Bيblia - Antigo Testamento
 
22-  Livro de Jَ
Bيblia
Antigo Testamento
 
Capيtulo
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Capيtulo 1

1. Havia, na terra de Hus, um homem chamado Jَ, يntegro, reto, que temia a Deus e fugia do mal.
2. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3. Possuيa sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas e uma grande quantidade de escravos. Este homem era o mais considerado entre todos os homens do Oriente.
4. Seus filhos tinham o costume de ir à casa uns dos outros, alternadamente, para se banquetearem e convidavam suas três irmمs para comerem e beberem com eles.
5. Quando acabava a série dos dias de banquetes, Jَ mandava chamar seus filhos para purificل-los e, na manhم do dia seguinte, oferecia um holocausto por intençمo de cada um deles: porque, dizia ele, talvez meus filhos tenham pecado e amaldiçoado Deus nos seus coraçُes. Assim fazia Jَ cada vez.
6. Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanلs entre eles.
7. O Senhor disse-lhe: De onde vens tu? Andei dando volta pelo mundo, disse Satanلs, e passeando por ele.
8. O Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jَ? Nمo hل ninguém igual a ele na terra: يntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal.
9. Mas Satanلs respondeu ao Senhor: ة a troco de nada que Jَ teme a Deus?
10. Nمo cercaste como de uma muralha a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens? Abençoas tudo quanto ele faz e seus rebanhos cobrem toda a regiمo.
11. Mas estende a tua mمo e toca em tudo o que ele possui; juro-te que te amaldiçoarل na tua face.
12. Pois bem!, respondeu o Senhor. Tudo o que ele tem estل em teu poder; mas nمo estendas a tua mمo contra a sua pessoa. E Satanلs saiu da presença do Senhor.
13. Ora, um dia em que os filhos e filhas de Jَ estavam à mesa e bebiam vinho em casa do seu irmمo mais velho,
14. um mensageiro veio dizer a Jَ: Os bois lavravam e as jumentas pastavam perto deles.
15. De repente, apareceram os sabeus e levaram tudo; e passaram à espada os escravos. Sَ eu consegui escapar para te trazer a notيcia.
16. Estando ele ainda a falar, veio outro e disse: O fogo de Deus caiu do céu; queimou, consumiu as ovelhas e os escravos. Sَ eu consegui escapar para te trazer a notيcia.
17. Ainda este falava, e eis que chegou outro e disse: Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e os levaram. Passaram a fio de espada os escravos. Sَ eu consegui escapar para te trazer a notيcia!
18. Ainda este estava falando e eis que entrou outro, e disse: Teus filhos e filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmمo mais velho,
19. quando um furacمo se levantou de repente do deserto, abalou os quatro cantos da casa e esta desabou sobre os jovens. Morreram todos. Sَ eu consegui escapar para te trazer a notيcia.
20. Jَ entمo se levantou, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois, caindo prosternado por terra,
21. disse: Nu saي do ventre de minha mمe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!
22. Em tudo isso, Jَ nمo cometeu pecado algum, nem proferiu contra Deus blasfêmia alguma.

 
Capيtulo 2

1. Ora, um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, Satanلs apareceu também no meio deles na presença do Senhor.
2. O Senhor disse-lhe: De onde vens tu? Andei dando volta pelo mundo, respondeu Satanلs, e passeando por ele.
3. O Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jَ? Nمo hل ninguém igual a ele na terra, يntegro, reto, temente a Deus e afastado do mal. Persevera sempre em sua integridade; foi em vمo que me incitaste a perdê-lo.
4. Pele por pele!, respondeu Satanلs. O homem dل tudo o que tem para salvar a prَpria vida.
5. Mas estende a tua mمo, toca-lhe nos ossos, na carne; juro que te renegarل em tua face.
6. O Senhor disse a Satanلs: Pois bem, ele estل em teu poder, poupa-lhe apenas a vida.
7. Satanلs retirou-se da presença do Senhor e feriu Jَ com uma lepra maligna, desde a planta dos pés até o alto da cabeça.
8. E Jَ tomou um caco de telha para se coçar, e assentou-se sobre a cinza.
9. Sua mulher disse-lhe: Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morre!
10. Falas, respondeu-lhe ele, como uma insensata. Aceitamos a felicidade da mمo de Deus; nمo devemos também aceitar a infelicidade? Em tudo isso, Jَ nمo pecou por palavras.
11. Três amigos de Jَ, Elifaz de Temم, Bildad de Chua e Sofar de Naama, tendo ouvido todo o mal que lhe tinha sucedido, vieram cada um de sua terra e combinaram ir juntos exprimir sua simpatia e suas consolaçُes.
12. Tendo de longe levantado os olhos, nمo o reconheceram; e puseram-se entمo a chorar, rasgaram as vestes, e lançaram para o céu poeira, que recaيa sobre suas cabeças.
13. Ficaram sentados no chمo ao lado dele sete dias e sete noites, sem que nenhum lhe dirigisse a palavra, tمo grande era a dor em que o viam mergulhado.

 
Capيtulo 3

1. Entمo Jَ abriu a boca e amaldiçoou o dia de seu nascimento.
2. Jَ falou nestes termos:
3. Pereça o dia em que nasci e a noite em que foi dito: uma criança masculina foi concebida!
4. Que esse dia se mude em trevas! Que Deus, lل do alto, nمo se incomode com ele; que a luz nمo brilhe sobre ele!
5. Que trevas e obscuridade se apoderem dele, que nuvens o envolvam, que eclipses o apavorem,
6. que a sombra o domine; esse dia, que nمo seja contado entre os dias do ano, nem seja computado entre os meses!
7. Que seja estéril essa noite, que nenhum grito de alegria se faça ouvir nela.
8. Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoaram os dias, aqueles que sمo hلbeis para evocar Leviatم!
9. Que as estrelas de sua madrugada se obscureçam, e em vمo espere a luz, e nمo veja abrirem-se as pلlpebras da aurora,
10. jل que nمo fechou o ventre que me carregou para me poupar a vista do mal!
11. Por que nمo morri no seio materno, por que nمo pereci saindo de suas entranhas?
12. Por que dois joelhos para me acolherem, por que dois seios para me amamentarem?
13. Estaria agora deitado e em paz, dormiria e teria o repouso
14. com os reis, لrbitros da terra, que constroem para si mausoléus;
15. com os prيncipes que possuيam o ouro, e enchiam de dinheiro as suas casas.
16. Ou entمo, como o aborto escondido, eu nمo teria existido, como as crianças que nمo viram o dia.
17. Ali, os maus cessam os seus furores, ali, repousam os exaustos de forças,
18. ali, os prisioneiros estمo tranqüilos, jل nمo mais ouvem a voz do exator.
19. Ali, juntos, os pequenos e os grandes se encontram, o escravo ali estل livre do jugo do seu senhor.
20. Por que conceder a luz aos infelizes, e a vida àqueles cuja alma estل desconsolada,
21. que esperam a morte, sem que ela venha, e a procuram mais ardentemente do que um tesouro,
22. que sمo felizes até ficarem transportados de alegria, quando encontrarem o sepulcro?
23. Ao homem cujo caminho é escondido e que Deus cerca de todos os lados?
24. Em lugar do pمo tenho meus suspiros, e os meus gemidos se espalham como a لgua.
25. Todos os meus temores se realizam, e aquilo que me dل medo vem atingir-me.
26. Nمo tenho paz, nem descanso, nem repouso; sَ tenho agitaçمo.

 
Capيtulo 4

1. Elifaz de Temم tomou a palavra nestes termos:
2. Se arriscarmos uma palavra, talvez ficarلs aflito, mas quem poderل impedir-me de falar?
3. Eis: exortaste muita gente, deste força a mمos débeis,
4. tuas palavras levantavam aqueles que caيam, fortificaste os joelhos vacilantes.
5. Agora que é a tua vez, enfraqueces; quando és atingido, te perturbas.
6. Nمo é tua piedade a tua esperança, e a integridade de tua vida, a tua segurança?
7. Lembra-te: qual o inocente que pereceu? Ou quando foram destruيdos os justos?
8. Tanto quanto eu saiba, os que praticam a iniqüidades e os que semeiam sofrimento, também os colhem.
9. Ao sopro de Deus eles perecem, e sمo aniquilados pelo vento de seu furor.
10. Urra o leمo, e seu rugido é abafado; os dentes dos leُezinhos sمo quebrados.
11. A fera morreu porque nمo tinha presa, e os filhotes da leoa sمo dispersados.
12. Uma palavra chegou a mim furtivamente, meu ouvido percebeu o murmْrio,
13. na confusمo das visُes da noite, na hora em que o sono se apodera dos humanos.
14. Assaltaram-me o medo e o terror, e sacudiram todos os meus ossos;
15. um sopro perpassou pelo meu rosto, e fez arrepiar o pêlo de minha pele.
16. Lل estava um ser - nمo lhe vi o rosto - como um espectro sob meus olhos.
17. Ouvi uma débil voz: Pode um homem ser justo na presença de Deus, pode um mortal ser puro diante de seu Criador?
18. Ele nمo confia nem em seus prَprios servos; até mesmo em seus anjos encontra defeitos,
19. quanto mais em seus hَspedes das casas de argila que têm o pَ por fundamento! Sمo esmagados como uma traça;
20. entre a noite e a manhم sمo aniquilados; sem que neles se preste atençمo, morrem para sempre.
21. Nمo foi arrancada a estaca da tenda deles? Morrem por nمo terem conhecido a sabedoria.

 
Capيtulo 5

1. Chama para ver se te respondem; a qual dos santos te dirigirلs?
2. O arrebatamento mata o insensato, a inveja leva o tolo à morte.
3. Vi o insensato deitar raiz, e de repente sua morada apodreceu.
4. Seus filhos sمo privados de qualquer socorro, sمo pisados à porta, ninguém os defende.
5. O faminto come sua colheita e a leva embora, por detrلs da cerca de espinhos, e os sequiosos engolem seus bens.
6. Pois o mal nمo sai do pَ, e o sofrimento nمo brota da terra:
7. é o homem quem causa o sofrimento como as faيscas voam no ar.
8. Por isso, eu rogarei a Deus, apresentarei minha sْplica ao Senhor.
9. Ele faz coisas grandes e insondلveis, maravilhas incalculلveis;
10. espalha a chuva sobre a terra, e derrama as لguas sobre os campos;
11. exalta os humildes, e dل nova alegria aos que estمo de luto;
12. frustra os projetos dos maus, cujas mمos nمo podem executar os planos;
13. apanha os jeitosos em suas prَprias manhas, e os projetos dos astutos se tornam prematuros;
14. em pleno dia encontram as trevas, e andam às apalpadelas ao meio-dia como se fosse noite.
15. Salva o fraco da espada da lيngua deles, e o pobre da mمo do poderoso;
16. volta a esperança ao infeliz, e é fechada a boca da iniqüidade.
17. Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige! Nمo desprezes a liçمo do Todo-poderoso,
18. pois ele fere e cuida; se golpeia, sua mمo cura.
19. Seis vezes te salvarل da angْstia, e, na sétima, o mal nمo te atingirل.
20. No tempo de fome, te preservarل da morte, e, no combate, do gume da espada;
21. estarلs a coberto do açoite da lيngua, nمo terلs medo quando vires a ruيna;
22. rirلs das calamidades e da fome, nمo temerلs as feras selvagens.
23. Farلs um pacto com as pedras do chمo, e os animais dos campos estarمo em paz contigo.
24. Dentro de tua tenda conhecerلs a paz, visitarلs tuas terras, onde nada faltarل;
25. verلs tua posteridade multiplicar-se, e teus descendentes crescerem como a erva dos campos.
26. Entrarلs maduro no sepulcro, como um feixe de trigo que se recolhe a seu tempo.
27. Eis o que observamos; é assim; eis o que aprendemos; tira proveito disso.

