratam vossos servos, que eles sofram a vergonha de ver a ruيna de seu poderio e o aniquilamento de sua força.
45. Assim saberمo que sois o Senhor, o Deus ْnico e glorioso sobre toda a superfيcie da terra.
46. Enquanto isso, os homens do rei, que os haviam lل jogado, nمo cessavam de alimentar a fornalha com nafta, estopa, resina e lenha seca.
47. Entمo, as chamas, subindo a quarenta e nove côvados acima da fornalha,
48. ultrapassaram a grade e queimaram os caldeus que se achavam perto.
49. Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à fornalha e afastava o fogo.
50. Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor dor.
51. Entمo os três jovens elevaram suas vozes em unيssono para louvar, glorificar e bendizer a Deus dentro da fornalha, neste cântico:
52. Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais, digno de louvor e de eterna glَria! Que seja bendito o vosso santo nome glorioso, digno do mais alto louvor e de eterna exaltaçمo!
53. Sede bendito no templo de vossa glَria santa, digno do mais alto louvor e de eterna glَria!
54. Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, e por estardes sentado sobre os querubins, digno do mais alto louvor e de eterna exaltaçمo!
55. Sede bendito sobre vosso régio trono, digno do mais alto louvor e de eterna exaltaçمo!
56. Sede bendito no firmamento dos céus, digno do mais alto louvor e de eterna glَria!
57. Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
58. Céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
59. Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
60. ءguas e tudo o que estل sobre os céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
61. Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
62. Sol e lua, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
63. Estrelas dos céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
64. Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
65. س vَs, todos os ventos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
66. Fogo e calor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
67. Frio e geada, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
68. Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
69. Frios e aragens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
70. Gelos e neves, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
71. Noites e dias, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
72. Luz e trevas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
73. Raios e nuvens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
74. Que a terra bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
75. Montes e colinas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
76. Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
77. Mares e rios, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
78. Fontes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
79. Monstros e animais que vivem nas لguas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
80. Pلssaros todos do céu, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
81. Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
82. E vَs, homens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
83. Que Israel bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
84. Sacerdotes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
85. Vَs que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
86. Espيritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
87. Santos e humildes de coraçمo, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
88. Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente, porque ele nos livrou da permanência nas trevas, salvou-nos da mمo da morte; tirou-nos da fornalha ardente, e arrancou-nos do meio das chamas.
89. Glorificai o Senhor porque ele é bom, porque eterna é a sua misericَrdia.
90. Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses, louvai-o, glorificai-o, porque é eterna a sua misericَrdia!
91. Entمo Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente, dizendo a seus conselheiros: Nمo foram três homens amarrados que jogamos no fogo? Certamente, majestade, responderam. _
92. Pois bem, replicou o rei, eu vejo quatro homens soltos, que passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um filho dos deuses.
93. Dito isto, Nabucodonosor, aproximando-se da porta da fornalha, exclamou: Sidrac, Misac, Abdênago, servos do Deus Altيssimo, saي, vinde! Entمo Sidrac, Misac e Abdênago saيram do meio do fogo.
94. Os sلtrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros do rei, em grupos à volta, verificaram que o fogo nمo tinha tocado nos corpos desses homens, que nenhum cabelo de suas cabeças tinha sido queimado, que suas vestes nمo tinham sido estragadas e que eles nمo traziam nem indيcio do odor de fogo!
95. Nabucodonosor tomou a palavra: Bendito seja, disse, o Deus de Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus servos, os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo as ordens do rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em adoraçمo diante de um deus que nمo era o seu.
96. (Em conseqüência) dou ordem, que todo homem, pertencente a qualquer povo, naçمo ou lيngua, que ousar falar mal, seja o que for, contra o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, seja despedaçado e sua casa reduzida a um montمo de imundيcies; porque nمo hل outro deus capaz de realizar uma libertaçمo assim!
97. Depois o rei ainda melhorou a situaçمo de Sidrac, Misac e Abdênago na provيncia de Babilônia.
98. Do rei Nabucodonosor a todos os povos, naçُes e pessoas de todas as lيnguas que habitam a terra, felicidade e prosperidade!
99. Pareceu-me bom fazer-vos conhecer os milagres e prodيgios que o Deus Altيssimo operou em mim.
100. Oh! como sمo grandes seus milagres e como sمo poderosos seus prodيgios! Seu reinado é um reinado eterno, e sua dominaçمo perdura de geraçمo em geraçمo.

 
Capيtulo 4

1. Eu, Nabucodonosor, vivia tranqüilo em minha casa e prَspero em meu palلcio.
2. Tive um sonho que me assustou; os pensamentos que perpassavam pelo meu espيrito quando no meu leito, bem como minhas visُes, perturbaram-me.
3. Dei ordem para que fizessem vir à minha presença todos os sلbios de Babilônia, a fim de que me dessem a interpretaçمo de meu sonho.
4. Entمo acudiram os magos, os mلgicos, os caldeus e os astrَlogos, aos quais contei esse sonho, sem que eles todavia pudessem indicar-me o sentido.
5. Finalmente apresentou-se diante de mim Daniel, cognominado Baltazar, segundo o nome de meu deus, e em quem reside o espيrito dos deuses santos. Narrei-lhe o sonho:
6. Baltazar, disse-lhe, chefe dos magos, sei que reside em ti o espيrito dos deuses santos e que nenhum mistério te confunde. Dize-me entمo as visُes que tive em sonho; dل-me a explicaçمo.
7. Tais eram as visُes do meu espيrito, quando no meu leito: eu via, no meio da regiمo, uma لrvore de alto porte.
8. Esta لrvore cresceu, era vigorosa. O cimo tocava o céu, era avistada até nos confins da terra.
9. Sua folhagem era bela, e seus abundantes frutos forneciam a todos o que comer. ہ sua sombra abrigavam-se os animais terrestres, nos seus ramos permaneciam os pلssaros do céu e toda criatura tirava dela seu sustento!
10. Nas visُes de meu espيrito, quando no meu leito, vi (também) um santo vigilante que descia do céu,
11. e começou a gritar com voz possante; derrubai a لrvore, desgalhai-a; fazei cair as folhas e dispersai seus frutos. Que os animais fujam de debaixo dela, que os pلssaros abandonem seus ramos.
12. Entretanto, deixai permanecer na terra o tronco e as raيzes, mas atados por correntes de ferro e de bronze. Que seja molhado pelo orvalho do céu e tenha seu quinhمo de erva com os animais terrestres.
13. Que se mude seu espيrito; que em lugar de um espيrito humano lhe seja dado um espيrito animal e sete tempos passem sobre ele!
14. Esta sentença é um decreto dos vigilantes, esta resoluçمo é uma ordem dos santos, a fim de que os vivos saibam que o Altيssimo domina sobre a realeza humana, e a confere a quem lhe apraz e pode a ela elevar o mais abjeto dos mortais.
15. Eis o sonho que tive, eu, o rei Nabucodonosor. Portanto tu, Baltazar, dل-me a interpretaçمo dele, porque nenhum dos sلbios de meu reino foi capaz de fazê-lo. Tu o podes, porque em ti habita o espيrito dos deuses santos.
16. Entمo Daniel (cognominado Baltazar) permaneceu alguns instantes perdido no tumulto de seus pensamentos, e o rei prosseguiu: Baltazar, este sonho e sua significaçمo nمo devem perturbar-te! Meu senhor, replicou Daniel, possa o sonho ser para teus inimigos, e sua significaçمo para teus adversلrios!
17. A لrvore que viste crescer e tornar-se bela, cujo cimo tocava o céu e era avistada dos confins da terra,
18. esta لrvore de bela folhagem, de frutos abundantes que a todos dava o que comer, sob a qual viviam os animais terrestres, e em cujos ramos abrigavam-se os pلssaros do céu,
19. esta لrvore, és tu senhor, que te tornaste grande e poderoso, cuja altura crescente atingiu os astros, cuja dominaçمo estende-se até os confins da terra.
20. Por outro lado, o rei viu um santo vigilante descer do céu e exclamar: derrubai a لrvore, desgalhai-a; mas deixai na terra o tronco e as raيzes, se bem que atadas por correntes de ferro e de bronze no meio da erva do campo. Que seja molhado pelo orvalho do céu e viva com os animais terrestres até que sete tempos hajam passado sobre ele. Eis o que isto significa:
21. trata-se aي, َ rei, de um decreto do Altيssimo concernente ao rei, meu senhor:
22. Expulsar-te-مo de entre os homens para te fazer habitar com os animais do campo; pastarلs ervas como os bois e serلs molhado pelo orvalho do céu. Sete tempos passarمo sobre ti, até que reconheças o domيnio do Altيssimo sobre a realeza humana o qual a confere a quem lhe apraz.
23. Se foi ordenado deixar intatos o tronco da لrvore e suas raيzes, é que tua realeza te serل restituيda logo que reconheças a soberania do céu.
24. Queiras entمo, َ rei, aceitar meu conselho: resgata teu pecado pela justiça, e tuas iniqüidades pela piedade para com os infelizes; talvez com isso haja um prolongamento de tua prosperidade.
25. Tudo isso aconteceu ao rei Nabucodonosor.
26. Doze meses mais tarde, o rei, passeando (nos terraços) do palلcio real,
27. fazia esta reflexمo: eis aي verdadeiramente a grande Babilônia, que construي para fazer dela uma mansمo real por meu poder soberano, e para servir à glَria de minha majestade!
28. Falava ainda, quando uma voz baixou do céu: anunciam a ti, rei Nabucodonosor, que teu reino te foi arrebatado.
29. Vمo expulsar-te dentre os homens para te fazer viver entre os animais dos campos; pastarلs ervas como os bois. Sete tempos passarمo sobre ti, até que reconheças que o Altيssimo domina sobre a realeza humana e que a confere a quem lhe apraz.
30. No mesmo momento, o orلculo pronunciado sobre Nabucodonosor cumpriu-se; ele foi expulso dentre os homens e pastou ervas como os bois; seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu. Seu pêlo cresceu como penas de لguia e suas unhas, como unhas de pلssaro.
31. Ao terminar os dias marcados, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos para o céu. A razمo voltou-me e eu bendisse o Altيssimo; louvei e glorifiquei aquele que vive eternamente, cuja dominaçمo é perpétua, cujo reino subsiste de idade em idade.
32. Diante dele nenhum habitante da terra tem importância; age como quer tanto em se tratando do exército celestial quanto em relaçمo aos habitantes terrenos. Ninguém pode bater-lhe na mمo e perguntar-lhe: Que fazeis aي?
33. Nesse mesmo instante a razمo me foi restituيda, com o brilho de minha realeza, minha majestade e meu esplendor. Meus conselheiros e meus nobres vieram procurar-me; fui reintegrado à frente do meu reino e meu poder achou-se aumentado.
34. Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico o rei do céu, cujas obras sمo todas justas e cujos caminhos sمo retos, e que tem o poder de humilhar aqueles que procedem com orgulho.

 
Capيtulo 5

1. O rei Baltazar deu uma festa para seus mil nobres, em presença dos quais pôs-se a beber vinho.
2. Excitado pela bebida, mandou trazer os vasos de ouro e de prata que seu pai Nabucodonosor tinha arrebatado ao templo de Jerusalém, a fim de que o rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas deles se servissem para beber.
3. Trouxeram entمo os vasos de ouro que tinham sido arrebatados ao templo de Deus em Jerusalém. O rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas beberam neles
4. e, depois de terem bebido vinho, entoaram o louvor aos deuses de ouro e prata, bronze, ferro, madeira e pedra.
5. Ora, nesse momento, eis que surgiram dedos de mمo humana a escrever, defronte do candelabro, no revestimento da parede do palلcio real. O rei, à vista dessa mمo que escrevia,
6. mudou de cor; pensamentos tétricos assaltaram-no; os mْsculos de seus rins relaxaram-se e seus joelhos entrechocaram-se.
7. Gritou violentamente que mandassem vir os magos, os caldeus e os astrَlogos. Mandou-lhes dizer: Aquele que decifrar essa inscriçمo e me der o sentido dela serل revestido de pْrpura, usarل ao pescoço um colar de ouro e tomarل o terceiro lugar no governo do reino.
8. Todos os sلbios do rei entraram na sala, mas foram incapazes de ler a inscriçمo e dar seu significado ao rei.
9. Baltazar ficou muito assustado, seu rosto mudou de cor; seus nobres sentiam-se constrangidos.
10. Mas a rainha, (atraيda pelo) barulho das palavras do rei e dos nobres, entrou na sala do festim: س rei, disse, vive para sempre! Nمo te deixes atemorizar pelas tuas idéias; nمo mudes assim de cor.
11. Hل no teu reino um homem no qual habita o espيrito dos deuses santos. Quando teu pai era vivo, encontrava-se nele uma luz, uma inteligência e uma sabedoria comparلveis à sabedoria dos deuses. Por isso o rei Nabucodonosor, teu pai, tinha-o nomeado chefe dos escribas, dos magos, dos caldeus e dos astrَlogos;
12. havia-se descoberto nesse Daniel (cognominado Baltazar pelo rei) um espيrito superior, uma ciência e uma penetraçمo (particular) para interpretar os sonhos, explicar os enigmas e resolver as dificuldades. Que se chame logo Daniel, e ele darل o significado da inscriçمo.
13. Daniel foi entمo introduzido diante do rei, o qual lhe disse: és realmente Daniel, o deportado de Judل, que meu pai trouxe aqui da Judéia?
14. Ouvi dizer a teu respeito que o espيrito dos deuses habita em ti e que se encontram em ti uma luz, uma inteligência e uma sabedoria singulares.
15. Acabam de introduzir diante de mim os sلbios e os magos para ler esta inscriçمo e descobrir o seu significado. Nمo puderam dar-me a significaçمo dessas palavras.
16. Ora, asseguraram-me que tu és mestre na arte das interpretaçُes e das soluçُes de enigmas. Portanto, se puderes ler esse texto e me dar o seu significado, serلs revestido de pْrpura, usarلs ao pescoço um colar de ouro e ocuparلs o terceiro lugar no governo do reino.
17. Respondeu Daniel ao rei: Guarda teus presentes; concede-os a outros! Lerei, todavia, este texto ao rei e dar-lhe-ei o significado.
18. س rei, o Deus Altيssimo havia outorgado a Nabucodonosor, teu pai, realeza, grandeza, glَria e majestade.
19. Em razمo dessa grandeza que lhe era conferida, todos os povos, todas as naçُes e pessoas de todas as lيnguas tremiam de medo diante dele. Mandava matar quem queria; deixava viver quem desejava; elevava e rebaixava quem lhe aprazia.
20. Mas, seu coraçمo, tendo-se engrandecido e seu espيrito, tendo-se endurecido na presunçمo, foi deposto de seu trono e despojado de sua glَria.
21. Foi expulso do meio dos homens e, tornando-se seu coraçمo, semelhante ao dos animais, ficou em companhia dos animais selvagens, pastando ervas como os bois; e seu corpo foi molhado pelo orvalho do céu, até que ele reconhecesse que o Deus Altيssimo domina sobre a realeza humana, e aي eleva a quem bem lhe apraz.
22. Tu, Baltazar, seu filho, também sabias tudo isso e nمo humilhaste teu coraçمo.
23. Tu te ergueste contra o Senhor do céu. Trouxeram-te os vasos de seu templo, nos quais bebestes o vinho, tu, teus nobres, tuas mulheres e tuas concubinas. Deste louvor aos deuses de prata e ouro, bronze, ferro, madeira e pedra, cegos, surdos e impassيveis, em lugar de dar glَria ao Deus de quem depende o teu sopro (vital) e todo teu destino.
24. Assim, por ordem sua, essa mمo foi enviada e essas palavras foram traçadas.
25. O texto aqui escrito (se lê): MENت, TEQUEL e PERتS.
26. Eis o significado dessas palavras: MENت - Deus contou (os anos) de teu reinado e nele pُe um fim;
27. TEQUEL - foste pesado na balança e considerado leve demais;
28. PERتS - teu reino vai ser dividido e entregue aos medos e persas.
29. Entمo, por ordem de Baltazar, Daniel foi revestido de pْrpura; colocaram-lhe ao pescoço um colar de ouro e publicou-se que ele ocuparia o terceiro lugar no governo do reino.
30. (Mas) nessa mesma noite, Baltazar, rei dos caldeus, foi morto.