 
Capيtulo 6

1. Jَ tomou a palavra nestes termos:
2. Ah! se pudessem pesar minha afliçمo, e pôr na balança com ela meu infortْnio!
3. esta aqui apareceria mais pesada do que a areia dos mares: eis por que minhas palavras sمo desvairadas.
4. As setas do Todo-poderoso estمo cravadas em mim, e meu espيrito bebe o veneno delas; os terrores de Deus me assediam
5. Porventura orneja o asno montês, quando tem erva? Muge o touro junto de sua forragem?
6. Come-se uma coisa insيpida sem sal? Pode alguém saborear aquilo que nمo tem gosto algum?
7. Minha alma recusa-se a tocar nisso, meu coraçمo estل desgostoso.
8. Quem me dera que meu voto se cumpra, e que Deus realize minha esperança!
9. Que Deus consinta em esmagar-me, que deixe suas mمos cortarem meus dias!
10. Teria pelo menos um consolo, e exultaria em seu impiedoso tormento, por nمo ter renegado as palavras do Santo.
11. Pois, que é minha força para que eu espere, qual é meu fim, para me portar com paciência?
12. Serل que tenho a fortaleza das pedras, e serل de bronze minha carne?
13. Nمo encontro socorro algum, qualquer esperança de salvaçمo me foi tirada.
14. Recusar a piedade a um amigo é abandonar o temor ao Todo-poderoso.
15. Meus irmمos sمo traiçoeiros como a torrente, como as لguas das torrentes que somem.
16. Rolam agitadas pelo gelo, empoçam-se com a neve derretida.
17. No tempo da seca, elas se esgotam, e ao vir o calor, seu leito seca.
18. as caravanas se desviam das veredas, penetram no deserto e perecem;
19. As caravanas de Tema espreitavam, os comboios de Sabل contavam com elas;
20. ficaram transtornados nas suas suposiçُes: ao chegarem ao lugar, ficaram confusos.
21. ة assim que falhais em cumprir o que de vَs se esperava nesta hora; a vista de meu infortْnio vos aterroriza.
22. Porventura, disse-vos eu: Dai-me qualquer coisa de vossos bens, dai-me presentes,
23. livrai-me da mمo do inimigo, e tirai-me do poder dos violentos?
24. Ensinai-me e eu me calarei, mostrai-me em que falhei.
25. Como sمo eficazes as expressُes conforme a eqüidade! Mas em que podereis surpreender-me?
26. Pretendeis censurar palavras? Palavras desesperadas, leva-as o vento.
27. Serيeis capazes de pôr em leilمo até mesmo um َrfمo, de traficar o vosso amigo!
28. Vamos, peço-vos, olhai para mim face a face, nمo mentirei.
29. Vinde de novo; nمo sejais injustos; vinde: estou inocente nessa questمo.
30. Haverل iniqüidade em minha lيngua? Meu paladar nمo sabe discernir o mal?

 
Capيtulo 7

1. A vida do homem sobre a terra é uma luta, seus dias sمo como os dias de um mercenلrio.
2. Como um escravo que suspira pela sombra, e o assalariado que espera seu soldo,
3. assim também eu tive por sorte meses de sofrimento, e noites de dor me couberam por partilha.
4. Apenas me deito, digo: Quando chegarل o dia? Logo que me levanto: Quando chegarل a noite? E até a noite me farto de angْstias.
5. Minha carne se cobre de podridمo e de imundيcie, minha pele racha e supura.
6. Meus dias passam mais depressa do que a lançadeira, e se desvanecem sem deixar esperança.
7. Lembra-te de que minha vida nada mais é do que um sopro, de que meus olhos nمo mais verمo a felicidade;
8. o olho que me via nمo mais me verل, o teu me procurarل, e jل nمo existirei.
9. A nuvem se dissipa e passa: assim, quem desce à regiمo dos mortos nمo subirل de novo;
10. nمo voltarل mais à sua casa, sua morada nمo mais o reconhecerل.
11. E por isso nمo reprimirei minha lيngua, falarei na angْstia do meu espيrito, queixar-me-ei na tristeza de minha alma:
12. Porventura, sou eu o mar ou um monstro marinho, para me teres posto um guarda contra mim?
13. Se eu disser: Consolar-me-ل o meu leito, e a minha cama me aliviarل,
14. tu me aterrarلs com sonhos, e me horrorizarلs com visُes.
15. Preferiria ser estrangulado; antes a morte do que meus tormentos!
16. Sucumbo, deixo de viver para sempre; deixa-me; pois meus dias sمo apenas um sopro.
17. O que é um homem para fazeres tanto caso dele, para te dignares ocupar-te dele,
18. para visitل-lo todas as manhمs, e provل-lo a cada instante?
19. Quando cessarلs de olhar para mim, e deixarلs que eu engula minha saliva?
20. Se pequei, que mal te fiz, َ guarda dos homens? Por que me tomas por alvo, e me tornei pesado a ti?
21. Por que nمo toleras meu pecado e nمo apagas minha culpa? Eis que vou logo me deitar por terra; tu me procurarلs, e jل nمo existirei.

 
Capيtulo 8

1. Bildad de Chua tomou a palavra e disse:
2. Até quando dirلs semelhantes coisas, e tuas palavras serمo como um furacمo?
3. Porventura Deus farل curvar o que é reto, e o Todo-poderoso subverterل a justiça?
4. Se teus filhos o ofenderam, ele os entregou às conseqüências de suas culpas.
5. Se recorreres a Deus, e implorares ao Todo-poderoso,
6. se fores puro e reto, ele atenderل a tua oraçمo e restaurarل a morada de tua justiça;
7. teu começo parecerل pouca coisa diante da grandeza do que se seguirل.
8. Interroga as geraçُes passadas, e examina com cuidado a experiência dos antepassados;
9. - porque somos uns ignorantes das (coisas) de ontem, nossos dias sobre a terra passam como a sombra -:
10. elas podem instruir-te, falar-te e de seu coraçمo tirar este discurso:
11. Pode o papiro crescer fora do brejo, o junco germinar sem لgua?
12. Verde ainda, sem ser cortado, ele seca antes que as outras ervas;
13. assim acabam todos os que esquecem Deus, assim perece a esperança do يmpio;
14. sua confiança é como filandras, sua segurança, uma teia de aranha.
15. Ele se apَia sobre uma casa que nمo se sustenta, atém-se a uma morada que nمo se mantém de pé.
16. Cheio de vigor, ao sol, faz brotar suas hastes em seu jardim;
17. suas raيzes se entrelaçam sobre a pedra, apَiam-se entre rochas;
18. mas se é arrancado de seu lugar, este o renega: nunca te vi.
19. Eis onde termina seu destino, e outros germinarمo do solo.
20. Nمo; Deus nمo rejeita o homem يntegro, nem dل a mمo aos malvados.
21. Ele porل de novo o riso em tua boca, e em teus lلbios, gritos de alegria;
22. teus inimigos serمo cobertos de vergonha, a tenda dos maus desaparecerل.

 
Capيtulo 9

1. Jَ tomou a palavra nestes termos:
2. Sim; bem sei que é assim; como poderia o homem ter razمo contra Deus?
3. Se quisesse disputar com ele, nمo lhe responderia uma vez entre mil.
4. Deus é sلbio em seu coraçمo e poderoso, quem pode afrontل-lo impunemente?
5. Ele transporta os montes sem que estes percebam, ele os desmorona em sua cَlera.
6. Sacode a terra em sua base, e suas colunas sمo abaladas.
7. Dل uma ordem ao sol que nمo se levante, pُe um selo nas estrelas.
8. Ele sozinho formou a extensمo dos céus, e caminha sobre as alturas do mar.
9. Ele criou a Grande Ursa, سrion, as Plêiades, e as câmaras austrais.
10. Fez maravilhas insondلveis, prodيgios incalculلveis.
11. Ele passa despercebido perto de mim, toca levemente em mim sem que eu tenha percebido.
12. Quem poderل impedi-lo de arrebatar uma presa? Quem lhe dirل: Por que fazes isso?
13. De sua cَlera Deus nمo volta atrلs; diante dele jazem prosternados os auxiliares de Raab.
14. Quem sou eu para replicar-lhe, para escolher argumentos contra ele?
15. Ainda que eu tivesse razمo, nمo responderia; pediria clemência a meu juiz.
16. Se eu o chamasse, e ele nمo me respondesse, nمo acreditaria que tivesse ouvido a minha voz;
17. ele, que me desfaz como um redemoinho, que multiplica minhas feridas sem manifestar o motivo,
18. que nمo me deixa tomar fôlego, mas me enche de amarguras.
19. Se se busca fortaleza, é ele o forte; se se busca o direito, quem o determinarل?
20. Se eu pretendesse ser justo, minha boca me condenaria; se fosse inocente, ela me declararia perverso.
21. Inocente! Sim, eu o sou; pouco me importa a vida, desprezo a existência.
22. Pouco importa; é por isso que eu disse que ele faz perecer o inocente como o يmpio.
23. Se um flagelo causa de repente a morte, ele ri-se do desespero dos inocentes.
24. A terra estل entregue nas mمos dos maus, e ele cobre com um véu os olhos de seus juيzes; se nمo é ele, quem é pois (que faz isso)?
25. Os dias de minha vida sمo mais rلpidos do que um corcel, fogem sem ter visto a felicidade
26. passam como as barcas de junco, como a لguia que se precipita sobre a presa
27. Se decido esquecer minha queixa, abandonar meu ar triste e voltar a ser alegre,
28. temo por todos os meus tormentos, sabendo que nمo me absolverلs.
29. Tenho certeza de ser condenado: o que me adianta cansar-me em vمo?
30. Por mais que me lavasse na neve, que limpasse minhas mمos na lixيvia,
31. tu me atirarias na imundيcie, e as minhas prَprias vestes teriam horror de mim.
32. (Deus) nمo é um homem como eu a quem possa responder, com quem eu possa comparecer na justiça,
33. pois que nمo hل entre nَs لrbitro que ponha sua mمo sobre nَs dois.
34. Que (Deus) retire sua vara de cima de mim, para pôr um termo a seus medonhos terrores;
35. entمo lhe falarei sem medo; pois, estou sَ comigo mesmo.

 
Capيtulo 10

1. A minha alma estل desgostosa da vida, dou livre curso ao meu lamento; falarei na amargura de meu coraçمo.
2. Em lugar de me condenar, direi a Deus: Mostra-me por que razمo me tratas assim.
3. Encontras prazer em oprimir, em renegar a obra de tuas mمos, em favorecer os planos dos maus?
4. Terلs olhos de carne, ou vês as coisas como as vêem os homens?
5. Serمo os teus dias como os dias de um mortal, e teus anos, como os dos humanos,
6. para que procures a minha culpa e persigas o meu pecado,
7. quando sabes que nمo sou culpado e que ninguém me pode salvar de tuas mمos?
8. Tuas mمos formaram-me e fizeram-me; mudando de idéia, me destruirلs!
9. Lembra-te de que me formaste como o barro; far-me-لs agora voltar à terra?
10. Nمo me ordenhaste como leite e coalhaste como queijo?
11. De pele e carne me revestiste, de ossos e nervos me teceste:
12. concedeste-me vida e misericَrdia; tua providência conservou o meu espيrito.
13. Mas eis o que escondias em teu coraçمo, vejo bem o que meditavas.
14. Se peco, me observas, nمo perdoarلs o meu pecado.
15. Se eu for culpado, ai de mim! Se for inocente, nمo ousarei levantar a cabeça, farto de vergonha e consciente de minha miséria.
16. Esgotado, me caças como um leمo. Nمo cessas de desfraldar contra mim teu estranho poder;
17. redobras contra mim teus assaltos, teu furor cresce contra mim, e vigorosas tropas vêm-me cercar.
18. Por que me tiraste do ventre? Teria morrido; nenhum olho me teria visto.
19. Teria sido como se nunca tivesse existido: do ventre, me teriam levado ao tْmulo.
20. Nمo sمo bem curtos os dias de minha vida? Que ele me deixe respirar um instante,
21. antes que eu parta, para nمo mais voltar, ao tenebroso paيs das sombras da morte,
22. opaca e sombria regiمo, reino de sombra e de caos, onde a noite faz as vezes de claridade.

 
Capيtulo 11

1. Entمo Sofar de Naama tomou a palavra nestes termos:
2. Ficarل sem resposta o que fala muito, dar-se-ل razمo ao grande falador?
3. Tua loquacidade farل calar a gente; zombarلs sem que ninguém te repreenda?
4. Dizes: Minha opiniمo é a verdadeira, sou puro a teus olhos.
5. Oh! Se Deus pudesse falar, e abrir seus lلbios para te responder,
6. revelar-te os mistérios da sabedoria que sمo ambيguos para o espيrito, saberias entمo que Deus esquece uma parte de tua iniqüidade.
7. Pretendes sondar as profundezas divinas, atingir a perfeiçمo do Todo-poderoso?
8. Ela é mais alta do que o céu: que farلs? ة mais profunda que os infernos: como a conhecerلs?
9. ة mais longa que a terra, mais larga que o mar.
10. Se ele surge para aprisionar, se apela à justiça, quem o impedirل?
11. Pois ele conhece os malfeitores, descobre a iniqüidade, presta atençمo.
12. Diante disso, uma cabeça oca poderia compreender, um asno tornar-se-ia razoلvel.
13. Se voltares teu coraçمo para Deus, e para ele estenderes os braços;
14. se afastares de tuas mمos o mal, e nمo abrigares a iniqüidade debaixo de tua tenda,
15. entمo poderلs erguer a fronte sem mancha; serلs estلvel, sem mais nenhum temor.
16. Esquecerلs daي por diante as tuas penas: como لguas que passaram, serمo apenas uma lembrança;
17. o futuro te serل mais brilhante do que o meio-dia, as trevas se mudarمo em aurora;
18. terلs confiança e ficarلs cheio de esperança: olhando em volta de ti, dormirلs tranqüilo;
19. repousarلs sem que ninguém te inquiete muitos acariciarمo teu rosto,
20. mas os olhos dos maus serمo consumidos; para eles, nenhum refْgio; nمo terمo outra esperança senمo em seu ْltimo suspiro.