 
Capيtulo 6

1. Dario, o medo, recebeu a realeza mais ou menos com a idade de sessenta e dois anos.
2. Aprouve a Dario, o medo, constituir e espalhar por todo o seu reino cento e vinte sلtrapas,
3. submetidos a três ministros um dos quais era Daniel), a quem eles teriam de prestar contas, a fim de que os interesses do rei nunca fossem lesados.
4. Ora, Daniel, devido à superioridade de seu espيrito, levava vantagem sobre os ministros e sلtrapas e com isso o rei sonhava em pô-lo à frente de todo o reino.
5. Por isso, ministros e sلtrapas procuravam um meio de acusar Daniel em relaçمo à sua administraçمo. Mas nمo puderam descobrir pretexto algum, nem falta, porque ele era يntegro e nada de faltoso e repreensيvel se encontrava nele.
6. Esses homens disseram entمo: Nمo acharemos motivo algum de acusaçمo contra esse Daniel, a nمo ser naquilo que diz respeito à lei de seu Deus.
7. Entمo ministros e sلtrapas vieram tumultuosamente procurar o rei e lhe disseram: Rei Dario, longa vida ao rei!
8. Os ministros do reino, os prefeitos, os sلtrapas, os conselheiros e os governadores estمo todos de acordo em que seja publicado um edito real com uma interdiçمo, estabelecendo que aquele que nesses trinta dias dirigir preces a um deus ou homem qualquer que seja, além de ti, َ rei, seja jogado na cova dos leُes.
9. Promulga pois, َ rei, esta interdiçمo, e manda fazer um documento, a fim de que, conforme o estabelecido na lei definitiva dos medos e dos persas, nمo possa ser revogada.
10. Em conseqüência, o rei Dario fez redigir o documento contendo a referida interdiçمo.
11. Ouvindo essa notيcia, Daniel entrou em sua casa, a qual tinha no quarto de cima janelas que davam para o lado de Jerusalém. Três vezes ao dia, ajoelhado, como antes, continuou a orar e a louvar a Deus.
12. Entمo esses homens acorreram amotinados e encontraram Daniel em oraçمo, invocando seu Deus.
13. Foram imediatamente ao palلcio do rei e disseram-lhe, a respeito do edito real de interdiçمo: Nمo promulgaste, َ rei, uma proibiçمo estabelecendo que quem nesses trinta dias invocasse algum deus ou homem qualquer que fosse, à exceçمo tua, seria jogado na cova dos leُes? Certamente, respondeu o rei, (assim foi feito) segundo a lei dos medos e dos persas, que nمo pode ser modificada.
14. Pois bem, continuaram: Daniel, o deportado de Judل, nمo tem consideraçمo nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia ele faz sua oraçمo.
15. Ouvindo essas palavras, o rei, bastante contrariado, tomou contudo a resoluçمo de salvar Daniel, e nisso esforçou-se até o pôr-do-sol.
16. Mas os mesmos homens novamente o vieram procurar em tumulto: Saibas, َ rei, disseram-lhe, que a lei dos medos e dos persas nمo permite derrogaçمo alguma a uma proibiçمo ou a uma medida publicada em edito pelo rei.
17. Entمo o rei deu ordem para trazerem Daniel e o jogarem na cova dos leُes. Que o Deus, que tu adoras com tanta fidelidade, disse-lhe, queira ele mesmo salvar-te!
18. Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova; o rei lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada fosse modificado em relaçمo a Daniel.
19. De volta a seu palلcio, o rei passou a noite sem nada tomar, e sem mandar vir concubina alguma para junto de si. Nمo conseguiu adormecer.
20. Logo ao amanhecer levantou-se e dirigiu-se a toda pressa à cova dos leُes.
21. Quando se aproximou, chamou Daniel com voz cheia de tristeza: Daniel, disse-lhe, servo de Deus vivo, teu Deus que tu adoras com tanta fidelidade terل podido salvar-te dos leُes?!
22. Daniel respondeu-lhe: Senhor, vida longa ao rei!
23. Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leُes; eles nمo me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, َ rei, nمo cometi falta alguma.
24. Entمo o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da cova. Foi ele assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha tido fé em seu Deus.
25. Por ordem do rei, mandaram vir entمo os acusadores de Daniel, que foram jogados na cova dos leُes com suas mulheres e seus filhos. Nمo haviam tocado o fundo da cova, e jل os leُes os agarraram e lhes trituraram os ossos!
26. Entمo o rei Dario escreveu: A todos os povos, a todas as naçُes e aos povos de todas as lيnguas que habitam sobre a terra, felicidade e prosperidade!
27. Por mim é ordenado que em toda a extensمo de meu reino, se mantenha perante o Deus de Daniel temor e tremor. ة o Deus vivo, que subsiste eternamente; seu reino é indestrutيvel e seu domيnio é perpétuo.
28. Ele salva e livra, faz milagres e prodيgios no céu e sobre a terra: foi ele quem livrou Daniel das garras dos leُes.
29. Foi assim que Daniel prosperou durante o reinado de Dario e durante o de Ciro, o persa.

 
Capيtulo 7

1. No primeiro ano do reinado de Baltazar, rei de Babilônia, Daniel, estando em seu leito, teve um sonho e visُes surgiram em seu espيrito. Consignou por escrito esse sonho e a substância dos fatos.
2. Assim se manifestou: Via, no transcurso de minha visمo noturna, os quatro ventos do céu precipitarem-se sobre o Grande Mar.
3. Surgiram das لguas quatro grandes animais, diferentes uns dos outros.
4. O primeiro parecia-se com um leمo, mas tinha asas de لguia. Enquanto o olhava, suas asas foram-lhe arrancadas, foi levantado da terra e erguido sobre seus pés como um homem, e um coraçمo humano lhe foi dado.
5. Apareceu em seguida outro animal semelhante a um urso; erguia-se sobre um lado e tinha à boca, entre seus dentes, três costelas. Diziam-lhe: Vamos! Devora bastante carne!
6. Depois disso, vi um terceiro animal, idêntico a uma pantera, que tinha nas costas quatro asas de pلssaro; tinha ele também quatro cabeças. O império lhe foi atribuيdo.
7. Finalmente, como eu contemplasse essas visُes noturnas, vi um quarto animal, medonho, pavoroso e de uma força excepcional. Possuيa enormes dentes de ferro; devorava, depois triturava e pisava aos pés o que sobrava. Ao contrلrio dos animais precedentes, ostentava dez chifres.
8. Como estivesse ocupado em observar esses chifres, eis que surgiu, entre eles outro chifre menor, e três dos primeiros foram arrancados para dar-lhe lugar. Este chifre tinha olhos idênticos aos olhos humanos e uma boca que proferia palavras arrogantes.
9. Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos e um anciمo chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a pura lم era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo ardente.
10. Saيdo de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os livros foram abertos.
11. Olhei entمo, devido à balbْrdia causada pelos discursos arrogantes do chifre, olhei até o momento em que o animal foi morto, seu corpo subjugado e a fera jogada ao fogo.
12. Quanto aos outros animais, o domيnio lhes foi igualmente retirado, mas a duraçمo de sua vida foi fixada até um tempo e uma data.
13. Olhando sempre a visمo noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do anciمo, diante de quem foi conduzido.
14. A ele foram dados império, glَria e realeza, e todos os povos, todas as naçُes e os povos de todas as lيnguas serviram-no. Seu domيnio serل eterno; nunca cessarل e o seu reino jamais serل destruيdo.
15. Quanto a mim, Daniel, senti minha alma desfalecer dentro de mim, e fiquei perturbado por essas visُes de meu espيrito.
16. Aproximando-me de um dos assistentes, perguntei-lhe sobre a realidade de tudo isso. Respondeu-me dando a explicaçمo seguinte:
17. esses grandes animais, (disse), em nْmero de quatro, sمo quatro reis que se levantarمo da terra.
18. Mas os santos do Altيssimo receberمo a realeza e a conservarمo por toda a eternidade.
19. Quis entمo saber exatamente o que representava o quarto animal, diferente dos demais, pavoroso em extremo, cujos dentes eram de ferro e as garras de bronze, que devorava, depois triturava e calcava aos pés o que sobrava.
20. Quis ser informado sobre os dez chifres que tinha na cabeça, bem como a respeito desse outro chifre que havia surgido e diante do qual três chifres haviam caيdo, esse chifre que tinha olhos e uma boca que proferia palavras arrogantes, e parecia maior do que os outros.
21. Tinha visto esse chifre fazer guerra aos santos e levar-lhes vantagem, até o momento em que veio o anciمo,
22. quando foi feita justiça aos santos do Altيssimo e quando lhes chegou a hora de obterem a realeza.
23. Ele me respondeu: o quarto animal é um quarto reino terrestre, diferente de todos os demais, que devorarل, calcarل e aniquilarل o mundo.
24. Os dez chifres indicam dez reis levantando-se nesse reino. Mas depois deles surgirل outro, diferente, que destronarل três.
25. Proferirل insultos contra o Altيssimo, e formarل o projeto de mudar os tempos e a lei; e os santos serمo entregues ao seu poder durante um tempo, tempos e metade de um tempo.
26. Mas realizar-se-ل o julgamento e lhe serل arrancado seu domيnio, para destruي-lo e suprimi-lo definitivamente.
27. A realeza, o império e a suserania de todos os reinos situados sob os céus serمo devolvidos ao povo dos santos do Altيssimo, cujo reino é eterno e a quem todas as soberanias renderمo seu tributo de obediência.
28. Aqui terminou o discurso (a mim dirigido). Quanto a mim, Daniel, meus pensamentos transtornaram-me a ponto de me mudar de cor. Mas conservei tudo isso em meu coraçمo.

 
Capيtulo 8

1. No terceiro ano do reinado de Baltazar, eu, Daniel, tive uma visمo, continuaçمo daquela que eu tinha tido anteriormente.
2. Nessa visمo, eu me achava na fortaleza de Susa, na provيncia de Elمo, e eu me vi, sempre em visمo, às margens do Ulai.
3. Erguendo os olhos, eis que vi um carneiro, o qual se achava em frente ao rio. Tinha dois chifres, dois longos chifres, um dos quais era mais alto do que o outro. Esse chifre mais alto apareceu por ْltimo.
4. Vi o carneiro dar chifradas em direçمo do oeste, do norte e do sul. Nenhum animal resistia diante dele, e ninguém conseguia escapar de seu poder. Fazia o que queria, e crescia.
5. Enquanto observava com atençمo, eis que um bode robusto veio do ocidente e percorreu a terra inteira sem tocar o solo; tinha entre os dois olhos um chifre muito saliente.
6. Foi até o carneiro de dois chifres, que eu tinha visto em frente ao rio, e avançou contra ele num excesso de fْria.
7. Eu o vi aproximar-se do carneiro e atirando-se com fْria sobre ele, espancل-lo e quebrar-lhe os dois chifres, sem que o carneiro tivesse força para sustentar o assalto. O bode jogou por terra o carneiro e o calcou aos pés, sem que alguém interviesse para subtraي-lo ao ataque de seu adversلrio.
8. Entمo o bode tornou-se muito grande. Mas, assim que se tornou poderoso, seu grande chifre quebrou-se e foi substituيdo por quatro chifres que cresciam em direçمo dos quatro ventos do céu.
9. De um deles saiu um pequeno chifre que se desenvolveu consideravelmente para o sul, para o oriente e para a jَia (dos paيses).
10. Cresceu até alcançar os astros do céu, do qual fez cair por terra diversas estrelas e as calcou aos pés.
11. Cresceu até o chefe desse exército de astros, cujo (holocausto) perpétuo aboliu e cujo santuلrio destruiu.
12. Por causa da infidelidade, além do holocausto perpétuo foi-lhe entregue um exército! A verdade foi lançada à terra. O pequeno chifre teve êxito na sua empreitada.
13. Ouvi um santo que falava, a quem outro santo respondeu: quanto tempo durarل o anunciado pela visمo a respeito do holocausto perpétuo, da infidelidade destruidora, e do abandono do santuلrio e do exército calcado aos pés?
14. Respondeu: duas mil e trezentas noites e manhمs. Depois disso o santuلrio serل restabelecido.
15. Ora, enquanto eu contemplava essa visمo e procurava o significado, vi, de pé diante de mim, um ser em forma humana,
16. e ouvi uma voz humana vinda do meio do Ulai: Gabriel, gritava, explica-lhe a visمo.
17. Dirigiu-se entمo em direçمo ao lugar onde eu me achava. ہ sua aproximaçمo, fiquei apavorado e caي com a face contra a terra. Filho do homem, disse-me ele, compreende bem que essa visمo simboliza o tempo final.
18. Enquanto falava comigo, desmaiei, com o rosto em terra. Mas ele tocou-me e me fez ficar de pé.
19. Eis, disse, vou revelar-te o que acontecerل nos ْltimos tempos da cَlera, porque isso diz respeito ao tempo final.
20. O carneiro de dois chifres, que viste, simboliza os reis da Média e da Pérsia.
21. O bode valente é o rei de Javم; o grande chifre que ele tem entre os olhos é o primeiro rei.
22. Sua ruptura e o nascimento de quatro chifres em seu lugar significam quatro reinos saindo dessa naçمo, mas sem terem o mesmo poder.
23. No fim do reinado deles, quando estiver cheia a medida dos infiéis, um rei surgirل, cheio de crueldade e fingimento.
24. Seu poder aumentarل, nunca porém por si mesmo. Farل monstruosas devastaçُes, terل êxito nas suas empresas, exterminarل os poderosos e o povo dos santos.
25. Graças à sua habilidade, farل triunfar sua perfيdia, seu coraçمo inchar-se-ل de orgulho; mandarل matar muita gente que nمo espera por isso, levantar-se-ل contra o prيncipe dos prيncipes, mas serل aniquilado sem a intervençمo de mمo humana.
26. A visمo que te foi apresentada sobre as noites e as manhمs é perfeitamente verيdica. Mas tu, guarda esta visمo em segredo, pois ela se refere a dias longيnquos.
27. Entمo, eu, Daniel, desfaleci. Estive doente durante muitos dias. Depois disso recomecei a trabalhar nos serviços do rei. Fiquei atônito com a visمo que tive, completamente incompreensيvel para mim.