 
Capيtulo 12

1. Jَ tomou a palavra nestes termos:
2. Sois mesmo gente muito hلbil, e convosco morrerل a sabedoria.
3. Tenho também o espيrito como o vosso (nمo vos sou inferior): quem, pois, ignoraria o que sabeis?
4. Os amigos escarnecem daquele que invoca Deus para que ele lhe responda,
e zombam do justo e do inocente.
5. Vergonha para a infelicidade! ة o modo de pensar do infeliz; sَ hل desprezo para aquele cujo pé fraqueja.
6. As tendas dos bandidos gozam de paz; segurança para aqueles que provocam Deus, que nمo têm outro Deus senمo o prَprio braço.
7. Pergunta, pois, aos animais e eles te ensinarمo; às aves do céu e elas te instruirمo.
8. Fala (aos répteis) da terra, e eles te responderمo, e aos peixes do mar, e eles te darمo liçُes.
9. Entre todos esses seres quem nمo sabe que a mمo de Deus fez tudo isso,
10. ele que tem em mمos a alma de tudo o que vive, e o sopro de vida de todos os humanos?
11. Nمo discerne o ouvido as palavras como o paladar discerne o sabor das iguarias?
12. A sabedoria pertence aos cabelos brancos, a longa vida confere a inteligência.
13. Em (Deus) residem sabedoria e poder; ele possui o conselho e a inteligência.
14. O que ele destrَi nمo serل reconstruيdo; se aprisionar um homem, ninguém hل que o solte.
15. Quando faz as لguas pararem, hل seca; se as soltar, submergirمo a terra.
16. Nele hل força e prudência; ele conhece o que engana e o enganado;
17. faz os لrbitros andarem descalços, torna os juيzes estْpidos;
18. desata a cinta dos reis e cinge-lhes os rins com uma corda;
19. faz os sacerdotes andarem descalços, e abate os poderosos;
20. tira a palavra aos mais seguros de si mesmos e retira a sabedoria dos velhos;
21. derrama o desprezo sobre os nobres, afrouxa a cinta dos fortes,
22. pُe a claro os segredos das trevas, e traz à luz a sombra da morte.
23. Torna grandes as naçُes, e as destrَi; multiplica os povos, depois os suprime.
24. Tira a razمo dos chefes da terra e os deixa perdidos num deserto sem pista;
25. andam às apalpadelas nas trevas, sem luz; tropeçam como um embriagado.

 
Capيtulo 13

1. Meus olhos viram todas essas coisas, meus ouvidos as ouviram e as guardaram;
2. aquilo que vَs sabeis, eu também o sei, nمo vos sou inferior em nada.
3. Mas é com o Todo-poderoso que eu desejaria falar, é com Deus que eu desejaria discutir,
4. pois vَs nمo sois mais que impostores, nمo sois senمo médicos que nمo prestam para nada.
5. Se pudésseis guardar silêncio, tomar-vos-iam por sلbios.
6. Escutai, pois, minha defesa, atendei aos quesitos que vou anunciar.
7. Para defender Deus, ireis dizer mentiras. Serل preciso enganardes em seu favor?
8. Tereis, para com ele, juيzos preconcebidos, e vos arvorais em ser seus advogados?
9. Seria, porventura, bom que ele vos examinasse? Irيeis enganل-lo como se engana um homem?
10. Ele nمo deixarل de vos castigar, se tomardes seu partido ocultamente.
11. Sua majestade nمo vos atemorizarل? Seus terrores nمo vos esmagarمo?
12. Vossos argumentos sمo razُes de poeira, vossas dilapidaçُes sمo obras de barro.
13. Calai-vos! Deixai-me! Quero falar: aconteça depois o que acontecer!
14. Lacero a minha carne com os meus dentes, ponho minha vida em minha mمo.
15. Se ele me mata, nada mais tenho a esperar, e assim mesmo defenderei minha causa diante dele.
16. Isso jل serل minha salvaçمo, que o يmpio nمo seja admitido em sua presença.
17. Escutai, pois, meu discurso, dai ouvido às minhas explicaçُes;
18. estou pronto para defender minha causa, sei que sou eu quem tem razمo.
19. Se alguém quiser demandar contra mim no mesmo instante desejarei calar e morrer.
20. Poupai-me apenas duas coisas! E nمo me esconderei de tua face:
21. afasta de sobre mim a tua mمo, pُe um termo ao medo de teus terrores.
22. Chama por mim, e eu te responderei; ou entمo, falarei eu, e tu terلs a réplica.
23. Quantas faltas e pecados cometi eu? Dل-me a conhecer minhas faltas e minhas ofensas.
24. Por que escondes de mim a tua face, e por que me consideras como um inimigo?
25. Queres, entمo, assustar uma folha levada pelo vento, ou perseguir uma folha ressequida?
26. Pois queres ditar contra mim amargas sentenças, e queres que me sejam imputadas as faltas de minha mocidade,
27. queres enfiar os meus pés no cepo, espiar todos os meus passos, e contar os rastos de meus pés?
28. (E ele se gasta como um pau bichado, como um tecido devorado pela traça).

 
Capيtulo 14

1. O homem nascido da mulher vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias;
2. é como uma flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar.
3. E é sobre ele que abres os olhos, e o chamas a juيzo contigo.
4. Quem farل sair o puro do impuro? Ninguém.
5. Se seus dias estمo contados, se em teu poder estل o nْmero dos seus meses, e fixado um limite que ele nمo ultrapassarل,
6. afasta dele os teus olhos; deixa-o até que acabe o seu dia como um trabalhador.
7. Para uma لrvore, hل esperança; cortada, pode reverdecer, e os seus ramos brotam.
8. Quando sua raiz tiver envelhecido na terra, e seu tronco estiver morto no solo,
9. ao contato com a لgua, tornar-se-ل verde de novo, e distenderل ramos como uma jovem planta.
10. Mas quando o homem morre, fica estendido; o mortal expira; onde estل ele?
11. As لguas correm do lago, o rio se esgota e seca;
12. assim o homem se deita para nمo mais levantar. Durante toda a duraçمo dos céus, ele nمo despertarل; jamais sairل de seu sono.
13. Se, pelo menos, me escondesses na regiمo dos mortos, ao abrigo, até que tua cَlera tivesse passado, se me fixasses um limite em que te lembrasses de mim!
14. Se um homem, uma vez morto, pudesse reviver! Todo o tempo de meu combate eu esperaria até que me viessem soerguer,
15. tu me chamarias e eu te responderia; estenderias a tua destra para a obra de tuas mمos.
16. Mas agora contas os meus passos, e observas todos os meus pecados;
17. tu selaste como num saco os meus crimes, puseste um sinal sobre minhas iniqüidades.
18. Mas a montanha acaba por cair, e o rochedo desmorona longe de seu lugar;
19. as لguas escavam a pedra, o aluviمo leva a terra mَvel; assim aniquilas a esperança do homem.
20. Tu o pُes por terra; ele se vai embora para sempre; tu o desfiguras e o mandas embora.
21. Estejam os seus filhos honrados, ele o ignora; sejam eles humilhados, nمo faz caso.
22. ة somente por ele que sua carne sofre; sua alma sَ se lamenta por ele.

 
Capيtulo 15

1. Elifaz de Temم tomou a palavra nestes termos:
2. Porventura, responde o sلbio como se falasse ao vento e enche de ar o seu ventre?
3. Defende-se ele com fْteis argumentos, e com palavras que nمo servem para nada?
4. Acabarلs destruindo a piedade, reduzes a nada o respeito devido a Deus;
5. pois é a iniqüidade que inspira teus discursos e adotas a linguagem dos impostores.
6. ة a tua boca que te condena, e nمo eu; sمo teus lلbios que dمo testemunho contra ti mesmo.
7. ةs, porventura, o primeiro homem que nasceu, e foste tu gerado antes das colinas?
8. Assististe, porventura, ao conselho de Deus, monopolizaste a sabedoria?
9. Que sabes tu que nَs ignoremos, que aprendeste que nمo nos seja familiar?
10. Hل entre nَs também velhos de cabelos brancos, muito mais avançados em dias do que teu pai.
11. Fazes pouco caso das consolaçُes divinas, e das doces palavras que te sمo dirigidas?
12. Por que te deixas levar pelo impulso de teu coraçمo, e o que significam esses maus olhares?
13. ة contra Deus que ousas encolerizar-te, e que tua boca profere tais discursos!
14. Que é o homem para que seja puro e o filho da mulher, para que seja justo?
15. Nem mesmo de seus santos Deus se fia, e os céus nمo sمo puros a seus olhos;
16. quanto mais do ser abominلvel e corrompido, o homem, que bebe a iniqüidade como a لgua?
17. Ouve-me; vou instruir-te: eu te contarei o que vi,
18. aquilo que os sلbios ensinam, aquilo que seus pais nمo lhes ocultaram,
19. (aos quais, somente, foi dada esta terra, e no meio dos quais nمo tinha penetrado estrangeiro algum).
20. Em todos os dias de sua vida o mau estل angustiado, os anos do opressor sمo em nْmero restrito,
21. ruيdos terrificantes ressoam-lhe aos ouvidos, no seio da paz, lhe sobrevém o destruidor.
22. Ele nمo espera escapar das trevas, estل destinado ao gume da espada.
23. Anda às tontas à procura de seu pمo, sabe que o dia das trevas estل a seu lado.
24. A tribulaçمo e a angْstia vêm sobre ele como um rei que vai para o combate,
25. porque levantou a mمo contra Deus, e desafiou o Todo-poderoso,
26. correndo contra ele com a cabeça levantada, por detrلs da grossura de seus escudos;
27. porque cobriu de gordura o seu rosto, e deixou a gordura ajuntar-se sobre seus rins,
28. habitando em cidades desoladas, em casas que foram abandonadas, destinadas a se tornarem montُes de pedras;
29. nمo se enriquecerل, nem os seus bens resistirمo, nمo mais estenderل sua sombra sobre a terra,
30. nمo escaparل às trevas; o fogo queimarل seus ramos, e sua flor serل levada pelo vento.
31. (Que nمo se fie na mentira: ficarل prisioneiro dela; a mentira serل a sua recompensa).
32. Suas ramagens secarمo antes da hora, seus sarmentos nمo ficarمo verdes;
33. como a vinha, sacudirل seus frutos verdes, como a oliveira, deixarل cair a flor.
34. Pois a raça dos يmpios é estéril, e o fogo devora as tendas do suborno.
35. Quem concebe o mal, gera a infelicidade: é o engano que amadurece em seu seio.

 
Capيtulo 16

1. Jَ respondeu entمo nestes termos:
2. Jل ouvi muitas vezes discursos semelhantes, sois todos uns consoladores importunos.
3. Quando terمo fim essas palavras atiradas ao ar? Que é que te excitava a falar?
4. Eu também podia falar como vَs, se estivésseis em meu lugar. Arranjaria discursos a vosso respeito, e sacudiria a cabeça acerca de vَs;
5. eu vos encorajaria verbalmente, e moveria os meus lلbios sem nenhuma avareza.
6. Se falo, nem por isso se aplaca a minha dor; se calo, estarل ela consolada?
7. Mas Deus me extenuou; estou aniquilado; toda a sua tropa me pegou.
8. Minha magreza tornou-se testemunho contra mim, ela depُe contra mim.
9. Sua cَlera me fere e me persegue, ele range os dentes contra mim. Meus inimigos dardejam os olhos sobre mim.
10. Abrem a boca para me devorar; batem-me na face para me ultrajar, rebelam-se todos contra mim.
11. Deus me entrega aos perversos, joga-me nas mمos dos malvados.
12. Eu estava em paz, ele ma tirou, segurou-me pela nuca e me pôs em pedaços. Tomou-me como alvo.
13. Suas setas voam em volta de mim. Ele rasga meus rins sem piedade, espalha meu fel por terra.
14. Abre em mim brecha sobre brecha, ataca-me como um guerreiro.
15. Cosi um saco sobre minha pele, rolei minha fronte no pَ.
16. Meu rosto estل vermelho de lلgrimas, a sombra da morte estende-se sobre minhas pلlpebras.
17. Entretanto, nمo hل violência em minhas mمos e minha oraçمo é pura.
18. س terra, nمo cubras o meu sangue, e que seu grito nمo seja sufocado pela tumba.
19. Tenho desde jل uma testemunha no céu, um defensor na alturas.
20. Minha oraçمo subiu até Deus, meus olhos choram diante dele.
21. Que ele mesmo julgue entre o homem e Deus, entre o homem e seu semelhante!
22. Pois meus anos contados se esgotam, entro numa vereda por onde nمo passarei de novo.