 
Capيtulo 9

1. No primeiro ano do reinado de Dario, filho de Assuero, da estirpe dos medos, que havia sido elevado ao trono do império dos caldeus,
2. no primeiro ano do reinado, (digo), eu, Daniel, lendo as Escrituras, tive minha atençمo despertada para o fato de que o nْmero de anos a passar-se, segundo a palavra do Senhor ao profeta Jeremias, sobre a desolaçمo de Jerusalém, seria de setenta anos.
3. Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oraçمo de sْplica, jejuando e me impondo o cilيcio e a cinza.
4. Supliquei ao Senhor, meu Deus, e fiz-lhe minha confissمo nestes termos: Ah! Senhor, Deus grande e temيvel, que sois fiel à aliança e que conservais vossa misericَrdia àqueles que vos amam e guardam vossos mandamentos:
5. nَs pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis.
6. Nمo escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso nome a nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o povo da terra.
7. A vَs, Senhor, a justiça, e para nَs a vergonha, como hoje acontece ao povo de Judل e de Jerusalém, a todo o Israel, àqueles que estمo perto e àqueles que estمo longe, em todos os paيses aonde os haveis dispersado por causa das iniqüidades que cometeram contra vَs.
8. Sim, Senhor, para nَs a vergonha, para nosso rei, nossos chefes e nossos antepassados, porque pecamos contra vَs.
9. Ao Senhor, nosso Deus, as misericَrdias e o perdمo, porque nَs nos rebelamos contra ele.
10. Recusamos ouvir a voz do Senhor, nosso Deus; nمo seguimos as leis que ele nos oferecia pela boca de seus servos, os profetas.
11. Todo o Israel transgrediu vossa lei e se desviou, a fim de nمo obedecer à vossa voz. Por isso a maldiçمo e a imprecaçمo que figuram na lei de Moisés, o servo de Deus, caيram sobre nَs, porque pecamos contra ele.
12. Pôs em execuçمo as ameaças proferidas contra nَs e contra nossos governantes: descarregou sobre nَs tais calamidades, como jamais sob o céu aconteceu, coisa semelhante àquela que fulminou Jerusalém.
13. Foi de acordo com a lei de Moisés que nos sucederam essas desgraças. E nَs nunca procuramos abrandar o Senhor, nosso Deus, renunciando às nossas iniqüidades e dando atençمo à vossa verdade.
14. O Senhor nمo se descuidou do castigo, e o descarregou sobre nَs, porque o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz. Mas nَs nمo escutamos a sua voz.
15. Mas agora, Senhor, nosso Deus, que tirastes vosso povo do Egito por um desيgnio de vosso poder, e do qual vَs fizestes uma glَria que perdura ainda hoje, nَs pecamos, nَs prevaricamos.
16. Senhor, dignai-vos, pela vossa misericَrdia, afastar de vossa cidade santa, Jerusalém, vossa cَlera e vossa exasperaçمo, porque é devido às nossas iniqüidades e aos pecados de nossos antepassados que Jerusalém e vosso povo sمo alvo dos insultos de todos os nossos vizinhos.
17. Ouvi, pois, Senhor, a prece suplicante de vosso servo. Por amor a vَs mesmo, Senhor, fazei irradiar vossa face sobre vosso santuلrio deserto.
18. س meu Deus, ficai atento para ouvir-nos; abri os olhos para ver nossa ruيna e a cidade que ostenta um nome vindo de vَs. Nمo é em nome dos nossos atos de justiça que depositamos a vossos pés nossas sْplicas, mas em nome de vossa grande misericَrdia.
19. Senhor, escutai! Senhor, perdoai! Senhor, ficai atento! Agi! Por vosso prَprio amor, َ meu Deus, nمo demoreis, pois vosso nome foi dado à vossa cidade e a vosso povo!
20. Eu falava ainda, pedindo, confessando meu pecado e o de meu povo de Israel, depositando aos pés do Senhor, meu Deus, minha sْplica pelo seu monte santo;
21. nمo havia terminado essa prece, quando se aproximou de mim, num relance (era a hora da oblaçمo da noite), Gabriel, o ser que eu havia visto antes em visمo.
22. Deu-me, para meu conhecimento, as seguintes explicaçُes: Daniel, vim aqui agora para te informar.
23. Apenas havias iniciado a tua oraçمo e uma palavra foi pronunciada; eu venho desvendل-la a ti, porque és um homem de predileçمo. Presta pois atençمo a este orلculo e compreende bem a sua revelaçمo:
24. Setenta semanas foram fixadas a teu povo e à tua cidade santa para dar fim à prevaricaçمo, selar os pecados e expiar a iniqüidade, para instaurar uma justiça eterna, encerrar a visمo e a profecia e ungir o Santo dos Santos.
25. Sabe, pois, e compreende isto: desde a declaraçمo do decreto sobre a restauraçمo de Jerusalém até um chefe ungido, haverل sete semanas; depois, durante sessenta e duas semanas, ressurgirل, serل reconstruيda com praças e muralhas. Nos tempos de afliçمo,
26. depois dessas sessenta e duas semanas, um ungido serل suprimido, e ninguém (serل) a favor dele. A cidade e o santuلrio serمo destruيdos pelo povo de um chefe que virل. Seu fim (chegarل) com uma invasمo, e até o fim haverل guerra e devastaçمo decretada.
27. Concluirل com muitos uma sَlida aliança por uma semana e no meio da semana farل cessar o sacrifيcio e a oblaçمo; sobre a asa das abominaçُes virل o devastador, até que a ruيna decretada caia sobre o devastado.

 
Capيtulo 10

1. No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, um orلculo foi revelado a Daniel (cognominado Baltazar). Esse orلculo era verيdico e anunciava grandes lutas. Daniel compreendeu o orلculo e teve conhecimento do sentido da visمo.
2. Naquele tempo, eu, Daniel, fiz penitência durante três semanas.
3. Nمo provei alimento delicado algum: nمo passou em minha boca nem carne nem vinho; nمo me ungi de َleo absolutamente durante o transcurso dessas três semanas.
4. No vigésimo quarto dia do primeiro mês, encontrava-me à beira do grande rio, o Tigre.
5. Levantando os olhos, vi um homem vestido de linho. Cingia-lhe os rins um cinto de ouro de Ufaz.
6. Seu corpo era como o crisَlito; seu rosto brilhava como o relâmpago, seus olhos, como tochas ardentes, seus braços e pés tinham o aspecto do bronze polido e sua voz ressoava como o rumor de uma multidمo.
7. Eu, Daniel, era o ْnico a ver essa apariçمo; meus companheiros nمo a viram, mas se apoderou deles um tمo grande pavor que fugiram para esconder-se.
8. Fiquei portanto sozinho a contemplar essa grandiosa apariçمo. As forças me abandonaram: a tez do meu rosto tornou-se lيvida e eu desfaleci.
9. Ouvi entمo esse homem falar, e, ao som de suas palavras, caي desmaiado, com o rosto por terra.
10. Eis porém que uma mمo me tocou, e fez com que me erguesse sobre os joelhos e as palmas das mمos.
11. Daniel, homem de predileçمo, disse-me ele, presta atençمo às palavras que vou dirigir-te. Levanta-te, pois tenho uma mensagem a te confiar. Como me falasse assim, levantei-me tremendo.
12. Nمo temas, Daniel, disse-me, porque desde o primeiro dia em que aplicaste teu espيrito a compreender, e em que te humilhaste diante de teu Deus, tua oraçمo foi ouvida, e é por isso que eu vim.
13. O chefe do reino persa resistiu-me durante vinte e um dias; porém Miguel, um dos principais chefes, veio em meu socorro. Permaneci assim ao lado dos reis da Pérsia.
14. Aqui estou para fazer-te compreender o que deve acontecer a teu povo nos ْltimos dias; pois essa visمo diz respeito a tempos longيnquos.
15. Enquanto assim me falava, eu mantinha meus olhos fixos no chمo e permanecia mudo.
16. De repente, um ser de forma humana tocou-me nos lلbios. Abri a boca e falei; disse ao personagem que estava perto de mim: Meu senhor, essa visمo transtornou-me, e estou sem forças.
17. Como poderia o servo de meu senhor conversar com seu senhor, quando estل sem forças e sem fôlego?
18. Entمo o ser em forma humana tocou-me novamente e me reanimou.
19. Nمo temas nada, homem de predileçمo! Que a paz esteja contigo! Coragem, coragem! Enquanto ele me falava senti-me reanimado. Fala, meu senhor, disse, pois tu me restituيste as minhas forças.
20. Sabes bem, prosseguiu ele, porque vim a ti? Vou voltar agora para lutar contra o chefe da Pérsia, e no momento em que eu partir virل o chefe de Javم.
21. Mas (antes), far-te-ei conhecer o que estل escrito no livro da verdade.
22. Contra esses adversلrios nمo hل ninguém que me defenda a nمo ser Miguel, vosso chefe.