 
Capيtulo 17

1. O sopro de minha vida vai-se consumindo, os meus dias se apagam, sَ me resta o sepulcro.
2. Estou cercado por zombadores, meu olho vela por causa de seus ultrajes.
3. Sê tu mesmo a minha cauçمo junto de ti, e quem ousarل bater em minha mمo?
4. Pois fechaste o seu coraçمo à inteligência, por isto nمo os deixarلs triunfar.
5. Hل quem convide seus amigos à partilha, quando desfalecem os olhos de seus filhos.
6. Ele me reduziu a ser a fلbula dos povos, e me cospem no rosto.
7. Meus olhos estمo atingidos pela tristeza, todo o meu corpo nمo é mais que uma sombra.
8. As pessoas retas estمo estupefactas, e o inocente se irrita contra o يmpio;
9. o justo, entretanto, persiste no seu caminho, o homem de mمos puras redobra de coragem.
10. Mas vَs todos voltai, vinde, pois nمo acharei entre vَs nenhum sلbio?
11. Meus dias se esgotam, meus projetos estمo aniquilados, frustraram-se os projetos do meu coraçمo.
12. Fazem da noite, dia, a luz da manhم é para mim como trevas.
l3 Deverei esperar? A regiمo dos mortos é a minha morada, preparo meu leito no local tenebroso.
l4 Disse ao sepulcro: ةs meu pai, e aos vermes: Vَs sois minha mمe e minha irmم.
l5 Onde estل, pois, minha esperança? E minha felicidade, quem a entrevê?
l6 Descerمo elas comigo à regiمo dos mortos, e nos afundaremos juntos na terra?

 
Capيtulo 18

1. Bildad de Chua falou entمo nestes termos:
2. Quando acabarلs de falar, e terلs a sabedoria de nos deixar dizer?
3. Por que nos consideras como animais, e por que passamos por estْpidos a teus olhos?
4. Tu que te rasgas em teu furor, é preciso que por tua causa a terra seja abandonada, e que os rochedos mudem de lugar?
5. Sim, a luz do mau se apagarل, e a flama de seu fogo cessarل de alumiar.
6. A luz obscurece em sua tenda, e sua lâmpada sobre ele se apagarل;
7. seus passos firmes serمo cortados, seus prَprios desيgnios os farمo tropeçar.
8. Seus pés se prendem numa rede, e ele anda sobre malhas.
9. A armadilha o segura pelo calcanhar, um laço o aperta.
10. Uma corda se esconde sob a terra para pegل-lo, uma armadilha, ao longo da vereda.
11. De todas as partes temores o amedrontam, e perseguem-no passo a passo.
12. A calamidade vem faminta sobre ele, a infelicidade estل postada a seu lado.
13. A pele de seu corpo é devorada, o filho mais velho da morte devora-lhe os membros;
14. é arrancado da tenda, onde se sentia seguro, levam-no ao rei dos terrores.
15. Podes estabelecer-te em sua tenda: ele nمo existe mais; o enxofre é espalhado em seu domيnio.
16. Por baixo suas raيzes secam, e por cima seus ramos definham.
17. Sua memَria apaga-se da terra, nada mais lembra o seu nome na regiمo.
18. ة arrojado da luz para as trevas, é desterrado do mundo.
19. Nمo tem descendente nem posteridade em sua tribo, nem sobrevivente algum em sua morada.
20. O Ocidente estل estupefacto com sua sorte, o Oriente treme diante dela.
2l Eis o que acontece com as tendas dos يmpios, os lugares habitados pelo homem que nمo conhece Deus.

 
Capيtulo 19

1. Jَ respondeu entمo nestes termos:
2. Até quando afligireis a minha alma e me atormentareis com vossos discursos?
3. Eis que jل por dez vezes me ultrajastes, e nمo vos envergonhais de me insultar.
4. Mesmo que eu tivesse verdadeiramente pecado, minha culpa sَ diria respeito a mim mesmo.
5. Se vos quiserdes levantar contra mim, e convencer-me de ignomيnia,
6. sabei que foi Deus quem me afligiu e me cercou com suas redes.
7. Clamo contra a violência, e ninguém me responde; levanto minha voz, e nمo hل quem me faça justiça.
8. Fechou meu caminho para que eu nمo possa passar, e espalha trevas pelo meu caminho;
9. despojou-me de minha glَria, e tirou-me a coroa da cabeça.
10. Demoliu-me por inteiro, e pereço, desenraizou minha esperança como uma لrvore,
11. acendeu a sua cَlera contra mim, tratou-me como um inimigo.
12. Suas milيcias se concentraram, construيram aterros para me assaltarem, acamparam em volta de minha tenda.
13. Meus irmمos foram para longe de mim, meus amigos de mim se afastaram.
14. Meus parentes e meus يntimos desapareceram, os hَspedes de minha casa esqueceram-se de mim.
15. Minhas servas olham-me como um estranho, sou um desconhecido para elas.
16. Chamo meu escravo, ele nمo responde, preciso suplicar-lhe com a boca.
17. Minha mulher tem horror de meu hلlito, sou pesado aos meus prَprios filhos.
18. Até as crianças caçoam de mim; quando me levanto, troçam de mim.
19. Meus يntimos me abominam, aqueles que eu amava voltam-se contra mim.
20. Meus ossos estمo colados à minha pele, à minha carne, e fujo com a pele de meus dentes.
21. Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vَs, que sois meus amigos, pois a mمo de Deus me feriu.
22. Por que me perseguis como Deus, e vos mostrais insaciلveis de minha carne?
23. Oh!, se minhas palavras pudessem ser escritas, consignadas num livro,
24. gravadas por estilete de ferro em chumbo, esculpidas para sempre numa rocha!
25. Eu o sei: meu vingador estل vivo, e aparecerل, finalmente, sobre a terra.
26. Por detrلs de minha pele, que envolverل isso, na minha prَpria carne, verei Deus.
27. Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verمo, e nمo os olhos de outro; meus rins se consomem dentro de mim.
28. Pois, se dizes: Por que o perseguimos, e como encontraremos nele uma razمo para condenل-lo?
29. Temei o gume da espada, pois a cَlera de Deus persegue os maus, e sabereis que hل uma justiça.

 
Capيtulo 20

1. Sofar de Naama falou nestes termos:
2. ة por isso que meus pensamentos me sugerem uma resposta, e estou impaciente por falar.
3. Ouvi queixas injuriosas, foram palavras vمs que responderam a meu espيrito.
4. Nمo sabes bem que, em todos os tempos, desde que o homem foi posto na terra,
5. o triunfo dos maus é breve, e a alegria do يmpio sَ dura um instante?
6. Ainda mesmo que sua estatura chegasse até o céu e sua cabeça tocasse a nuvem,
7. como o seu prَprio esterco, ele perece para sempre, e aqueles que o viam, indagam onde ele estل.
8. Como um sonho, ele voa, ninguém mais o encontra, desaparece como uma visمo noturna.
9. O olho que o viu, jل nمo mais o vê, nem o verل mais a sua morada.
10. Seus filhos aplacarمo os pobres, suas mمos restituirمo suas riquezas.
11. Seus ossos estavam cheios de vigor juvenil, sua mocidade deita-se com ele no pَ.
12. Se o mal lhe foi doce na boca, se o ocultou debaixo da lيngua,
13. se o reteve e nمo o abandonou, se o saboreou com seu paladar,
14. esse alimento se transformarل em suas entranhas, e se converterل interiormente em fel de لspides.
15. Vomitarل as riquezas que engoliu; Deus as farل sair-lhe do ventre.
16. Sugava o veneno de لspides, a lيngua da vيbora o matarل.
17. Nمo verل correr os riachos de َleo, as torrentes de mel e de leite.
18. Vomitarل seu ganho, sem poder engoli-lo, nمo gozarل o fruto de seu trلfico.
19. Porque maltratou, desamparou os pobres, roubou uma casa que nمo tinha construيdo,
20. porque sua avidez é insaciلvel, nمo salvarل o que lhe era mais caro.
21. Nada escapava à sua voracidade: é por isso que sua felicidade nمo hل de durar.
22. Em plena abundância, sentirل escassez; todos os golpes da infelicidade caem sobre ele.
23. Para encher-lhe o ventre (Deus) desencadeia o fogo de sua cَlera, e farل chover a dor sobre ele.
24. Se foge diante da arma de ferro, o arco de bronze o traspassa,
25. um dardo sai-lhe das costas, um aço fulgurante sai-lhe do fيgado. O terror desaba sobre ele,
26. e ser-lhe-مo reservadas as trevas. Um fogo, que o homem nمo acendeu, o devora e consome o que sobra em sua tenda.
27. Os céus revelam seu crime, a terra levanta-se contra ele,
28. uma torrente joga-se contra sua casa, que é levada no dia da cَlera divina.
29. Tal é a sorte que Deus reserva ao mau, e a herança que Deus lhe destina.

 
Capيtulo 21

1. Jَ tomou entمo a palavra nestes termos:
2. Ouvi, ouvi minhas palavras, que eu tenha pelo menos esse consolo de vossa parte.
3. Permiti que eu fale; quando tiver falado, zombai à vontade.
4. ة de um homem que me queixo? E como nمo hei de perder a paciência?
5. Olhai para mim; ireis ficar estupefactos, e poreis a mمo sobre a boca.
6. Quando penso nisso, fico estarrecido, e todo o meu corpo treme.
7. Como é que os maus vivem, envelhecem, e cresce o seu vigor?
8. Sua posteridade prospera diante deles, e seus descendentes sob seus olhos;
9. sua casa é tranqüila, sem alarmes, a vara de Deus nمo os atinge.
10. Seu touro é cada vez mais fecundo, sua vaca dل cria sem nunca abortar.
11. Deixam os filhos correr como carneiros, e os seus pequenos saltam e brincam.
12. Cantam ao som do pandeiro e da cيtara, divertem-se ao som da flauta.
13. Passam os dias na alegria, e descem tranqüilamente à regiمo dos mortos.
14. Ora, dizem a Deus: Afasta-te de nَs, nمo queremos conhecer os teus caminhos;
15. quem é o Todo-poderoso para que o sirvamos? Que vantagem temos em lhe fazer oraçُes?
16. A felicidade nمo estل em suas mمos? Contudo, longe de mim esteja o modo de pensar dos يmpios!
17. Quantas vezes vemos apagar-se a lâmpada dos يmpios, e a ruيna desabar sobre eles?
18. Sمo eles como a palha ao sopro do vento, como a cinza tragada pelo turbilhمo?
19. Deus (assim dizem), reserva para os filhos o castigo do pai. Que ele mesmo o puna, para que o sinta!
20. Que veja com os prَprios olhos a sua ruيna, e ele mesmo beba da cَlera do Todo-poderoso!
21. Que se lhe dل do que serل feito de sua casa depois dele, se o nْmero de seus meses jل estل contado?
22. ة a Deus, que se irل ensinar a sabedoria, a ele, que julga os seres superiores?
23. Um morre no seio da prosperidade, plenamente feliz e tranqüilo,
24. os flancos cobertos de gordura, e a medula dos ossos cheia de seiva;
25. o outro morre com a amargura na alma, sem ter gozado a felicidade;
26. juntos se deitam na terra, e os vermes recobrem a ambos.
27. Ah! conheço vossos pensamentos, os julgamentos inيquos que fazeis de mim.
28. Dizeis: Onde estل a casa do tirano, onde estل a tenda em que habitavam os يmpios?
29. Nمo interrogastes os viajantes? Contestarيeis seus testemunhos?
30. No dia da infelicidade o يmpio é poupado, no dia da cَlera ele escapa.
31. Quem reprova diante dele o seu proceder, e lhe pede contas de seus atos?
32. Levam-no ao sepulcro, ficarمo de vigيlia em sua câmara funerلria.
33. Os torrُes do vale sمo-lhe leves; todos os homens irمo em sua companhia, e foram inumerلveis seus predecessores.
34. Que significam, pois, essas vمs consolaçُes? Todas as vossas respostas sمo apenas perfيdia.