 
Capيtulo 11

1. Assim como eu, (no primeiro ano do reinado de Dario, o medo, mantive-me) junto a ele para auxiliل-lo e protegê-lo.
2. Agora vou manifestar-te a verdade. Haverل ainda três reis na Pérsia. O quarto ultrapassarل todos os demais em riquezas. Quando suas riquezas o tiverem tornado poderoso, movimentarل tudo contra o reino de Javم.
3. Mas levantar-se-ل um rei forte que dominarل sobre um vasto império e farل tudo quanto lhe aprouver.
4. Quando ficar poderoso, seu reino serل desmembrado e dividido aos quatro ventos do céu. Nمo passarل à posteridade e nمo terل mais o mesmo poder; seu reino serل desmembrado e entregue a estranhos e nمo a seus descendentes.
5. O rei do sul tornar-se-ل poderoso, mas um dos chefes do seu exército ficarل ainda mais forte e seu império serل grande.
6. Apَs alguns anos aliar-se-مo: a filha do rei do sul virل à casa do rei do norte para fazer o acordo; mas ela nمo conservarل o apoio de seu pai, cujo poder nمo se manterل, nem o do seu esposo. Ela serل morta com aqueles que a tiverem trazido, aquele que a criou e aquele que a tinha feito poderosa.
7. Um dos rebentos da mesma raiz levantar-se-ل em seu lugar; virل em direçمo do exército, entrarل nas fortalezas do rei do norte, atacل-lo-ل e sairل vencedor.
8. Levarل para o Egito até mesmo seus deuses cativos, assim como seus يdolos e seus objetos preciosos de ouro e de prata. Depois, durante alguns anos, abster-se-ل de atacar o rei do norte.
9. Este virل contra o rei do sul, mas voltarل para a sua terra.
10. Mas seus filhos prepararمo a guerra recrutando um exército numeroso, o qual, precipitando-se como uma torrente, invadirل e levarل a batalha até a sua fortaleza.
11. Irritado, o rei do sul sairل para atacar o rei do norte: como porل em campo um numeroso exército, as tropas inimigas ser-lhe-مo entregues.
12. Apَs o aniquilamento desse exército, encher-se-ل de orgulho. Mandarل matar dezenas de milhares de homens, sem ficar mais forte por isso.
13. O rei do norte organizarل novamente um exército mais numeroso ainda que o primeiro, e alguns anos depois avançarل em meio a enormes tropas e a um grandioso aparato.
14. Nesse momento, muitos se levantarمo contra o rei do sul; homens violentos de teu povo revoltar-se-مo para cumprir a visمo, mas fracassarمo.
15. O rei do norte virل entمo, destruirل trincheiras e tomarل fortalezas. Os exércitos do rei do sul, mesmo as suas tropas de escol, nمo se manterمo; nada poderل resistir.
16. O invasor agirل à sua vontade sem que ninguém possa enfrentل-lo. Deter-se-ل no paيs que é a jَia da terra; e a destruiçمo estarل em suas mمos.
17. Empreenderل a conquista do reino do sul; farل um pacto com seu rei e dar-lhe-ل sua filha como mulher, a fim de amenizar a ruيna dessa terra; mas isso nمo darل resultado, e esse reino nمo lhe pertencerل.
18. Depois voltar-se-ل contra as ilhas e tomarل diversas. Porém um chefe militar porل fim à sua soberba, e fل-lo-ل pagar sua injْria.
19. Entمo voltar-se-ل contra as fortalezas de sua terra, mas tropeçarل, cairل e acabarل desaparecendo.
20. No lugar deste ْltimo serل colocado um prيncipe, que enviarل um fiscal ao paيs que é a jَia da terra. Em poucos dias ele serل aniquilado, e nمo serل nem por efeito de cَlera nem de batalha.
21. Em seu lugar, elevar-se-ل um homem vil, sem nenhuma dignidade real, que surgirل repentinamente e apossar-se-ل da realeza pelas suas intrigas.
22. As tropas de invasمo serمo postas em fuga diante dele e aniquiladas, bem como o chefe da aliança.
23. A despeito do pacto firmado com ele, agirل com perfيdia: atacarل e triunfarل com poucos homens.
24. Invadirل inesperadamente as regiُes mais férteis da terra; farل o que nunca fizeram seus pais nem os antepassados deles: distribuirل com os seus os saques, despojos, riquezas; combinarل ofensivas contra as fortalezas, mas apenas por um tempo.
25. Darل novo impulso a suas forças e a seu valor, atacando o rei do sul com um exército considerلvel. Por seu lado, o rei do sul entrarل na luta com um exército importante e valoroso, mas nمo poderل resistir devido às intrigas urdidas contra ele.
26. Seus comensais o aniquilarمo; seu exército se dispersarل e muitos homens cairمo feridos mortalmente.
27. Com o coraçمo repleto de desejos malévolos, os dois reis enganar-se-مo mutuamente à volta da mesma mesa. Mas seus projetos fracassarمo, porque o fim sَ virل no tempo determinado.
28. Volverل à sua terra com grandes riquezas. Seu coraçمo meditarل o mal contra a santa aliança; cometê-lo-ل, depois entrarل novamente em sua terra.
29. No tempo previsto atacarل de novo o sul: mas esta expediçمo nمo serل semelhante à precedente.
30. Navios de Cetim o atacarمo e ele desanimarل. Dirigirل novamente sua fْria contra a santa aliança, tomarل medidas contra ela, fazendo um pacto com aqueles que a abandonarem.
31. Tropas sob sua ordem virمo profanar o santuلrio, a fortaleza; farمo cessar o holocausto perpétuo e instalarمo a abominaçمo do devastador.
32. Submeterل, com suas lisonjas, os violadores da aliança, mas a multidمo daqueles que conhecem seu Deus manter-se-ل firme e resistirل.
33. Os homens doutos desse povo instruirمo um grande nْmero; mas, durante algum tempo, perecerمo pela espada, fogo, cativeiro e pilhagem.
34. Enquanto forem caindo dessa maneira, serمo um tanto amparados; e um bom nْmero unir-se-ل hipocritamente a eles.
35. Muitos desses sلbios sucumbirمo, a fim de que sejam provados, purificados e branqueados até o termo final; ora, esse final sَ chegarل no tempo marcado.
36. O rei farل entمo tudo o que desejar. Ensoberbecer-se-ل, elevar-se-ل no seu orgulho acima de qualquer divindade; proferirل até coisas inauditas contra o Deus dos deuses; prosperarل até que a cَlera divina tenha chegado ao seu termo, porque o que estل decretado deverل ser executado.
37. Nمo respeitarل nem os deuses de seus antepassados, nem a deusa querida das mulheres, nem divindade alguma; julgar-se-ل superior a todos.
38. Mas venerarل o deus das fortalezas, no prَprio local, um deus desconhecido de seus antepassados, com ouro, prata, pedras preciosas e jَias.
39. Com o auxيlio de um deus estranho, atacarل as muralhas das fortalezas; aos que o reconhecerem, multiplicarل as honras, conferir-lhes-ل autoridade sobre numerosos vassalos e distribuir-lhes-ل terras em recompensa.
40. No final, o rei do sul e ele entrarمo em luta. O rei do norte cairل sobre ele, como um furacمo, com carros, cavaleiros e uma frota considerلvel. Entrarل na terra como uma torrente que transborda.
41. Invadirل o paيs que é a jَia da terra, onde muitos homens cairمo. Mas os edomitas, os moabitas, e a maioria dos amonitas escapar-lhe-مo.
42. Apoderar-se-ل de diferentes paيses; o Egito nمo lhe escaparل.
43. Pilharل os tesouros de ouro e de prata bem como tudo o que houver de precioso no Egito. Os lيbios e os etيopes juntar-se-مo a ele.
44. Mas, alarmado pelas notيcias vindas do oriente e do norte, retirar-se-ل como uma fْria, para destruir e exterminar uma multidمo de povos.
45. Erguerل os pavilhُes de seu palلcio entre o mar e a nobre montanha do santuلrio. Entمo alcançarل o termo de sua vida e ninguém lhe prestarل socorro.