 
Capيtulo 22

1. Elifaz de Temم tomou a palavra nestes termos:
2. Pode o homem ser ْtil a Deus? O sلbio sَ é ْtil a si mesmo.
3. De que serve ao Todo-poderoso que tu sejas justo? Tem ele interesse que teu proceder seja يntegro?
4. ة por causa de tua piedade que ele te pune, e entra contigo em juيzo?
5. Nمo é enorme a tua malيcia, e nمo sمo inumerلveis as tuas iniqüidades?
6. Sem causa tomaste penhores a teus irmمos, despojaste de suas vestes os miserلveis;
7. nمo davas لgua ao sedento, recusavas o pمo ao esfomeado.
8. A terra era do mais forte, e o protegido é que nela se estabelecia.
9. Despedias as viْvas com as mمos vazias, quebravas os braços dos َrfمos.
10. Eis por que estلs cercado de laços, e os terrores sْbitos te amedrontam.
11. A luz obscureceu-se; jل nمo vês nada; e o dilْvio لguas te engole.
12. Nمo estل Deus nas alturas dos céus? Vê a cabeça das estrelas como estل alta!
13. E dizes: Que sabe Deus? Pode ele julgar através da nuvem opaca?
14. As nuvens formam um véu que o impede de ver; ele passeia pela abَbada do céu.
15. Segues, pois, rotas antigas por onde andavam os homens inيquos
16. que foram arrebatados antes do tempo, e cujos fundamentos foram arrastados com as لguas,
17. e que diziam a Deus: Retira-te de nَs, que poderia fazer-nos o Todo-poderoso?
18. Foi ele, entretanto, que lhes cumulou de bens as casas; - longe de mim os conselhos dos maus! -
19. Vendo-os, os justos se alegram, e o inocente zomba deles:
20. Nossos inimigos estمo aniquilados, e o fogo devorou-lhes as riquezas!
21. Reconcilia-te, pois, com (Deus) e faz as pazes com ele, é assim que te serل de novo dada a felicidade;
22. aceita a instruçمo de sua boca, e pُe suas palavras em teu coraçمo.
23. Se te voltares humildemente para o Todo-poderoso, se afastares a iniqüidade de tua tenda,
24. se atirares as barras de ouro ao pَ, e o ouro de Ofir entre os pedregulhos da torrente,
25. o Todo-poderoso serل teu ouro e um monte de prata para ti.
26. Entمo farلs do Todo-poderoso as tuas delيcias, e levantarلs teu rosto a Deus.
27. Tu lhe rogarلs, e ele te ouvirل, e cumprirلs os teus votos:
28. formarلs os teus projetos, que terمo feliz êxito, e a luz brilharل em tuas veredas.
29. Pois Deus abaixa o altivo e o orgulhoso, mas socorre aquele que abaixa os olhos.
30. Salva o inocente, o qual é libertado pela pureza de suas mمos.

 
Capيtulo 23

1. Jَ tomou a palavra nestes termos:
2. Sim, hoje minha queixa é uma revolta; sua mمo pesa sobre meus suspiros.
3. Ah! se pudesse encontrل-lo, e chegar até seu trono!
4. Exporia diante dele minha causa, encheria minha boca de argumentos,
5. saberia o que ele iria responder-me, e veria o que ele teria para me dizer.
6. Oporia ele contra mim a sua onipotência? Bastaria que lançasse os olhos em mim;
7. seria entمo um justo a discutir com ele, e eu iria embora definitivamente absolvido pelo meu juiz.
8. Mas se eu for ao oriente, lل ele nمo estل; ao ocidente, nمo o encontrarei;
9. se o procuro ao norte, nمo o vejo; se me volto para o sul, nمo o descubro.
10. Mas ele conhece o meu caminho; e se me pُe à prova, dela sairei puro como o ouro.
11. Meu pé seguiu os seus traços, guardei o seu caminho sem me desviar.
12. Nمo me afastei dos preceitos de seus lلbios, guardei no meu يntimo as palavras de sua boca.
13. Mas ele decidiu alguma coisa; quem o farل voltar atrلs? Ele faz o que bem lhe agrada.
14. Realizarل seu desيgnio a meu respeito, e tem muitos projetos iguais a este.
15. Eis por que sua presença me atemoriza: basta o seu pensamento para me fazer tremer.
16. Deus fundiu o meu coraçمo, o Todo-poderoso me enche de terror.
17. Sucumbo diante das trevas, as trevas cobriram-me o rosto.

 
Capيtulo 24

1. Por que nمo reserva tempos para si o Todo-poderoso? E por que ignoram seus dias os que lhe sمo fiéis?
2. Os maus mudam as divisas das terras, e fazem pastar o rebanho que roubaram.
3. Empurram diante de si o jumento do َrfمo, e tomam em penhor o boi da viْva.
4. Afastam os pobres do caminho, todos os miserلveis da regiمo precisam esconder-se.
5. Como os asnos no deserto, saem para o trabalho, à procura do que comer, à procura do pمo para seus filhos.
6. Ceifam a forragem num campo, vindimam a vinha do يmpio.
7. Passam a noite nus, sem roupa, sem cobertor contra o frio.
8. Sمo banhados pelas chuvas da montanha; sem abrigo, abraçam-se com as rochas.
9. Arrancam o َrfمo do seio materno, tomam em penhor as crianças do pobre.
10. Andam nus, despidos, esfomeados, carregam feixes.
11. Espremem o َleo nos celeiros, pisam os lagares, morrendo de sede.
12. Sobe da cidade o estertor dos moribundos, a alma dos feridos grita: Deus nمo ouve suas sْplicas.
13. Outros sمo rebeldes à luz, nمo conhecem seus caminhos, nمo habitam em suas veredas.
14. O homicida levanta-se quando cai o dia, para matar o pobre e o indigente; o ladrمo vagueia durante a noite.
15. O adْltero espreita o crepْsculo: Ninguém me verل, diz ele, e pُe um véu no rosto.
16. Nas trevas, forçam as casas; escondem-se durante o dia; nمo conhecem a luz.
17. Para eles, com efeito, a manhم é uma sombra espessa, pois estمo acostumados aos terrores da noite.
18. Correm rapidamente à superfيcie das لguas, sua herança é maldita na terra; jل nمo tomarمo o caminho das vinhas.
19. Como a seca e o calor absorvem a لgua das neves, assim a regiمo dos mortos engole os pecadores.
20. O ventre que o gerou, esquece-o, os vermes fazem dele as suas delيcias; ninguém mais se lembra dele.
21. A iniqüidade é quebrada como uma لrvore. Maltratava a mulher estéril e sem filhos, nمo fazia o bem à viْva;
22. punha sua força a serviço dos poderosos. Levanta-se e jل nمo pode mais contar com a vida.
23. Ele lhes dل segurança e apoio, mas seus olhos vigiam seus caminhos.
24. Levantam-se, subitamente jل nمo existem; caem; como os outros, sمo arrebatados, sمo ceifados como cabeças de espigas.
25. Se assim nمo é, quem me desmentirل, quem reduzirل a nada as minhas palavras?

 
Capيtulo 25

1. Bildad de Chua tomou entمo a palavra nestes termos:
2. A ele, o poder e a majestade, em sua alta morada faz reinar a paz.
3. Podem ser contadas as suas legiُes? Sobre quem nمo se levanta a sua luz?
4. Como seria justo o homem diante de Deus, como seria puro o filho da mulher?
5. Até mesmo a luz nمo brilha, e as estrelas nمo sمo puras a seus olhos;
6. quanto menos o homem, esse verme, e o filho do homem, esse vermezinho.

 
Capيtulo 26

1. Jَ tomou entمo a palavra nestes termos:
2. Como sabes sustentar bem o fraco, e socorrer um braço sem vigor!
3. Como sabes aconselhar o ignorante, e dar mostras de abundante sabedoria!
4. A quem diriges este discurso? Sob a inspiraçمo de quem falas tu?
5. As sombras agitam-se embaixo (da terra), as لguas e seus habitantes (estمo temerosos).
6. A regiمo dos mortos estل aberta diante dele, os infernos nمo têm véu.
7. Estende o setentriمo sobre o vلcuo, suspende a terra acima do nada.
8. Prende as لguas em suas nuvens, e as nuvens nمo se rasgam sob seu peso.
9. Vela a face da lua, estendendo sobre ela uma nuvem.
10. Traçou um cيrculo à superfيcie das لguas, onde a luz confina com as trevas.
11. As colunas do céu estremecem e assustam-se com a sua ameaça.
12. Com seu poder levanta o mar, com sua sabedoria destruiu Raab.
13. Seu sopro varreu os céus, e sua mمo feriu a serpente fugitiva.
14. Eis que tudo isso nمo é mais que o contorno de suas obras, e se apenas percebemos um fraco eco dessas obras, quem compreenderل o trovمo de seu poder?

 
Capيtulo 27

1. Jَ continuou seu discurso nestes termos:
2. Pela vida de Deus que me recusa justiça, pela vida do Todo-poderoso que enche minha alma de amargura,
3. enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus passar por minhas narinas,
4. meus lلbios nada pronunciarمo de perverso e minha lيngua nمo proferirل mentira.
5. Longe de mim vos dar razمo! Até o ْltimo suspiro defenderei minha inocência,
6. mantenho minha justiça, nمo a abandonarei; minha consciência nمo acusa nenhum de meus dias.
7. Que meu inimigo seja tratado como culpado, e meu adversلrio como um mentiroso!
8. Que pode esperar o يmpio de sua oraçمo, quando eleva para Deus a sua alma?
9. Deus escutarل seu clamor quando a angْstia cair sobre ele?
10. Encontra ele suas delيcias no Todo-poderoso, invoca ele Deus em todo o tempo?
11. Eu vos ensinarei o proceder de Deus, nمo vos ocultarei os desيgnios do Todo-poderoso.
12. Mas todos vَs jل o sabeis; e por que proferis palavras vمs?
13. Eis a sorte que Deus reserva aos maus, e a parte reservada ao violento pelo Todo-poderoso.
14. Se seus filhos se multiplicam, é para a espada, e seus descendentes nمo terمo o que comer.
15. Seus sobreviventes serمo sepultados na morte, e suas viْvas nمo os chorarمo.
16. Se amontoa prata como poeira, se ajunta vestimentas como argila,
17. ele amontoa, mas é o justo quem os veste, é um homem honesto quem herda a prata.
18. Constrَi sua casa como a casa da aranha, como a choupana que o vigia constrَi.
19. Deita-se rico: é pela ْltima vez. Quando abre os olhos, jل deixou de sê-lo.
20. O terror o invade como um dilْvio, um redemoinho o arrebata durante a noite.
21. O vento de leste o levanta e o faz desaparecer: varre-o violentamente de seu lugar.
22. Precipitam-se sobre ele sem poupل-lo, é arrastado numa fuga desvairada.
23. Sua ruيna é aplaudida; de sua prَpria casa assobiarمo sobre ele.

 
Capيtulo 28

1. Hل lugares de onde se tira a prata, lugares onde o ouro é apurado;
2. o ferro é extraيdo do solo, o cobre é extraيdo de uma pedra fundida.
3. Foi posto um fim às trevas, escavaram-se as ْltimas profundidades da rocha obscura e sombria.
4. Longe dos lugares habitados (o mineiro) abre galerias que sمo ignoradas pelos pés dos transeuntes; suspenso, vacila longe dos humanos.
5. A terra, que produz o pمo, é sacudida em suas entranhas como se fosse pelo fogo.
6. As rochas encerram a safira, assim como o pَ do ouro.
7. A لguia nمo conhece a vereda, o olho do abutre nمo a viu;
8. os altivos animais nمo a pisaram, o leمo nمo passou por ela.
9. O homem pُe a mمo no sيlex, derruba as montanhas pela base;
10. fura galerias nos rochedos, o olho pode ver nelas todos os tesouros.
11. Explora as nascentes dos rios, e pُe a descoberto o que estava escondido.
12. Mas a sabedoria, de onde sai ela? Onde estل o jazigo da inteligência?
13. O homem ignora o caminho dela, ninguém a encontra na terra dos vivos.
14. O abismo diz: Ela nمo estل em mim. Nمo estل comigo, diz o mar.
15. Nمo pode ser adquirida com ouro maciço, nمo pode ser comprada a peso de prata.
16. Nمo pode ser posta em balança com o ouro de Ofir, com o ônix precioso ou a safira.
17. Nمo pode ser comparada nem ao ouro nem ao vidro, ninguém a troca por vaso de ouro fino.
18. Quanto ao coral e ao cristal, nem se fala, a sabedoria vale mais do que as pérolas.
19. Nمo pode ser igualada ao topلzio da Etiَpia, nمo pode ser equiparada ao mais puro ouro.
20. De onde vem, pois, a sabedoria? Onde estل o jazigo da inteligência?
21. Um véu a oculta de todos os viventes, até das aves do céu ela se esconde.
22. Dizem o inferno e a morte: Apenas ouvimos falar dela.
23. Deus conhece o caminho para encontrل-la, é ele quem sabe o seu lugar,
24. porque ele vê até os confins da terra, e enxerga tudo o que hل debaixo do céu.
25. Quando ele se ocupava em pesar os ventos, e em regular a medida das لguas,
26. quando fixava as leis da chuva, e traçava uma rota aos relâmpagos,
27. entمo a viu e a descreveu, penetrou-a e escrutou-a.
28. Depois disse ao homem: O temor do Senhor, eis a sabedoria; fugir do mal, eis a inteligência.

 
Capيtulo 29

1. Jَ continuou seu discurso nestes termos:
2. Quem me tornarل tal como antes, nos dias em que Deus me protegia,
3. quando a sua lâmpada luzia sobre a minha cabeça, e a sua luz me guiava nas trevas?
4. Tal como eu era nos dias de meu outono, quando Deus velava como um amigo sobre minha tenda,
5. quando o Todo-poderoso estava ainda comigo, e meus filhos em volta de mim;
6. quando os meus pés se banhavam no creme, e o rochedo em mim derramava ondas de َleo;
7. quando eu saيa para ir à porta da cidade, e me assentava na praça pْblica?
8. Viam-me os jovens e se escondiam, os velhos levantavam-se e ficavam de pé;
9. os chefes interrompiam suas conversas, e punham a mمo sobre a boca;
10. calava-se a voz dos prيncipes, a lيngua colava-se-lhes no céu da boca.
11. Quem me ouvia felicitava-me, quem me via dava testemunho de mim.
12. Livrava o pobre que pedia socorro, e o َrfمo que nمo tinha apoio.
13. A bênçمo do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu dava alegria ao coraçمo da viْva.
14. Revestia-me de justiça, e a eqüidade era para mim como uma roupa e um turbante.
15. Era os olhos do cego e os pés daquele que manca;
16. era um pai para os pobres, examinava a fundo a causa dos desconhecidos.
17. Quebrava o queixo do perverso, e arrancava-lhe a presa de entre os dentes.
18. Eu dizia: Morrerei em meu ninho, meus dias serمo tمo numerosos quanto os da fênix.
19. Minha raiz atinge as لguas, o orvalho ficarل durante a noite sobre meus ramos.
20. Minha glَria serل sempre jovem, e meu arco sempre forte em minha mمo.
21. Escutavam-me, esperavam, recolhiam em silêncio meu conselho;
22. quando acabava de falar, nمo acrescentavam nada, minhas palavras eram recebidas como orvalho.
23. Esperavam-me como a chuva e abriam a boca como se fosse para as لguas da primavera.
24. Sorria para aqueles que perdiam coragem; ante o meu ar benevolente, deixavam de estar abatidos.
25. Quando eu ia ter com eles, tinha o primeiro lugar, era importante como um rei no meio de suas tropas, como o consolador dos aflitos.

 
Capيtulo 30

1. Agora zombam de mim os mais jovens do que eu, aqueles cujos pais eu desdenharia de colocar com os cمes de meu rebanho.
2. Que faria eu com o vigor de seus braços? Nمo atingirمo a idade madura.
3. Reduzidos a nada pela miséria e a fome, roem um solo لrido e desolado.
4. Colhem ervas e cascas dos arbustos, por pمo têm somente a raiz das giestas.
5. Sمo postos para fora do povo, gritam com eles como se fossem ladrُes,
6. moram em barrancos medonhos, em buracos de terra e de rochedos.
7. Ouvem-se seus gritos entre os arbustos, amontoam-se debaixo das urtigas,
8. filhos de infames e de gente sem nome que sمo expulsos da terra!
9. Agora sou o assunto de suas cançُes, o tema de seus escلrnios;
10. afastam-se de mim com horror, nمo receiam cuspir-me no rosto.
11. Desamarraram a corda para humilhar-me, sacudiram de si todo o freio diante de mim.
12. ہ minha direita levanta-se a raça deles, tentam atrapalhar meus pés, abrem diante de mim o caminho da sua desgraça.
13. Cortam minha vereda para me perder, trabalham para minha ruيna.
14. Penetram como por uma grande brecha, irrompem entre escombros.
15. O pavor me invade. Minha esperança é varrida como se fosse pelo vento, minha felicidade passa como uma nuvem.
16. Agora minha alma se dissolve, os dias de afliçمo me dominaram.
17. A noite traspassa meus ossos, consome-os; os males que me roem nمo dormem.
18. Com violência segura a minha veste, aperta-me como o colarinho de minha tْnica.
19. Deus jogou-me no lodo, tenho o aspecto da poeira e da cinza.
20. Clamo a ti, e nمo me respondes; ponho-me diante de ti, e nمo olhas para mim.
21. Tornaste-te cruel para comigo, atacas-me com toda a força de tua mمo.
22. Arrebatas-me, fazes-me cavalgar o tufمo, aniquilas-me na tempestade.
23. Eu bem sei, levas-me à morte, ao lugar onde se encontram todos os viventes.
24. Mas poderل aquele que cai nمo estender a mمo, poderل nمo pedir socorro aquele que perece?
25. Nمo chorei com os oprimidos? Nمo teve minha alma piedade dos pobres?
26. Esperava a felicidade e veio a desgraça, esperava a luz e vieram as trevas.
27. Minhas entranhas abrasam-se sem nenhum descanso, assaltaram-me os dias de afliçمo.
28. Caminho no luto, sem sol; levanto-me numa multidمo de gritos,
29. tornei-me irmمo dos chacais e companheiro dos avestruzes.
30. Minha pele enegrece-se e cai, e meus ossos sمo consumidos pela febre.
31. Minha cيtara sَ dل acordes lْgubres, e minha flauta sons queixosos.

 
Capيtulo 31

1. Eu havia feito um pacto com meus olhos: nمo desejaria olhar nunca para uma virgem.
2. Que parte me daria Deus lل do alto, que sorte o Todo-poderoso me enviaria dos céus?
3. A infelicidade nمo estل reservada ao injusto, e o infortْnio ao inيquo?
4. Nمo conhece Deus os meus caminhos, e nمo conta todos os meus passos?
5. Se caminhei com a mentira, se meu pé correu atrلs da fraude,
6. que Deus me pese em justas balanças e reconhecerل minha integridade.
7. Se meus passos se desviaram do caminho, se meu coraçمo seguiu meus olhos, se às minhas mمos se apegou qualquer mلcula,
8. semeie eu e outro o coma, e que minhas plantaçُes sejam desenraizadas!
9. Se meu coraçمo foi seduzido por uma mulher, se fiquei à espreita à porta de meu vizinho,
10. que minha mulher gire a mَ para outro e que estranhos a possuam!
11. Pois isso teria sido um crime, um delito dependente da justiça,
12. um fogo que devoraria até o abismo, e que teria arruinado todos os meus bens.
13. Nunca violei o direito de meus escravos, ou de minha serva, em suas discussُes comigo.
14. Que farei eu quando Deus se levantar? Quando me interrogar, que lhe responderei?
15. Aquele que me criou no ventre, nمo o criou também a ele? Um mesmo criador nمo nos formou no seio da nossa mمe?
16. Nمo recusei aos pobres aquilo que desejavam, nمo fiz desfalecer os olhos da viْva,
17. nمo comi sozinho meu pedaço de pمo, sem que o َrfمo tivesse a sua parte;
18. desde minha infância cuidei deste como um pai, desde o ventre de minha mمe fui o guia da viْva.
19. Se vi perecer um homem por falta de roupas, e o pobre que nمo tinha com que cobrir-se,
20. sem que seus rins me tenham abençoado, aquecido como estava com a lم de minhas ovelhas;
21. se levantei a mمo contra o َrfمo, quando me via apoiado pelos juيzes,
22. que meu ombro caia de minhas costas, que meu braço seja arrancado de seu cotovelo!
23. Pois o temor de Deus me invadiu, e diante de sua majestade nمo posso subsistir.
24. Nunca pus no ouro minha segurança, nem jamais disse ao ouro puro: ةs minha esperança.
25. Nunca me rejubilei por ser grande a minha riqueza, nem pelo fato de minha mمo ter ajuntado muito.
26. Quando eu via o sol brilhar, e a lua levantar-se em seu esplendor,
27. jamais meu coraçمo deixou-se seduzir em segredo, e minha mمo nمo foi levada à boca para um beijo.
28. Isto seria um crime digno de castigo, pois eu teria renegado o Deus do alto.
29. Nunca me alegrei com a ruيna de meu inimigo, e nem exultei quando a infelicidade o feriu.
30. Nمo permiti que minha lيngua pecasse, reclamando sua morte por uma imprecaçمo.
31. Jamais as pessoas de minha tenda me disseram: Hل alguém que nمo saiu satisfeito.
32. O estrangeiro nمo passava a noite fora, eu abria a minha porta ao viajante.
33. Nunca dissimulei minha culpa aos homens, escondendo em meu peito minha iniqüidade,
34. como se temesse a multidمo e receasse o desprezo das famيlias, a ponto de me manter quieto sem pôr o pé fora da porta.
35. Oh, se eu tivesse alguém para me ouvir! Eis a minha assinatura: que o Todo-poderoso me responda! Que o meu adversلrio escreva também um memorial.
36. Serل que eu nمo o poria sobre meus ombros, e nمo cingiria minha fronte com ele como de uma coroa?
37. Dar-lhe-ia conta de todos os meus passos, e me apresentaria diante dele altivo como um prيncipe.
38. Se minha terra clamou contra mim, e seus sulcos derramaram lلgrimas,
39. se comi seus frutos sem pagar, se afligi a alma de seu possuidor,
40. que em vez de trigo produza espinhos, e joio em vez de cevada! Aqui terminam os discursos de Jَ.

 
Capيtulo 32

1. Como Jَ persistisse em considerar-se como um justo, estes três homens cessaram de lhe responder.
2. Entمo se inflamou a cَlera de Eliْ, filho de Baraquel, de Buz, da famيlia de Rمo; sua cَlera inflamou-se contra Jَ, por este pretender justificar-se perante Deus.
3. Inflamou-se também contra seus três amigos, por nمo terem achado resposta conveniente, dando assim culpa a Deus.
4. Como fossem mais velhos do que ele, Eliْ tinha se abstido de responder a Jَ.
5. Mas, quando viu que nمo tinham mais nada para responder, encolerizou-se.
6. Entمo Eliْ, filho de Baraquel, de Buz, tomou a palavra nestes termos: Sou jovem em anos, e vَs sois velhos; é por isso que minha timidez me impediu de manifestar-vos o meu saber.
7. Dizia comigo: A idade vai falar; os muitos anos farمo conhecer a sabedoria,
8. mas é o Espيrito de Deus no homem, e um sopro do Todo-poderoso que torna inteligente.
9. Nمo sمo os mais velhos que sمo sلbios, nem os anciمos que discernem o que é justo;
10. é por isso que digo: Escutai-me, vou mostrar-vos o que sei.
11. Esperei enquanto falلveis, prestei atençمo em vossos raciocيnios. Enquanto discutيeis,
12. segui-vos atentamente. Mas ninguém refutou Jَ, ninguém respondeu aos seus argumentos.
13. Nمo digais: Encontramos a sabedoria; é Deus e nمo um homem quem nos instrui.
14. Nمo foi a mim que dirigiu seus discursos, mas encontrarei outras respostas diferentes das vossas.
15. Ei-los calados, jل nمo dizem mais nada; faltam-lhes as palavras.
16. Esperei que se calassem, que parassem e cessassem de responder.
17. ة a minha vez de responder: vou também mostrar o que sei.
18. Pois estou cheio de palavras, o espيrito que estل em meu peito me oprime.
19. Meu peito é como o vinho arrolhado, como um barril pronto para estourar.
20. Vou falar, isto me aliviarل, abrirei meus lلbios para responder.
21. Nمo farei acepçمo de ninguém, nمo adularei este ou aquele.
22. Pois nمo sei bajular; do contrلrio, meu Criador logo me levaria.

 
Capيtulo 33

1. E agora, Jَ, escuta minhas palavras, dل ouvidos a todos os meus discursos.
2. Eis que abro a boca, minha lيngua, sob o céu da boca, vai falar.
3. Minhas palavras brotam de um coraçمo reto, meus lلbios falarمo francamente.
4. O Espيrito de Deus me criou, e o sopro do Todo-poderoso me deu a vida.
5. Se puderes, responde-me; toma posiçمo, fica firme diante de mim.
6. Em face de Deus sou teu igual: como tu mesmo, fui formado de barro.
7. Assim meu temor nمo te assustarل e o peso de minhas palavras nمo te acabrunharل.
8. Ora, disseste aos meus ouvidos, e ouvi estas palavras:
9. Sou puro, sem pecado; sou limpo, nمo hل culpa em mim.
10. ة ele que inventa pretextos contra mim, considera-me seu inimigo.
11. Pôs meus pés no cepo, espiou todos os meus passos.
12. Responderei que nisto foste injusto, pois Deus é maior do que o homem.
13. Por que o acusas de nمo dar nenhuma resposta a teus discursos?
14. Pois Deus fala de uma maneira e de outra e nمo prestas atençمo.
15. Por meio dos sonhos, das visُes noturnas, quando um sono profundo pesa sobre os humanos, enquanto o homem estل adormecido em seu leito,
16. entمo abre o ouvido do homem e o assusta com suas apariçُes,
17. a fim de desviل-lo do pecado e de preservل-lo do orgulho,
18. para salvar-lhe a alma do fosso, e sua vida, da seta mortيfera.
19. Pela dor também é instruيdo o homem em seu leito, quando todos os seus membros sمo agitados,
20. quando recebe o alimento com desgosto, e jل nمo pode suportar as iguarias mais deliciosas;
21. sua carne some aos olhares, seus membros emagrecidos se desvanecem;
22. sua alma aproxima-se da sepultura, e sua vida, daqueles que estمo mortos.
23. Se perto dele se encontrar um anjo, um intercessor entre mil, para ensinar-lhe o que deve fazer,
24. ter piedade dele e dizer: Poupai-o de descer à sepultura, recebi o resgate de sua vida;
25. sua carne retomarل o vigor da mocidade, retornarل aos dias de sua adolescência.
26. Ele reza, e Deus lhe é propيcio, contempla-lhe a face com alegria. Anuncia (Deus) ao homem sua justiça;
27. canta diante dos homens, dizendo: Pequei, violei o direito, e Deus nمo me tratou conforme meus erros;
28. poupou minha alma de descer à sepultura, e minha alma bem viva goza a luz.
29. Eis o que Deus faz duas, três vezes para o homem,
30. a fim de tirar-lhe a alma da sepultura, para iluminل-la com a luz dos vivos.
31. Presta atençمo, Jَ, escuta-me; cala a boca para que eu fale.
32. Se tens alguma coisa para dizer, responde-me; fala, eu gostaria de te dar razمo.
33. Se nمo, escuta-me, cala-te, e eu te ensinarei a sabedoria.