 
Capيtulo 12

1. Naquele tempo, surgirل Miguel, o grande chefe, o protetor dos filhos do seu povo. Serل uma época de tal desolaçمo, como jamais houve igual desde que as naçُes existem até aquele momento. Entمo, entre os filhos de teu povo, serمo salvos todos aqueles que se acharem inscritos no livro.
2. Muitos daqueles que dormem no pَ da terra despertarمo, uns para uma vida eterna, outros para a ignomيnia, a infâmia eterna.
3. Os que tiverem sido inteligentes fulgirمo como o brilho do firmamento, e os que tiverem introduzido muitos (nos caminhos) da justiça luzirمo como as estrelas, com um perpétuo resplendor.
4. Quanto a ti, Daniel, guarda isso secreto, e conserva este livro lacrado até o tempo final. Muitos daqueles que a ele recorrerem verمo aumentar seu conhecimento.
5. Continuei a olhar. Vi dois outros personagens mantendo-se cada um sobre uma das margens do rio.
6. Um deles disse ao homem vestido de linho que estava em cima do rio: Para quando o fim dessas coisas prodigiosas?
7. Entمo ouvi o homem vestido de linho, que estava em cima do rio, jurar, levantando para o céu sua mمo esquerda bem como sua mمo direita: pelo eterno vivo, serل num tempo, tempos e na metade de um tempo, no momento em que a força do povo santo for inteiramente rompida, que todas estas coisas se cumprirمo.
8. Ouvi essas palavras, mas sem entendê-las. Meu senhor, perguntei, qual serل a conclusمo de tudo isso?
9. Vamos, Daniel, respondeu; esses orلculos devem ficar fechados e lacrados até o tempo final.
10. Muitos serمo limpos, acrisolados e provados. Os يmpios agirمo com perversidade, mas nenhum deles compreenderل, enquanto que os sلbios compreenderمo.
11. Desde o tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo e quando for estabelecida a abominaçمo do devastador, transcorrerمo mil duzentos e noventa dias.
12. Feliz quem esperar e alcançar mil trezentos e trinta e cinco dias!
13. Quanto a ti, vai até o fim. Tu repousarلs e te levantarلs para (receber) tua parte de herança, no fim dos tempos.

 
Capيtulo 13

1. Havia um homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia.
2. Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias, de grande beleza, e piedosa,
3. porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais honestos.
4. Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar. Os judeus reuniam-se freqüentemente em casa dele, porque gozava de uma particular consideraçمo entre seus compatriotas.
5. Haviam sido nomeados juيzes, naquele ano, dois anciمos do povo, aos quais se aplicava bem a palavra do Senhor: A iniqüidade surgiu, em Babilônia, de anciمos juيzes que passavam por dirigentes do povo.
6. Esses dois personagens freqüentavam a casa de Joaquim, aonde vinham consultل-los todos aqueles que tinham litيgio.
7. Lل pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora, Suzana vinha passear no jardim de seu marido.
8. Os dois anciمos viam-na portanto todos os dias durante seu passeio, tanto que se apaixonaram por ela e,
9. perdendo a justa noçمo das coisas, desviaram os olhos para nمo ver mais o céu e nمo ter mais presente no espيrito a verdadeira regra de comportamento.
10. Ambos foram atingidos pelo amor a Suzana, mas sem se confiarem mutuamente sua emoçمo.
11. Tinham vergonha de declarar um ao outro o desejo que sentiam de possuي-la.
12. Todos os dias, inquietos, procuravam avistل-la.
13. Uma vez disseram um ao outro: Vamos para casa; estل na hora do almoço. Saيram cada um para seu lado.
14. Mas, havendo ambos retrocedido, encontraram-se novamente no mesmo lugar. Perguntando um ao outro qual o motivo de sua volta, confessaram-se sua concupiscência. Combinaram entمo um encontro onde a pudessem surpreender sozinha.
15. Enquanto calculavam qual seria o momento propيcio, eis que Suzana chegou como de costume, com duas empregadas, e tomou a resoluçمo de banhar-se, pois fazia calor.
16. Lل nمo havia ninguém, salvo os dois anciمos escondidos, que a espreitavam.
17. Trazei-me, disse ela às duas empregadas, َleo e ungüentos, e fechai as portas do jardim, para eu me banhar.
18. O que elas fizeram por sua ordem. As portas do jardim estando fechadas, saيram pela porta do fundo para ir buscar os objetos pedidos, ignorando que os anciمos lل se achavam escondidos.
19. Apenas saيram, os dois homens precipitaram-se em direçمo de Suzana.
20. As portas do jardim estمo fechadas, disseram-lhe, ninguém nos vê. Ardemos de amor por ti. Aceita, e entrega-te a nَs.
21. Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem contigo, e que foi por isso que fizeste sair tuas servas.
22. Suzana exclamou tristemente: Que angْstias me envolvem por todos os lados! Consentir? Eu seria condenada à morte! Recusar? Nem assim eu escaparia de vossas mمos!
23. Nمo! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mمos, do que pecar contra o Senhor.
24. Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciمos gritavam também contra ela.
25. E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.
26. Com essa balbْrdia, os criados precipitaram-se pela porta do fundo para ver o que havia acontecido.
27. Os anciمos se puseram a falar, e os criados enrubesceram, pois jamais nada de semelhante fora dito de Suzana.
28. No dia seguinte, os dois anciمos, cheios de criminosas intençُes contra a vida de Suzana, vieram à reuniمo que se realizava em casa de Joaquim, marido dela.
29. Disseram, diante da assembléia: Mandem buscar Suzana, filha de Helcias, a mulher de Joaquim! Foram-na buscar,
30. e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua famيlia.
31. Era delicada e bela de rosto.
32. Aqueles homens perversos exigiam que ela retirasse seu véu - pois estava velada -, a fim de poderem (pelo menos) fartar-se de sua beleza.
33. Os seus choravam, assim como seus amigos.
34. Os dois anciمos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a mمo sobre sua cabeça,
35. enquanto ela, debulhada em lلgrimas, mas com o coraçمo cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu.
36. Os anciمos disseram entمo: Quando passeلvamos pelo jardim, ela entrou com duas servas; depois fechou a porta e mandou embora suas acompanhantes.
37. Entمo, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e pecou com ela.
38. Nَs nos encontrلvamos num recanto do jardim. Diante de tal desvergonhamento, corremos para eles e os surpreendemos em flagrante delito.
39. Nمo pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que nَs, e fugiu pela porta aberta.
40. Ela, nَs a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber quem era o jovem, recusou-se a responder. Somos testemunhas do fato.
41. Confiando nesses homens, que eram anciمos e juيzes do povo, condenaram Suzana à morte.
42. Entمo ela exclamou bem alto: Deus eterno, vَs que penetrais os segredos, que conheceis os acontecimentos antes que aconteçam,
43. sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra mim. Vou morrer, sem nada ter feito do que maldosamente inventaram de mim.
44. Deus ouviu sua oraçمo.
45. Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espيrito يntegro de um adolescente chamado Daniel,
46. que proclamou com vigor: Sou inocente da morte dessa mulher!
47. Todo mundo virou-se para ele: O que significa isso?, perguntaram-lhe.
48. Entمo, no meio de um cيrculo que se formava, disse: Israelitas, estais loucos! Eis que condenais uma israelita sem interrogatَrio, sem conhecer a verdade!
49. Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a declaraçمo desses dois homens contra ela.
50. O povo apressou-se em voltar. Os anciمos disseram a Daniel: Vem sentar conosco e esclarece-nos, pois Deus te deu o privilégio da velhice!
51. Separai-os um do outro, exclamou Daniel, e eu os julgarei. Foram separados.
52. Entمo Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: Velho perverso! Eis que agora aparecem os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos,
53. condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto, é Deus quem diz: nمo farلs morrer o inocente e o يntegro.
54. Vamos! Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual لrvore os viste juntos. -"Debaixo de um lentisco", respondeu.
55. "سtimo!, continuou Daniel, eis a mentira, que pagarلs com tua cabeça. Eis aqui o anjo do Senhor que, segundo a sentença divina, vai dividir teu corpo pelo meio".
56. Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: Filho de Canaم! Tu nمo és judeu: foi a beleza que te seduziu, e a concupiscência que te perverteu.
57. Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as quais, por medo, entravam em relaçمo convosco. Mas eis uma filha de Judل que nمo consentiu no vosso crime.
58. Vamos, dize-me sob qual لrvore os surpreendeste em intimidade. Sob um carvalho.
59. سtimo!, respondeu Daniel, tu também proferiste uma mentira que vai te custar a vida. Eis aqui o anjo do Senhor, que empunha a espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer.
60. Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por salvar aqueles que nele pُem sua esperança.
61. Toda a multidمo revoltou-se entمo contra os dois anciمos os quais, por suas prَprias declaraçُes, Daniel provou terem dado falso testemunho.
62. De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que tinham querido infligir ao seu prَximo: foram mortos. Assim, naquele dia, foi poupada uma vida inocente.
63. Helcias e sua mulher louvaram a Deus por sua filha Suzana, com Joaquim, seu marido, e todos os seus parentes, pois nada de desonesto havia sido encontrado em seu proceder.
64. E Daniel gozou, desde entمo, de uma alta consideraçمo entre seus concidadمos.
65. Tendo-se reunido o rei Astيages a seus antepassados, Ciro, o persa, subiu ao trono.