 
Capيtulo 34

1. Eliْ retomou a palavra nestes termos:
2. Sلbios, ouvi meu discurso; eruditos, prestai atençمo,
3. pois o ouvido discerne o valor das palavras, como o paladar aprecia as iguarias.
4. Procuremos discernir o que é justo, e conhecer entre nَs o que é bom.
5. Jَ disse: Eu sou inocente; é Deus que recusa fazer-me justiça.
6. A despeito de meu direito, passo por mentiroso, minha ferida é incurلvel, sem que eu tenha pecado.
7. Onde existe um homem como Jَ, para beber a blasfêmia como quem bebe لgua,
8. para andar de par com os يmpios e caminhar com os perversos?
9. Pois ele disse: O homem nمo ganha nada em ser agradلvel a Deus.
10. Ouvi-me, pois, homens sensatos: longe de Deus a injustiça! Longe do Todo-poderoso a iniqüidade!
11. Ele trata o homem conforme seus atos, dل a cada um o que merece.
12. ة claro! Deus nمo é injusto, e o Todo-poderoso nمo falseia o direito.
13. Quem lhe confiou a administraçمo da terra? Quem lhe entregou o universo?
14. Se lhe retomasse o sopro, se lhe retirasse o alento,
15. toda carne expiraria no mesmo instante, o homem voltaria ao pَ.
16. Se tens inteligência, escuta isto, dل ouvidos ao som de minhas palavras:
17. um inimigo do direito poderia governar? Pode o Justo, o Poderoso cometer a iniqüidade?
18. Ele que disse a um rei: Malvado! A prيncipes: Celerados!
19. Ele nمo tem preferência pelos grandes, e nمo tem mais consideraçمo pelos ricos do que pelos pobres, porque sمo todos obras de suas mمos.
20. Subitamente, perecem no meio da noite; os povos vacilam e passam, o poderoso desaparece, sem o socorro de mمo alguma.
21. Pois Deus olha para o proceder do homem, vê todos os seus passos.
22. Nمo hل obscuridade, nem trevas onde o inيquo possa esconder-se.
23. Nمo precisa olhar duas vezes para um homem para citل-lo em justiça consigo.
24. Abate os poderosos sem inquérito, e pُe outros em lugar deles,
25. pois conhece suas açُes; derruba-os à noite, sمo esmagados.
26. Fere-os como يmpios, num lugar onde sمo vistos,
27. porque se afastaram dele e nمo quiseram conhecer os seus caminhos,
28. fazendo chegar até ele o clamor do pobre e tornando-o atento ao grito do infeliz.
29. Se ele dل a paz, quem o censurarل? Se oculta sua face, quem poderل contemplل-lo?
30. Assim trata ele o povo e o indivيduo de maneira que o يmpio nمo venha a reinar, e jل nمo seja uma armadilha para o povo.
31. Tinha dito a Deus: Fui seduzido, nمo mais pecarei,
32. ensina-me o que ignoro; se fiz o mal, nمo recomeçarei mais.
33. Julgas, entمo, que ele deve punir, jل que rejeitaste suas ordens? ةs tu quem deves escolher, nمo eu; dize, pois, o que sabes.
34. As pessoas sensatas me responderمo, como qualquer homem sلbio que me tiver ouvido:
35. Jَ nمo falou conforme a razمo, falta-lhe bom senso às palavras.
36. Pois bem! Que Jَ seja provado até o fim, jل que suas respostas sمo as de um يmpio.
37. Leva ao mلximo o seu pecado (bate as mمos no meio de nَs), multiplicando seus discursos contra Deus.

 
Capيtulo 35

1. Eliْ retomou ainda a palavra nestes termos:
2. Imaginas ter razمo em pretender justificar-te contra Deus?
3. Quando dizes: Para que me serve isto, qual é minha vantagem em nمo pecar?
4. Pois vou responder-te, a ti e a teus amigos.
5. Considera os céus e olha: vê como sمo mais altas do que tu as nuvens!
6. Se pecas, que danos lhe causas? Se multiplicas tuas faltas, que mal lhe fazes?
7. Se és justo, que vantagem lhe dلs, ou que recebe ele de tua mمo?
8. Tua maldade sَ prejudica o homem, teu semelhante; tua justiça sَ diz respeito a um humano.
9. Sob o peso da opressمo, geme-se, clama-se sob a mمo dos poderosos.
10. Mas ninguém diz: Onde estل Deus, meu criador, que inspira cantos de louvor em plena noite,
11. que nos instrui mais do que os animais selvagens e nos torna mais sلbios do que as aves do céu?
12. Clamam, mas nمo sمo ouvidos, por causa do orgulho dos maus.
13. Deus nمo ouve as palavras frيvolas, o Todo-poderoso nمo lhes presta atençمo.
14. Quando dizes que ele nمo se ocupa de ti, que tua causa estل diante dele, que esperas sua decisمo,
15. que sua cَlera nمo castiga e que ele ignora o pecado,
16. Jَ abre a boca para palavras ociosas e derrama-se em discursos impertinentes.

 
Capيtulo 36

1. Depois Eliْ prosseguiu nestes termos:
2. Espera um pouco e te instruirei, tenho ainda palavras em defesa de Deus;
3. irei buscar longe a minha ciência, e justificarei meu Criador.
4. Minhas palavras nمo sمo certamente mentirosas, estلs tratando com um homem de ciência sَlida.
5. Deus é poderoso, mas nمo é arrogante, é poderoso por sua ciência:
6. nمo deixa viver o mau, faz justiça aos aflitos,
7. nمo afasta os olhos dos justos; e os faz assentar com os reis no trono, numa glَria eterna.
8. Se vierem a cair presos, ou se forem atados com os laços da infelicidade,
9. ele lhes faz reconhecer as suas obras, e as faltas que cometeram por orgulho;
10. e abre-lhes os ouvidos para corrigi-los, e diz-lhes que renunciem à iniqüidade.
11. Se escutam e obedecem, terminam seus dias na felicidade, e seus anos na delيcia;
12. se nمo, morrem de um golpe, expiram por falta de sabedoria.
13. Os coraçُes يmpios sمo entregues à cَlera; nمo clamam a Deus quando ele os aprisiona,
14. morrem em plena mocidade, a vida deles passa como a dos efeminados.
15. Mas Deus salvarل o pobre pela sua miséria, e o instrui pelo sofrimento.
16. A ti também retirarل das fauces da angْstia, numa larga liberdade, e no repouso de uma mesa bem guarnecida.
17. E tu te comportas como um malvado, com o risco de incorrer em sentença e penalidade.
18. Toma cuidado para que a cَlera nمo te inflija um castigo, e que o tamanho do resgate nمo te perca.
19. Levarل ele em conta teu grito na afliçمo, e todos os esforços do vigor?
20. Nمo suspires pela noite, para que os povos voltem para seus lugares.
21. Guarda-te de declinar para a iniqüidade, e de preferir a injustiça ao sofrimento.
22. Vê, Deus é sublime em seu poder. Que senhor lhe é comparلvel?
23. Quem lhe fixou seu caminho? Quem pode dizer-lhe: Fizeste mal?
24. Antes pensa em glorificar sua obra, que os humanos celebram em seus cantos.
25. Todos os homens a contemplam; o mortal a considera de longe.
26. Deus é grande demais para que o possamos conhecer; o nْmero de seus anos é incalculلvel.
27. Atrai as gotinhas de لgua para transformل-las em chuva no nevoeiro,
28. as nuvens as espalham, e as destilam sobre a multidمo dos homens.
29. Quem pode compreender como se estendem as nuvens, e o estrépito de sua tenda?
30. Espalha em volta dele a sua luz, e cobre os cimos das montanhas.
31. ة por esse meio que nutre os povos, e fornece-lhes abundância de alimentos.
32. Nas suas mمos estende o raio, fixa-lhe o alvo a atingir;
33. seu estrondo o anuncia, o rebanho também anuncia aquele que se aproxima.

 
Capيtulo 37

1. Por isto se espantou o meu coraçمo, e pulou fora de seu lugar.
2. Escutai, escutai o brado de sua voz, o estrondo que lhe sai da boca!
3. Enche dele toda a extensمo dos céus, e seus relâmpagos vمo atingir os confins da terra.
4. Logo depois ruge uma voz, troveja com sua voz majestosa. Nمo retém mais seus raios quando se faz ouvir.
5. Deus troveja com uma voz maravilhosa, faz prodيgios que nos sمo incompreensيveis.
6. Diz à neve: Cai sobre a terra, às pancadas de chuva: Sede fortes.
7. Ele pُe selos sobre as mمos dos homens, a fim de que todos os mortais reconheçam seu criador.
8. A fera também entra em seu covil, e encolhe-se em sua toca.
9. O furacمo sai da câmara do sul, e do norte chega o frio.
10. Ao sopro de Deus forma-se a neve, e a superfيcie das لguas se endurece.
11. Carrega as nuvens de vapor, as nuvens lançam por toda parte seus relâmpagos
12. que vمo em todos os sentidos sob sua direçمo, para realizar tudo quanto ele ordena na face da terra.
13. Ora é o castigo que eles trazem, ora seus benefيcios.
14. Escuta isto, Jَ, pلra e considera as maravilhas de Deus.
15. Sabes como ele as opera, e faz brilhar o relâmpago de sua nuvem?
16. Sabes a lei do equilيbrio das nuvens, e o milagre daquele cuja ciência é infinita?
17. Por que sمo quentes as tuas vestes, quando repousa a terra ao sopro do meio-dia?
18. Saberلs, como ele, estender as nuvens, e tornل-las sَlidas como um espelho de metal fundido?
19. Dل-me a conhecer o que lhe diremos. Mergulhados em nossas trevas, sَ sabemos objetar.
20. Quem lhe repetirل o que digo? Acaso pedirل um homem a sua prَpria perdiçمo?
21. Agora jل nمo se vê a luz, o sol brilha através das nuvens; passe um golpe de vento, e ele as varrerل;
22. a luz vem do norte. Deus estل envolto numa majestade temيvel;
23. nمo podemos atingir o Todo-poderoso: eminente em força, em eqüidade, em justiça, nمo tem a dar contas a ninguém.
24. Que os homens, pois, o reverenciem! Ele nمo olha aqueles que se julgam sلbios.