 
Capيtulo 14

1. Daniel era conviva do rei e o mais honrado de todos os seus يntimos.
2. Ora, os babilônios tinham um يdolo chamado Bel, cuja despesa diلria era de doze artabes de farinha, quarenta carneiros e seis medidas de vinho.
3. O rei prestava culto ao يdolo e diariamente ia adorل-lo. Daniel, porém, adorava seu Deus. O rei disse-lhe (um dia): Por que nمo adoras Bel?
4. Porque, respondeu Daniel, nمo venero يdolo feito pela mمo do homem, mas sim o Deus vivo que criou o céu e a terra e que exerce seu poder sobre todo homem.
5. Assim sendo, continou o rei, Bel nمo te parece ser um deus vivo! Nمo vês o que ele come e o que ele bebe todos os dias?
6. Daniel pôs-se a rir: Desengana-te, َ rei, disse ele, este deus é de barro por dentro e de bronze por fora, e ele nunca comeu coisa alguma.
7. Irritado, o rei mandou vir seus sacerdotes e lhes disse: Se nمo me disserdes quem come essas oferendas, morrereis.
8. Mas se me provardes que é Bel quem as absorve, serل Daniel quem morrerل, pois terل blasfemado contra ele. Daniel respondeu ao rei: Que se faça segundo tu o dizes!
9. Os sacerdotes de Bel eram setenta em nْmero, sem contar suas mulheres e filhos. O rei foi com Daniel ao templo de Bel.
10. Os sacerdotes disseram: Nَs saيmos. Manda trazer, َ rei, os alimentos e o vinho misturado; depois fecha a porta e lacra-a com teu sinete.
11. Se amanhم cedo, quando vieres ao templo, verificares que tudo nمo foi comido por Bel, nَs morreremos; do contrلrio serل Daniel quem nos terل caluniado.
12. Tinham completa confiança, porque debaixo da mesa haviam feito uma abertura secreta, pela qual penetravam habitualmente para consumir as oferendas.
13. Mas, apَs a saيda deles, quando o rei acabava de depor as oferendas diante de Bel, Daniel ordenou aos criados trazerem cinza, a qual espalhou pelo templo todo na presença do rei. A seguir saيram, fecharam a porta e, depois de tê-la lacrado com o sinete real, retiraram-se.
14. Durante a noite, os sacerdotes introduziram-se como de costume (no templo) com suas mulheres e filhos, comeram e beberam tudo.
15. Ao amanhecer, o rei veio com Daniel.
16. Os selos, disse, estمo intactos, Daniel Intactos, َ rei.
17. Logo que a porta foi aberta, o rei olhou para a mesa e exclamou: Tu és grande, َ Bel! Tu nمo nos enganaste.
18. Mas Daniel pôs-se a rir e impediu o rei de entrar mais adiante. Olha o chمo, disse-lhe. De quem sمo estes passos?
19. Vejo de fato, respondeu o rei, passos de homens, de mulheres e de crianças. E uma cَlera violenta apoderou-se dele.
20. Entمo mandou prender os sacerdotes com suas mulheres e filhos, os quais lhe mostraram as entradas secretas por onde se introduziam para vir consumir o que havia na mesa.
21. O rei mandou matل-los e pôs Bel à disposiçمo de Daniel que o destruiu, assim como seu templo.
22. Lل havia também um grande dragمo, que os babilônios veneravam.
23. O rei disse a Daniel: Pretenderلs também dizer que aquele é de bronze? Vive, come, bebe. Tu nمo podes negar que seja um deus vivo.
24. Adora-o entمo. Eu adoro, replicou Daniel, unicamente o Senhor meu Deus, porque ele é um Deus vivo.
25. س rei, dل-me licença para fazê-lo, e, sem espada nem bastمo, matarei o dragمo. Eu ta concedo, disse o rei.
26. Entمo Daniel tomou breu, gordura e pêlos, cozinhou tudo junto, e com isso fez umas bolas e meteu-as na boca do dragمo, que estourou e morreu. Daniel exclamou: Eis aي o que adorلveis!
27. Quando os babilônios souberam, ficaram sumamente indignados, e amotinaram-se contra o rei aos gritos de O rei tornou-se judeu! Destruiu Bel; e (agora) fez perecer o dragمo e matar os sacerdotes.
28. Vieram à presença do rei e disseram-lhe: Entrega-nos Daniel; do contrلrio, nَs te mataremos, bem como toda a tua famيlia.
29. Diante da violência com que o ameaçavam, o rei viu-se forçado a entregar-lhes Daniel,
30. que eles jogaram à cova dos leُes, onde permaneceu seis dias.
31. Na cova havia sete leُes, aos quais davam cotidianamente dois corpos (humanos) e dois carneiros. Porém, daquela vez, nada lhes foi distribuيdo, a fim de que devorassem Daniel.
32. Ora, o profeta Habacuc vivia naquele tempo na Judéia. Acabava de cozinhar um caldo e picava pمo dentro dele numa panela, para levل-lo aos ceifadores no campo.
33. Mas um anjo do Senhor disse-lhe: Leva esta refeiçمo à Babilônia, a Daniel, que se encontra na cova dos leُes.
34. Senhor, disse Habacuc, nunca vi Babilônia, e nمo conheço essa cova.
35. Entمo o anjo, segurando-o pelo alto da cabeça, transportou-o pelos cabelos, num fôlego, até Babilônia, em cima da cova.
36. Daniel, Daniel (chamou), toma a refeiçمo que Deus te envia.
37. E Daniel respondeu: س Deus, vَs pensastes em mim! Vَs nمo abandonastes os que vos amam!
38. Depois disso pôs-se a comer, enquanto o anjo do Senhor transportava de volta Habacuc a seu domicيlio.
39. Ao sétimo dia veio o rei chorar Daniel. Ao acercar-se da cova, porém, olhou para dentro e aي avistou Daniel sentado.
40. E bem alto exclamou: Vَs sois grande, Senhor, Deus de Daniel. Nمo existe outro Deus além de vَs!
41. Mandou retirل-lo da cova dos leُes e lل jogou todos aqueles que haviam tentado eliminل-lo, os quais foram imediatamente devorados, sob seus olhos.
42. Entمo disse o rei: Que todos os habitantes da terra reverenciem o Deus de Daniel, porque é um salvador que opera sinais e prodيgios em toda a terra, e salvou Daniel da cova dos leُes.