 
Capيtulo 38

1. Entمo, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jَ esta resposta:
2. Quem é aquele que obscurece assim a Providência com discursos sem inteligência?
3. Cinge os teus rins como um homem; vou interrogar-te e tu me responderلs.
4. Onde estavas quando lancei os fundamentos da terra? Fala, se estiveres informado disso.
5. Quem lhe tomou as medidas, jل que o sabes? Quem sobre ela estendeu o cordel?
6. Sobre que repousam suas bases? Quem colocou nela a pedra de ângulo,
7. sob os alegres concertos dos astros da manhم, sob as aclamaçُes de todos os filhos de Deus?
8. Quem fechou com portas o mar, quando brotou do seio maternal,
9. quando lhe dei as nuvens por vestimenta, e o enfaixava com névoas tenebrosas;
10. quando lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos,
11. dizendo: Chegarلs até aqui, nمo irلs mais longe; aqui se deterل o orgulho de tuas ondas?
12. Algum dia na vida deste ordens à manhم? Indicaste à aurora o seu lugar,
13. para que ela alcançasse as extremidades da terra, e dela sacudisse os maus,
14. para que ela tome forma como a argila de sinete e tome cor como um vestido,
15. para que seja recusada aos maus a sua luz, e sejam quebrados seus braços jل erguidos?
16. Foste até as fontes do mar? Passaste até o fundo do abismo?
17. Apareceram-te, porventura, as portas da morte? Viste, por acaso, as portas da tenebrosa morada?
18. Abraçaste com o olhar a extensمo da terra? Fala, se sabes tudo isso!
19. Qual é o caminho da morada luminosa? Onde é a residência das trevas?
20. Poderias alcançل-la em seu domيnio, e reconhecer as veredas de sua morada?
21. Deverias sabê-lo, pois jل tinhas nascido: sمo tمo numerosos os teus dias!
22. Penetraste nos depَsitos da neve? Visitaste os armazéns dos granizos,
23. que reservo para os tempos de tormento, para os dias de luta e de batalha?
24. Por que caminho se espalha o nevoeiro, e o vento do oriente se expande pela terra?
25. Quem abre um canal para os aguaceiros, e uma rota para o relâmpago,
26. para fazer chover sobre uma terra desabitada, sobre um deserto sem seres humanos,
27. para regar regiُes vastas e desoladas, para nelas fazer germinar a erva verdejante?
28. Terل a chuva um pai? Quem gera as gotas do orvalho?
29. De que seio sai o gelo, quem engendra a geada do céu,
30. quando endurecem as لguas como a pedra, e se torna sَlida a superfيcie do abismo?
31. ةs tu que atas os laços das Plêiades, ou que desatas as correntes do سrion?
32. ةs tu que fazes sair a seu tempo as constelaçُes, e conduzes a grande Ursa com seus filhinhos?
33. Conheces as leis do céu, regulas sua influência sobre a terra?
34. Levantarلs a tua voz até as nuvens, e o dilْvio te obedecerل?
35. Tua ordem farل os relâmpagos surgirem, e dir-te-مo eles: Eis-nos aqui?
36. Quem pôs a sabedoria nas nuvens, e a inteligência no meteoro?
37. Quem pode enumerar as nuvens, e inclinar as urnas do céu,
38. para que a poeira se mova em massa compacta, e os seus torrُes se aglomerem?
39. ةs tu que caças a presa para a leoa, e que satisfazes a fome dos leُezinhos
40. quando estمo deitados em seus covis, ou quando se emboscam nas covas?
41. Quem prepara ao corvo o seu sustento, quando seus filhinhos gritam para Deus, quando andam de um lado para outro sem comida?

 
Capيtulo 39

1. Conheces o tempo em que as cabras monteses dمo à luz nos rochedos? Observaste o parto das corças?
2. Contaste os meses de sua gravidez, e sabes o tempo de seu parto?
3. Elas se abaixam e dمo cria, e se livram de suas dores.
4. Seus filhos tornam-se fortes e crescem nos campos, apartam-se delas e nمo voltam mais.
5. Quem pôs o asno em liberdade, quem rompeu os laços do burro selvagem?
6. Dei-lhe o deserto por morada, a planيcie salgada como lugar de habitaçمo;
7. ele ri-se do tumulto da cidade, nمo escuta os gritos do cocheiro,
8. explora as montanhas, sua pastagem, e nela anda buscando tudo o que estل verde.
9. Quererل servir-te o boi selvagem, ou quererل passar a noite em teu estلbulo?
10. Porلs uma corda em seu pescoço, ou fenderل ele atrلs de ti os teus sulcos?
11. Fiarلs nele porque sua força é grande, e lhe deixarلs o cuidado de teu trabalho?
12. Contarلs com ele para que te traga para a casa o que semeaste, e que te encha a tua eira?
13. A asa da avestruz bate alegremente, nمo tem asas nem penas bondosas...
14. Ela abandona os seus ovos na terra, e os deixa aquecer no solo,
15. nمo pensando que um pé poderل pisل-los e que animais selvagens poderمo quebrل-los.
16. ة cruel com seus filhinhos, como se nمo fossem seus; nمo se incomoda de ter sofrido em vمo,
17. pois Deus lhe negou a sabedoria e nمo lhe abriu a inteligência.
18. Mas quando alça o vôo, ri-se do cavalo e de seu cavaleiro.
19. ةs tu que dلs o vigor ao cavalo, e foste tu que enfeitaste seu pescoço com uma crina ondulante?
20. Que o fazes saltar como um gafanhoto, relinchando terrivelmente?
21. Orgulhoso de sua força, escava a terra com a pata, atira-se à frente das armas.
22. Ri-se do medo, nada o assusta, nمo recua diante da espada.
23. Sobre ele ressoa a aljava, o ferro brilhante da lança e o dardo;
24. tremendo de impaciência, devora o espaço, o som da trombeta nمo o deixa no lugar.
25. Ao sinal do clarim, diz: Vamos! De longe fareja a batalha, a voz troante dos chefes e o alarido dos guerreiros.
26. ة graças à tua sabedoria que o falcمo alça o vôo, e desdobra as suas asas em direçمo ao meio-dia?
27. ة por tua ordem que a لguia levanta o vôo, e faz seu ninho nas alturas?
28. Ela habita o rochedo, e nele passa a noite, sobre a ponta rochosa e o cimo escarpado.
29. De lل espia sua presa, seus olhos penetram as distâncias.
30. Seus filhinhos se alimentam de sangue; onde quer que haja cadلveres, ali estل ela.
31. O Senhor, dirigindo-se a Jَ, lhe disse:
32. Aquele que disputa com o Todo-poderoso apresente suas crيticas! Aquele que discute com Deus responda!
33. Jَ respondeu ao Senhor nestes termos:
34. Leviano como sou, que posso responder-te? Ponho minha mمo na boca;
35. falei uma vez, nمo repetirei, duas vezes... nada acrescentarei.

 
Capيtulo 40

1. Entمo, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jَ esta resposta:
2. Cinge os teus rins como um homem; vou interrogar-te, tu me responderلs.
3. Queres reduzir a nada a minha justiça, e condenar-me antes de ter razمo?
4. Tens um braço semelhante ao de Deus, e uma voz troante como a dele?
5. Orna-te entمo de grandeza e majestade, reveste-te de esplendor e glَria!
6. Espalha as ondas de tua cَlera. Com um olhar, abaixa todo o orgulho;
7. com um olhar, humilha o soberbo, esmaga os maus no mesmo lugar em que eles estمo.
8. Mete-os todos juntos debaixo da terra, amarra-lhes os rostos num lugar escondido.
9. Entمo eu também te louvarei por triunfares pela força de tua mمo.
10. Vê Beemot, que criei contigo, nutre-se de erva como o boi.
11. Sua força reside nos rins, e seu vigor nos mْsculos do ventre.
12. Levanta sua cauda como (um ramo) de cedro, os nervos de suas coxas sمo entrelaçados.
13. Seus ossos sمo tubos de bronze, sua estrutura é feita de barras de ferro.
14. ة obra-prima de Deus, foi criado como o soberano de seus companheiros.
15. As montanhas fornecem-lhe a pastagem, os animais dos campos divertem-se em volta dele.
16. Deita-se sob os lَtus, no segredo dos caniços e dos brejos;
17. os lَtus cobrem-no com sua sombra, os salgueiros da margem o cercam.
18. Quando o rio transborda, ele nمo se assusta; mesmo que o Jordمo levantasse até a sua boca, ele ficaria tranqüilo.
19. Quem o seguraria pela frente, e lhe furaria as ventas para nelas passar cordas?
20. Poderلs tu fisgar Leviatم com um anzol, e amarrar-lhe a lيngua com uma corda?
21. Serلs capaz de passar um junco em suas ventas, ou de furar-lhe a mandيbula com um gancho?
22. Ele te farل muitos rogos, e te dirigirل palavras ternas?
23. Concluirل ele um pacto contigo, a fim de que faças dele sempre teu escravo?
24. Brincarلs com ele como com um pلssaro, ou atل-lo-لs para divertir teus filhos?
25. Serل ele vendido por uma sociedade de pescadores, e dividido entre os negociantes?
26. Crivar-lhe-لs a pele de dardos, fincar-lhe-لs um arpمo na cabeça?
27. Tenta pôr a mمo nele, sempre te lembrarلs disso, e nمo recomeçarلs.
28. Tua esperança serل lograda, bastaria seu aspecto para te arrasar.

 
Capيtulo 41

1. Ninguém é bastante ousado para provocل-lo; quem lhe resistiria face a face?
2. Quem pôde afrontل-lo e sair com vida, debaixo de toda a extensمo do céu?
3. Nمo quero calar (a glَria) de seus membros, direi seu vigor incomparلvel.
4. Quem levantou a dianteira de sua couraça? Quem penetrou na dupla linha de sua dentadura?
5. Quem lhe abriu os dois batentes da goela, em que seus dentes fazem reinar o terror?
6. Sua costa é um aglomerado de escudos, cujas juntas sمo estreitamente ligadas;
7. uma toca a outra, o ar nمo passa por entre elas;
8. uma adere tمo bem à outra, que sمo encaixadas sem se poderem desunir.
9. Seu espirro faz jorrar a luz, seus olhos sمo como as pلlpebras da aurora.
10. De sua goela saem chamas, escapam centelhas ardentes.
11. De suas ventas sai uma fumaça, como de uma marmita que ferve entre chamas.
12. Seu hلlito queima como brasa, a chama jorra de sua goela.
13. Em seu pescoço reside a força, diante dele salta o espanto.
14. As barbelas de sua carne sمo aderentes, esticadas sobre ele, inabalلveis.
15. Duro como a pedra é seu coraçمo, sَlido como a mَ fixa de um moinho.
16. Quando se levanta, tremem as ondas, as vagas do mar se afastam.
17. Se uma espada o toca, ela nمo resiste, nem a lança, nem a azagaia, nem o dardo.
18. O ferro para ele é palha; o bronze, pau podre.
19. A flecha nمo o faz fugir, as pedras da funda sمo palhinhas para ele.
20. O martelo lhe parece um fiapo de palha; ri-se do assobio da azagaia.
21. Seu ventre é coberto de cacos de vidro pontudos, é uma grade de ferro que se estende sobre a lama.
22. Faz ferver o abismo como uma panela, faz do mar um queimador de perfumes.
23. Deixa atrلs de si um sulco brilhante, como se o abismo tivesse cabelos brancos.
24. Nمo hل nada igual a ele na terra, pois foi feito para nمo ter medo de nada;
25. afronta tudo o que é elevado, é o rei dos mais orgulhosos animais.

 
Capيtulo 42

1. Jَ respondeu ao Senhor nestes termos:
2. Sei que podes tudo, que nada te é muito difيcil.
3. Quem é que obscurece assim a Providência com discursos ininteligيveis? ة por isso que falei, sem compreendê-las, maravilhas que me superam e que nمo conheço.
4. Escuta-me, deixa-me falar: vou interrogar-te, tu me responderلs.
5. Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram.
6. ة por isso que me retrato, e arrependo-me no pَ e na cinza.
7. Depois que o Senhor acabou de dirigir essas palavras a Jَ, disse a Elifaz de Temم: Estou irritado contra ti e contra teus amigos, porque nمo falastes corretamente de mim, como Jَ, meu servo.
8. Procurai, pois, sete touros e sete carneiros, e vinde ter com meu servo Jَ. Oferecei por vَs este holocausto, e meu servo Jَ intercederل por vَs. ة em consideraçمo a ele que nمo vos infligirei ignomيnias por nمo terdes falado bem de mim, como Jَ, meu servo.
9. Elifaz de Temم, Baldad de Sué e Sofar de Naamم foram-se entمo para fazer como o Senhor lhes tinha ordenado, e o Senhor tomou em consideraçمo as oraçُes de Jَ.
10. Enquanto Jَ rezava por seus amigos, o Senhor o restabeleceu de novo em seu primeiro estado e lhe tornou em dobro tudo quanto tinha possuيdo.
11. Todos os seus irmمos, todas as suas irmمs, todos os seus amigos de antigamente vieram visitل-lo e sentaram-se com ele à mesa em sua casa. Tiveram muito dَ dele e deram-lhe condolências a respeito de todas as infelicidades que o Senhor lhe enviara; e cada um deles ofereceu-lhe uma peça de prata e um anel de ouro.
12. O Senhor abençoou os ْltimos tempos de Jَ mais do que os primeiros, e teve Jَ quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas.
13. Teve também sete filhos e três filhas:
14. chamou a primeira Jêmina, a segunda Quetsia e a terceira Queren-Hapuc.
15. Em toda a terra nمo poderiam ser encontradas mulheres mais belas do que as filhas de Jَ. E seu pai lhes destinou uma parte da herança entre seus irmمos.
16. Depois disso, Jَ viveu ainda cento e quarenta anos, e conheceu até a quarta geraçمo dos filhos de seus filhos.
17. Depois, velho e cheio de dias, morreu.